PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Kuerten conseguiu ontem a vitória mais acachapante dos 107 jogos que fez na carreira por Masters Series, o grupo de torneios mais importantes do tênis depois dos Grand Slams.
O brasileiro massacrou o norte-americano Michael Chang, ex-campeão em Roland Garros e ex-número 2 do mundo, por 2 sets a 0 (6/1 e 6/1), na segunda rodada do Torneio de Roma -hoje, por volta das 11h30, tenta uma vaga nas quartas-de-final contra o argentino Franco Squillari.
Em todas as partidas anteriores que havia feito por Masters Series, Kuerten nunca havia perdido menos de três games para um rival.
Massacres como o de ontem, só contra oponentes que nunca imaginaram pisar em uma das quadras mais famosas do tênis.
No ano passado, por exemplo, na Olimpíada de Sydney, Kuerten venceu Christophe Pognon, de Benin, que nem no ranking da ATP aparecia, pelo mesmo placar da partida de ontem.
Mesmo contra um adversário com bons resultados no saibro, o piso usado em Roma, o brasileiro conseguiu vencer impressionantes 11 games seguidos -foram três quebras em cada set.
Em pouco mais de uma hora, o brasileiro, de tão superior, não deu oportunidade nenhuma para Chang, conhecido no circuito por um estilo de disputar todos os pontos e longas trocas de bola.
Como o placar, as estatísticas do jogo mostram bem a superioridade do sul-americano.
Foram cinco aces de Kuerten contra nenhum de Chang, que não aproveitou nenhuma das sete oportunidades que teve para quebrar o saque do rival.
Mas é na diferença do número de bolas vencedoras que fica mais claro o que foi o jogo de ontem. O brasileiro deu 32 golpes que não tiveram resposta alguma do norte-americano, que conseguiu apenas dois pontos dessa forma.
"Deu tudo certo para mim. Consegui impor o meu ritmo e não tinha mais nada para acrescentar no meu jogo", disse o brasileiro, que agora, em cinco confrontos contra Chang, tem três vitórias e duas derrotas.
Depois do passeio de ontem, Kuerten conhece a partir de hoje um nível de dificuldade que ainda não encontrou na temporada.
Para chegar à semifinal em Roma, o brasileiro terá que superar dois cabeças-de-chave.
Nos torneios anteriores que disputou em 2001, Kuerten teve seu trabalho facilitado pela incompetência de seus principais rivais, eliminados logo no início.
Em Montecarlo, no mês passado, quando conquistou o Masters Series local, o brasileiro se sagrou campeão sem ter enfrentado nenhum pré-classificado.
Caso passe por Squillari, 15º cabeça-de-chave e 21º do ranking de entradas, Kuerten pode ter a chance de se vingar do jogador responsável pela sua maior decepção na temporada.
Também na rodada de hoje, o australiano Lleyton Hewitt, que ganhou três jogos para seu país no confronto contra o Brasil pelas quartas-de-final da Copa Davis, enfrenta o espanhol Alex Corretja. O vencedor desse jogo será o adversário de quem triunfar entre Kuerten e Squillari.
Com seu desempenho em Roma, o brasileiro já diminuiu sua diferença para Andre Agassi na Corrida dos Campeões, o ranking que considera apenas os resultados da temporada.
Depois de ter quase 300 pontos de desvantagem, o brasileiro tem agora um déficit de 193 pontos em relação ao norte-americano. Campeão em Roma, encurtará a distância para 108 pontos.