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AÇÃO
De novo
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Píer de Santa Mônica,
EUA: imagens colhidas em
8 mm em meados dos anos 70
registram a destruição causada
pela passagem de um furacão.
Há o parque de diversões ali instalado, transformado em um
único e gigante castelo mal-assombrado, e altas ondas rolando ao lado da plataforma.
Assim começa o premiado documentário "Dogtown and Z-Boys" (melhor direção e escolha
da audiência em documentário
no Sundance Film Festival), que
apresenta a história do skate
moderno a partir do Zephyr
Team, uma equipe que incluía
nomes como Stacy Peralta, diretor do filme, Tony Alva, ainda
na ativa, e Jay Adams, hoje vivendo no Havaí, entre outros.
Surfistas da região de Santa
Monica e Venice, eles conviviam
com a impossibilidade de praticar o esporte depois de certa altura da manhã, quando o vento
comprometia a formação das
ondas. Aderiram ao skate e foram os responsáveis por combinar a suavidade dos movimentos do surfe de então com a
agressividade do skate, influência que segue até os dias de hoje.
Uma première do filme fez
parte da programação da primeira edição do Congresso Brasileiro de Skate, que foi realizado há três semanas e reuniu
atletas, preparadores físicos, técnicos, editores e empresários.
Entre eles estavam palestrantes como o campeão do circuito
mundial de 2000, Bob Burnquist, o anarquista, Tony Alva, e
o filho do fundador da Vans, patrocinadora do documentário,
Steve Van Doren.
Numa antiga unidade têxtil
em São Paulo, hoje transformada em universidade, o foco da
agenda foi a profissionalização
do esporte ("sem perder a atitude"). O belo cenário acadêmico
era apenas mais uma evidência
da positiva iniciativa da recém-formada Confederação Brasileira de Skate.
Mas pouco, ou nada, de novo
se ouviu. Enquanto os palestrantes discorriam sobre profissionalização, em rodas de papos
informais atletas afirmavam
que se recusariam a participar
de uma competição caso tivessem que vestir a camiseta do patrocinador, na qual se percebe a
tal "atitude".
É certo que os atletas têm seus
motivos para essas, digamos, insubordinações.
São mal remunerados, os prêmios são ruins, arriscam o pescoço geralmente sem um seguro
decente, em pistas ruins, em
eventos mal organizados, e por
aí vai.
E a revolta deve aumentar
quando se percebe o momento
favorável que o esporte atravessa, talvez o melhor já vivido no
país. Os campeões mundiais são
brasileiros (vivem no exterior),
frequentam o talk-show do Jô
Soares; pistas de qualidade são
abertas aqui e ali, a maior delas
será montada no mês que vem
no parque do Ipiranga para um
grande campeonato da Red
Bull; a TV Globo bate recorde de
audiência no horário com skate
ao vivo; o garoto da novela das
sete ganha um skate como incentivo à recuperação da perna
quebrada, e, na publicidade, até
panela está sendo vendida como
apelo do skate.
A principal "atitude" que pôde ser constatada no Congresso,
foi mesmo a sua realização.
Que ele sirva de marco para
uma constante participação da
comunidade na discussão do esporte, sob pena de, no futuro, de
tudo isso, somente o grande documentário norte-americano
ser lembrado.
WCT
Começou terça o período de espera do Billabong Pro no Taiti.
Três representantes da elite, contundidos, não participam, entre eles Neco Padaratz (será substituído por Victor Ribas).
Super trials
Ainda estão sem confirmação por falta de patrocínio as etapas
paulistas e cariocas do circuito classificatório para o Super Surf.
Até o momento três provas foram realizadas e outras cinco estão previstas. A segunda etapa do Super Surf foi confirmada em
Icaraí, no Ceará, no final do mês.
Ultramaratona
Faltam 21 vagas para preencher as 99 daquela que é considerada
uma das mais penosas corridas do mundo, a Badwater
(www.badwaterultra.com), entre os dias 25 e 27 de julho, que terá 200 km -do ponto mais baixo ao mais alto da Califórnia.
E-mail: sarli@revistatrip.com.br
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