São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2001

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AÇÃO

De novo

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Píer de Santa Mônica, EUA: imagens colhidas em 8 mm em meados dos anos 70 registram a destruição causada pela passagem de um furacão. Há o parque de diversões ali instalado, transformado em um único e gigante castelo mal-assombrado, e altas ondas rolando ao lado da plataforma.
Assim começa o premiado documentário "Dogtown and Z-Boys" (melhor direção e escolha da audiência em documentário no Sundance Film Festival), que apresenta a história do skate moderno a partir do Zephyr Team, uma equipe que incluía nomes como Stacy Peralta, diretor do filme, Tony Alva, ainda na ativa, e Jay Adams, hoje vivendo no Havaí, entre outros.
Surfistas da região de Santa Monica e Venice, eles conviviam com a impossibilidade de praticar o esporte depois de certa altura da manhã, quando o vento comprometia a formação das ondas. Aderiram ao skate e foram os responsáveis por combinar a suavidade dos movimentos do surfe de então com a agressividade do skate, influência que segue até os dias de hoje.
Uma première do filme fez parte da programação da primeira edição do Congresso Brasileiro de Skate, que foi realizado há três semanas e reuniu atletas, preparadores físicos, técnicos, editores e empresários.
Entre eles estavam palestrantes como o campeão do circuito mundial de 2000, Bob Burnquist, o anarquista, Tony Alva, e o filho do fundador da Vans, patrocinadora do documentário, Steve Van Doren.
Numa antiga unidade têxtil em São Paulo, hoje transformada em universidade, o foco da agenda foi a profissionalização do esporte ("sem perder a atitude"). O belo cenário acadêmico era apenas mais uma evidência da positiva iniciativa da recém-formada Confederação Brasileira de Skate.
Mas pouco, ou nada, de novo se ouviu. Enquanto os palestrantes discorriam sobre profissionalização, em rodas de papos informais atletas afirmavam que se recusariam a participar de uma competição caso tivessem que vestir a camiseta do patrocinador, na qual se percebe a tal "atitude".
É certo que os atletas têm seus motivos para essas, digamos, insubordinações.
São mal remunerados, os prêmios são ruins, arriscam o pescoço geralmente sem um seguro decente, em pistas ruins, em eventos mal organizados, e por aí vai.
E a revolta deve aumentar quando se percebe o momento favorável que o esporte atravessa, talvez o melhor já vivido no país. Os campeões mundiais são brasileiros (vivem no exterior), frequentam o talk-show do Jô Soares; pistas de qualidade são abertas aqui e ali, a maior delas será montada no mês que vem no parque do Ipiranga para um grande campeonato da Red Bull; a TV Globo bate recorde de audiência no horário com skate ao vivo; o garoto da novela das sete ganha um skate como incentivo à recuperação da perna quebrada, e, na publicidade, até panela está sendo vendida como apelo do skate.
A principal "atitude" que pôde ser constatada no Congresso, foi mesmo a sua realização.
Que ele sirva de marco para uma constante participação da comunidade na discussão do esporte, sob pena de, no futuro, de tudo isso, somente o grande documentário norte-americano ser lembrado.

WCT
Começou terça o período de espera do Billabong Pro no Taiti. Três representantes da elite, contundidos, não participam, entre eles Neco Padaratz (será substituído por Victor Ribas).

Super trials
Ainda estão sem confirmação por falta de patrocínio as etapas paulistas e cariocas do circuito classificatório para o Super Surf. Até o momento três provas foram realizadas e outras cinco estão previstas. A segunda etapa do Super Surf foi confirmada em Icaraí, no Ceará, no final do mês.

Ultramaratona
Faltam 21 vagas para preencher as 99 daquela que é considerada uma das mais penosas corridas do mundo, a Badwater (www.badwaterultra.com), entre os dias 25 e 27 de julho, que terá 200 km -do ponto mais baixo ao mais alto da Califórnia.

E-mail: sarli@revistatrip.com.br



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