São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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STOP & GO
Decisão

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Em 1995, Barrichello teve a chance de assinar com a Ferrari.
Não assinou e se estrepou.
Agora, quatro anos mais tarde, a oferta se repete, apesar de as circunstâncias serem substancialmente diferentes.
Antes, Barrichello não tinha perspectiva alguma e acabou sendo faturado como sobra de mercado pela Stewart. Hoje, Barrichello tem um cheque de, chuta-se, US$ 7 milhões assinado pela Ford, a promessa de um carro vencedor em 2000 e em condições de lutar pelo título no ano seguinte.
Na outra mão, um retorno financeiro algo menor, mas a absoluta certeza de um carro vencedor -e não apenas um simples carro, mas uma Ferrari.
Como nada vem de graça neste mundo, a chance única de pilotar o carro vermelho traz como premissa a missão de auxiliar Schumacher e, se for o caso, abdicar de uma posição de corrida e até mesmo de uma vitória em favor do alemão.
Ou seja, uma escolha difícil, muito mais complexa que a de 1995, quando, para piorar ainda mais o quadro de então, era um garoto precipitado e imaturo.
Barrichello, aliás, fez força para se mostrar outro nesta semana, tentando arrefecer os boatos, evitando falar demais.
Sim, é outro, principalmente na pista, mas ainda longe do ideal. Caso contrário, não teria falado demais após a pole na França, prometendo mundos e fundos para o "público brasileiro", gerando a fúria da mídia do bananal, seca por novos heróis e novidades que tais.
Na decisão de Barrichello encontra-se, na verdade, boa parte do futuro da F-1 no Brasil. Dando o passo certo (se é possível definir um ou outro passo como certo), o piloto estará devolvendo à categoria o grande público que foi perdido em 1994.
A pressão é enorme. E como já foi escrito neste espaço, já chegou a hora de Barrichello começar a acertar fora das pistas.
Desenhar o próprio futuro, seja onde for, é um bom começo.

NOTAS

Vaga aberta
Se Hill não der para trás nos seus planos de aposentadoria, o mais cotado para assumir a vaga do último campeão inglês da F-1 é Nick Heidfeld, atual líder da F-3000. A exemplo de Zonta, o piloto alemão seria liberado pela McLaren, dona de seu passe, para ganhar experiência. Na verdade, um dilema para o jovem piloto, a maior promessa do automobilismo alemão desde os irmãos Schumacher, pois terá que jogar no lixo um título certo por um futuro incerto, já que ninguém, muito menos a McLaren, garante nova vaga para 2000.

Longa vida
A Mercedes dá mostras de que sua relação com a McLaren deve durar bastante. Anunciou ontem o projeto do novo Mercedes SLR, um esportivo de luxo, que será desenvolvido e produzido pela McLaren Cars, a partir de 2003, a um custo compartilhado de cerca de US$ 200 milhões. Não foi divulgado o preço do automóvel.


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