UOL


São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Pan-Americana

RODRIGO BUENO
COLUNISTA DA FOLHA

A Confederação Pan-Americana de Futebol foi fundada em 1946 em Barranquil-la (Colômbia), mas desapareceu em 1960. Por isso, temos hoje as famigeradas siglas Conmebol (!) e Concacaf (!!).
Mais por razões políticas que comerciais, as Américas nunca se uniram para valer no futebol. Mais por razões econômicas que políticas, elas estão cada vez mais próximas. A Libertadores-04 está nas mãos da Confederação Norte-Centroamericana e do Caribe. Além dos times mexicanos, já figurinhas carimbadas no torneio, discute-se a entrada de equipes americanas (dinheiro) e uma eliminatória entre clubes de países de menor expressão da América Central (política de boa vizinhança e exploração de mercados).
A Copa América-04, organizada mais uma vez pela Confederação Sul-Americana, contará com o México, tradicional convidado, e, espera-se, com os EUA, potencial financiador. As duas principais forças da Concacaf acabaram de sair da Copa Ouro, versão do Norte da Copa América que teve de novo o Brasil.
Os EUA podem vencer a Copa América e não representar o continente na Copa das Confederações. A Colômbia poderia ter ganho a Copa Ouro e também não chegaria com esse título ao torneio da Fifa. Por que não fundir Copa América e Copa Ouro?
O raciocínio pan-americano, quando tanto se fala em Alca, vale para os clubes. Se os mexicanos faturam a Libertadores (vêm beliscando a taça) não conquistam o direito de enfrentar o campeão europeu no Japão, uma injustiça.
Um autêntico Campeonato Pan-Americano de seleções teve três edições. Em 52, o Brasil ganhou a taça no Chile. Em 56, a seleção foi bi no México. Já em 60, o título ficou com a Argentina na Costa Rica. O torneio ruiu com a Confederação Pan-Americana, implodida pelas potências sul-americanas, pouco interessadas em pôr em jogo contra os "primos pobres" seu prestígio e seu poder.
Tais sul-americanos, já não tão superiores, estendem agora a mão e o chapéu para a Concacaf, que se mudou da Guatemala para Nova York no início dos anos 90 e ganhou status. Entre Nike, Budweiser, Fox e tantas outras alternativas ($), a Conmebol celebra os turbinados parceiros.
A Concacaf tem sua Copa dos Campeões de clubes, mas em um futuro breve não hesitaria em ligá-la à Libertadores. No próximo dia 22, quando o clima dos Jogos Pan-Americanos ainda estará no ar, já poderão ser dados os primeiros passos nesse sentido.
Dirigentes sul-americanos vêm aos poucos adequando o futebol no continente ao futebol europeu. A óbvia medida acompanha um esforço da Fifa em elaborar um calendário mundial unificado. Nada melhor, portanto, que unificar o calendário na América.
A Copa Inter-Americana, disputa entre os clubes campeões da Conmebol e da Concacaf, foi extinta. Mas isso também pode ser interpretado como sinal de aproximação entre as duas entidades e seus torneios (se todos jogarem a Libertadores, não haverá dois campeões na América).
Será um novo descobrimento?

Jogos Pan-Americanos
O Brasil tem o melhor time (masculino) do evento. Mas, se houvesse medalha de ouro para o melhor atleta, seria da Argentina: Cangele.

Copa Sul-Americana
O vencedor do torneio enfrentará o Boca Jrs., campeão da Libertadores, nos EUA, em 2004, pela Recopa Sul-Americana. Mas a Conmebol ainda negocia jogo para o campeão da Sul-Americana contra o vencedor da Copa da Uefa (Porto). Seria um Mundial interclubes B.

Mundial juvenil
Lembra do Freddy Adu, jogador nascido em Gana que os americanos acreditam ser o novo Pelé? Pois é. Com 14 anos, ele está mesmo inscrito no torneio sub-17 pelos EUA com a camisa 11.
E-mail rbueno@folhasp.com.br

Texto Anterior: Joana Cortez obtém bi nas duplas
Próximo Texto: Projeto para olímpicos exclui o futebol
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.