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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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AÇÃO

Cidade Surf

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Itaúna , Saquarema, Rio. Itamambuca, Ubatuba, São Paulo. Nas décadas de 70 e 80, a rivalidade entre cariocas e paulistas era ainda mais evidente durante as competições nessas praias.
Os principais campeonatos nacionais, verdadeiros festivais, aconteciam no "Maracanã" do surfe ou na semivirgem praia do litoral norte paulista, que oferecia ainda uma enorme variedade de praias pouco exploradas e para todas as condições de ondulação e vento a curta distância. Um paraíso, numa época em que ainda era possível escapar do crowd.
Para quem acompanhou essa fase embrionária do surfe profissional brasileiro e esteve em Itamambuca no último fim de semana, durante a terceira etapa do Super Surf, a lembrança e a comparação foram naturais.
Não pela rivalidade, já que hoje paulistas e cariocas estão mais habituados a fazer barcas juntos do que alimentar tretas, além de dividirem com nordestinos de todos os Estados, paranaenses, catarinenses e gaúchos as melhores posições no ranking. Mas, sim, pelo megapúblico que compareceu ao evento, pelos shows realizados na praia, por festas que pipocaram pela cidade e muito especialmente pelas barcas que partiam constantemente para o norte, em direção ao Félix, Cepílio, ou para o sul, com destino às Vermelhas, Grande, aproximando os melhores do país aos surfistas habituais.
Cerca de 15 mil pessoas inundaram Itamambuca no domingo.
Um sucesso previsível e que motivou a associação dos moradores local a interferir na prefeitura e na organização para garantir a preservação da praia. Os palanques e os estandes dos patrocinadores foram montados sobre pilotis para não comprometer os jundus -vegetação rasteira que retém a areia-, e a Abril Eventos cedeu mudas e latões de lixo e garantiu a limpeza. Funcionou.
Na água, o nível técnico das meninas tem evoluído substancialmente, tanto que a vice-campeã mundial Jacqueline Silva foi eliminada na primeira bateria. A tricampeã brasileira Andréa Lopes e a finalista das três edições anteriores, Silvana Lima, perderam nas semifinais. Na decisão, Tita Tavares frustrou a torcida local derrotando Suelen Naraisa, 18, residente em Itamambuca e que, dos 10 aos 14 anos, travou uma enorme batalha contra um câncer de rim e hoje é uma linda morena 100% restabelecida e vice-líder do ranking. O resultado pôs Tita na liderança do ranking e deu um gás para a humilde cearense que, depois de perder a vaga no Mundial, ficou também sem patrocínio por um bom tempo.
No masculino, Peterson Rosa foi surpreendido por Flávio Costa na semifinal, mas segue líder, enquanto Léo Neves venceu Trekinho para chegar à decisão. As ondas baixaram e as séries demoraram no domingo. Léo foi melhor, tornou-se o primeiro a vencer três etapas do Super Surf, assumiu a vice-liderança e levou mais uma Saveiro Volkswagen. Só 20 pontos separam os líderes nas duas categorias, o circuito segue disputado e aumenta a expectativa para a próxima etapa, em Itacaré (BA).
E Ubatuba, de novo, provou que merece o título "Cidade Surf".

Mundial de longboard
Paulo Kid só perdeu para o campeão de 99, Joel Tudor, na segunda etapa, disputada em Portugal, e é o vice-líder do ranking, atrás de Bonga Perkins. Neste mês o circuito volta ao Brasil.

Mundial de skate
Sandro Dias venceu no vertical, e cinco brasileiros estavam entre os finalistas na street, vencida por Austin Seaholm (EUA), na etapa de Praga. Kosake e Porva receberam convites para o Gravity Games.

Lenda mais viva
Ed Viestrus está prestes a se tornar o segundo homem a vencer as 14 maiores montanhas do mundo sem oxigênio: só falta o Annapurna, no Nepal. Reinhold Messner, em 1986, realizou a façanha.


E-mail sarli@revistatrip.com.br


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