São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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Serginho, o rei do "choque rei"

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Nos tempos românticos da crônica esportiva, dava-se o nome de "choque rei'" ao clássico São Paulo x Palmeiras. O de ontem, no estádio do Morumbi, teve muitos choques e um único rei: Serginho.
Os choques foram tantos que houve quatro expulsões, duas de cada lado, números aliás idênticos ao do confronto anterior entre os dois times.
Já Serginho fez três gols e deu passes perfeitos para os outros dois de seu time (de Marcelinho e Edu). Se saísse de campo de cetro e coroa não estaria havendo nenhum exagero.
A ironia do destino é que se repete no São Paulo o mesmo enredo do ano passado, quando Denílson, então o astro do time, bateu asas para a Espanha. Desta vez, o astro é Serginho, de malas prontas para ir jogar no Milan.

Claro que o histórico placar de 5 a 1 do clássico de ontem deve ser matizado: o Palmeiras jogou com menos da metade de seus titulares.
Se bem que, cá entre nós, alguns reservas do Palmeiras seriam titulares em qualquer outra equipe do país.

Além do São Paulo, mais líder e mais invicto do que nunca, quem gostou da rodada do fim-de-semana foi a Lusa, que ganhou da Matonense e fez o Palmeiras comer poeira na briga pela classificação no Grupo 3.
O Corinthians também tem motivos para comemorar. Venceu seu segundo jogo seguido (depois de uma série de cinco derrotas), aproximou-se da classificação para as semifinais do Paulistão e, de quebra, viu o arqui-rival do Parque Antártica ser massacrado.
Mas esse último fato -a goleada tricolor sobre o Palmeiras- poderá ter um efeito funesto para o alvinegro.
Ferido em seu orgulho, o time de Luiz Felipe Scolari, com sua formação titular, vai entrar em campo fuzilando contra o Corinthians, pela Libertadores, na quarta-feira. Tudo indica que será um jogo inesquecível.

A revista "Placar", talvez percebendo o momento de queda da auto-estima corintiana, resolveu dar (ou melhor, vender por R$ 3,90) um consolo aos fiéis torcedores: uma edição especial com fotos de esquadrões alvinegros vencedores, desde a década de 10 até este final de século.
De passado também se vive.

Sobrou espaço para dar as boas-vindas ao novo colunista de futebol da Folha, o supercraque (na bola e no texto) Tostão. Ter um companheiro como esse é uma honra para qualquer jornalista.
Tenho uma honra suplementar: a de haver entrevistado Tostão em sua casa, em Belo Horizonte, há pouco mais de cinco anos, para o caderno Mais!. Foi uma das conversas mais agradáveis e iluminadoras que a profissão me proporcionou, graças à inteligência e à gentileza do entrevistado.
Na época, o ex-jogador dedicava-se integralmente à medicina e ainda não pensava em tornar-se comentarista.
Mas já dava para perceber a saudade que ele sentia do mundo da bola, que, por sua vez, nunca deixou de sentir saudade de Tostão.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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