São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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MEMÓRIA

Técnico entra e sai amparado por torcedores

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Em apenas um ano e dois meses na seleção, Luiz Felipe Scolari passeou com os humores da torcida brasileira por uma montanha-russa que começou na agonia e acabou no êxtase.
De vilão nacional (por ignorar os apelos do público e desprezar Romário) a herói da nação (após a conquista do pentacampeonato), "Felipão", como é chamado pela maioria dos brasileiros, marcou a seleção por imprimir ao time o centralizador e eficiente modo de trabalho que consagrou em clubes como Grêmio e Palmeiras -caracterizado por unir jogadores e torcedores em torno do "ideal da vitória".
Sua forte ligação com o torcedor foi o motivo que o levou a assumir o cargo, em 12 de junho do ano passado. Para definir o sucessor de Leão, a CBF encomendou uma pesquisa nacional, que apontou Scolari como o preferido para o cargo.
Então bombardeado pelas CPIs que investigaram o futebol no Congresso Nacional, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, lhe passou a incumbência em Brasília. Scolari assumiu com a promessa de resgatar o "amadorismo" na seleção, que, segundo ele, voltaria a jogar com amor à camisa.
Mas o início foi desastroso. Na estréia, com Romário titular e capitão, o Brasil perdeu de 1 a 0 para o Uruguai, em Montevidéu, pelas eliminatórias.
O compromisso seguinte foi a Copa América. A seleção não tinha Romário (que pediu para não ser convocado para realizar uma cirurgia que acabou não fazendo, o que o queimou com Scolari) nem Ronaldo nem Rivaldo e foi eliminada de forma vexatória, por Honduras, na segunda fase, suscitando especulações sobre a demissão precoce do técnico.
Scolari foi mantido, e o time teve uma performance mediana na reta final das eliminatórias: ganhou três jogos em casa, perdeu um fora. Foi o suficiente para o Brasil se classificar, na última rodada, à Copa e para o técnico se livrar de ser o único da história a não obter a vaga. Mas a seleção não conseguia jogar um futebol convincente.
Assim, cresceu o clamor pela convocação de Romário. Scolari não cedeu à pressão, e o atacante ficou fora do Mundial.
E o bom futebol veio justamente no momento que importava, durante a Copa. O Brasil foi campeão vencendo todos os seus jogos, e Scolari saiu ovacionado -pesquisa Datafolha logo após a conquista revelou que 90% dos paulistanos queriam que ele seguisse. Não teve jeito.



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