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AÇÃO
Cidade Surf
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Itaúna , Saquarema, Rio. Itamambuca, Ubatuba, São Paulo. Nas décadas de 70 e 80, a rivalidade entre cariocas e paulistas
era ainda mais evidente durante
as competições nessas praias.
Os principais campeonatos nacionais, verdadeiros festivais,
aconteciam no "Maracanã" do
surfe ou na semivirgem praia do
litoral norte paulista, que oferecia
ainda uma enorme variedade de
praias pouco exploradas e para
todas as condições de ondulação e
vento a curta distância. Um paraíso, numa época em que ainda
era possível escapar do crowd.
Para quem acompanhou essa
fase embrionária do surfe profissional brasileiro e esteve em Itamambuca no último fim de semana, durante a terceira etapa do
Super Surf, a lembrança e a comparação foram naturais.
Não pela rivalidade, já que hoje
paulistas e cariocas estão mais
habituados a fazer barcas juntos
do que alimentar tretas, além de
dividirem com nordestinos de todos os Estados, paranaenses, catarinenses e gaúchos as melhores
posições no ranking. Mas, sim, pelo megapúblico que compareceu
ao evento, pelos shows realizados
na praia, por festas que pipocaram pela cidade e muito especialmente pelas barcas que partiam
constantemente para o norte, em
direção ao Félix, Cepílio, ou para
o sul, com destino às Vermelhas,
Grande, aproximando os melhores do país aos surfistas habituais.
Cerca de 15 mil pessoas inundaram Itamambuca no domingo.
Um sucesso previsível e que motivou a associação dos moradores
local a interferir na prefeitura e
na organização para garantir a
preservação da praia. Os palanques e os estandes dos patrocinadores foram montados sobre pilotis para não comprometer os jundus -vegetação rasteira que retém a areia-, e a Abril Eventos
cedeu mudas e latões de lixo e garantiu a limpeza. Funcionou.
Na água, o nível técnico das meninas tem evoluído substancialmente, tanto que a vice-campeã
mundial Jacqueline Silva foi eliminada na primeira bateria. A
tricampeã brasileira Andréa Lopes e a finalista das três edições
anteriores, Silvana Lima, perderam nas semifinais. Na decisão,
Tita Tavares frustrou a torcida
local derrotando Suelen Naraisa,
18, residente em Itamambuca e
que, dos 10 aos 14 anos, travou
uma enorme batalha contra um
câncer de rim e hoje é uma linda
morena 100% restabelecida e vice-líder do ranking. O resultado
pôs Tita na liderança do ranking
e deu um gás para a humilde cearense que, depois de perder a vaga
no Mundial, ficou também sem
patrocínio por um bom tempo.
No masculino, Peterson Rosa
foi surpreendido por Flávio Costa
na semifinal, mas segue líder, enquanto Léo Neves venceu Trekinho para chegar à decisão. As ondas baixaram e as séries demoraram no domingo. Léo foi melhor,
tornou-se o primeiro a vencer três
etapas do Super Surf, assumiu a
vice-liderança e levou mais uma
Saveiro Volkswagen. Só 20 pontos
separam os líderes nas duas categorias, o circuito segue disputado
e aumenta a expectativa para a
próxima etapa, em Itacaré (BA).
E Ubatuba, de novo, provou que
merece o título "Cidade Surf".
Mundial de longboard
Paulo Kid só perdeu para o campeão de 99, Joel Tudor, na segunda
etapa, disputada em Portugal, e é o vice-líder do ranking, atrás de
Bonga Perkins. Neste mês o circuito volta ao Brasil.
Mundial de skate
Sandro Dias venceu no vertical, e cinco brasileiros estavam entre os
finalistas na street, vencida por Austin Seaholm (EUA), na etapa de
Praga. Kosake e Porva receberam convites para o Gravity Games.
Lenda mais viva
Ed Viestrus está prestes a se tornar o segundo homem a vencer as 14
maiores montanhas do mundo sem oxigênio: só falta o Annapurna,
no Nepal. Reinhold Messner, em 1986, realizou a façanha.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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