São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Pequenos chegam às decisões estaduais com aproveitamentos e ataques superiores aos dos times mais tradicionais

Siderúrgicos têm campanhas de grandes

DA REPORTAGEM LOCAL

E DO ENVIADO A VOLTA REDONDA

Nada de entrar numa final contra um grande como zebra absoluta e na retranca. Isso é o que mostra o retrospecto dos "times do aço" nos Estaduais de 2005.
No Rio, o Volta Redonda teve a melhor campanha somando os dois turnos. No Rio Grande do Sul, o 15 de Novembro supera com folga o desempenho do Internacional, seu rival na decisão. Em Minas, o Ipatinga somou só um ponto a menos do que o Cruzeiro, mas conta com um ataque mais goleador. O Serra tem, entre os estaduais que já tiveram mais de cinco rodadas, o melhor aproveitamento -ganhou 92% dos pontos que disputou e não perdeu nas oito partidas realizadas.
Essas equipes tiveram também papel essencial para derrubar uma tendência histórica: a de que o futebol paulista abriga os pequenos mais poderosos do país.
O Paulista-05 já tem o São Paulo como campeão -Corinthians e Santos brigam pelo vice. O aproveitamento de pontos dos quatro grandes de SP estava, antes do início da rodada do final de semana, em 65%, em média. Esse é o melhor desempenho dos grandes nos quatro mais prestigiados campeonatos estaduais do país.
Os quatro grandes cariocas ganharam 54% dos pontos que disputaram. No Sul, a dupla Gre-Nal teve aproveitamento de 55%. Em Minas, a dupla Atlético-MG e Cruzeiro faturou 64% dos pontos.
No ano passado, quando o São Caetano foi campeão e o Paulista de Jundiaí, vice, paulistas viveram situação inversa -tiveram o pior aproveitamento de times grandes nos quatro principais estaduais.

Matriz x filial
Entre os times do aço, quem tem o plantel com nomes mais conhecidos é o Ipatinga. O clube conta com vários jogadores que já atuaram no Cruzeiro, como o goleiro Rodrigo Posso, o meia Mancuso e o atacante Kanu.
A comissão técnica também é formada por profissionais que já passaram pela Toca da Raposa.
O presidente do clube, Itair Machado, não teme que essa situação possa atrapalhar na decisão, que começa hoje no Ipatingão. "Nós é que vamos lucrar com isso. Nossos jogadores vão querer mostrar o melhor para voltarem ao Cruzeiro", vislumbra o cartola.
Em troca dos emprestados, o Cruzeiro recebe o direito de ficar com as revelações do Ipatinga -o meia-atacante Kerlon, que brilha no atual Sul-Americano sub-17, saiu do Vale do Aço.
Caso lapide um jogador que seja repassado para a "matriz" e depois vendido para uma outra agremiação, o Ipatinga receberá 50% do valor da transação. "Nosso modelo desde nossa criação é o Cruzeiro", afirma Machado, ao falar da relação carnal que mantém com seu adversário na decisão do Mineiro.
No Rio Grande do Sul, não é de hoje que o 15 de Novembro de Campo Bom deixa o Grêmio para trás. Em 2002 e 2003 o time já havia ido à final, quando não teve sucesso, contra o Internacional.
Só que desta vez, com um grupo recheado de veteranos, como o goleiro Márcio, ex-Juventude, e o meia Luizinho Vieira, ex-Santa Cruz, o 15 de Novembro somou sete pontos a mais do que o poderoso Inter nas duas fases anteriores da competição. Por isso, fará o segundo jogo da decisão em casa e ainda com a vantagem dos empates. Como faz há um bom tempo, o time de Campo Bom encerra suas atividades após o Estadual.
"O retorno financeiro da Série C [do Brasileiro] é pequeno", justifica o presidente do clube do interior gaúcho, Marco Aurélio Feltes.
O Serra, que busca o tricampeonato capixaba, tem um elenco formado por muitos pratas da casa e poucos veteranos. Os salários, "relativamente em dia" segundo seu presidente, Jorge Euclides, variam de R$ 600 a R$ 3.000.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)

Texto Anterior: Aço constrói as zebras que balançam finais estaduais
Próximo Texto: Saiba mais: Privatização e alta nos preços impulsam setor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.