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FUTEBOL
Pan-Americana
RODRIGO BUENO
COLUNISTA DA FOLHA
A Confederação Pan-Americana de Futebol foi
fundada em 1946 em Barranquil-la (Colômbia), mas desapareceu
em 1960. Por isso, temos hoje as
famigeradas siglas Conmebol (!) e
Concacaf (!!).
Mais por razões políticas que
comerciais, as Américas nunca se
uniram para valer no futebol.
Mais por razões econômicas que
políticas, elas estão cada vez mais
próximas. A Libertadores-04 está
nas mãos da Confederação Norte-Centroamericana e do Caribe.
Além dos times mexicanos, já figurinhas carimbadas no torneio,
discute-se a entrada de equipes
americanas (dinheiro) e uma eliminatória entre clubes de países
de menor expressão da América
Central (política de boa vizinhança e exploração de mercados).
A Copa América-04, organizada mais uma vez pela Confederação Sul-Americana, contará com
o México, tradicional convidado,
e, espera-se, com os EUA, potencial financiador. As duas principais forças da Concacaf acabaram de sair da Copa Ouro, versão
do Norte da Copa América que
teve de novo o Brasil.
Os EUA podem vencer a Copa
América e não representar o continente na Copa das Confederações. A Colômbia poderia ter ganho a Copa Ouro e também não
chegaria com esse título ao torneio da Fifa. Por que não fundir
Copa América e Copa Ouro?
O raciocínio pan-americano,
quando tanto se fala em Alca, vale para os clubes. Se os mexicanos
faturam a Libertadores (vêm beliscando a taça) não conquistam
o direito de enfrentar o campeão
europeu no Japão, uma injustiça.
Um autêntico Campeonato
Pan-Americano de seleções teve
três edições. Em 52, o Brasil ganhou a taça no Chile. Em 56, a seleção foi bi no México. Já em 60, o
título ficou com a Argentina na
Costa Rica. O torneio ruiu com a
Confederação Pan-Americana,
implodida pelas potências sul-americanas, pouco interessadas
em pôr em jogo contra os "primos
pobres" seu prestígio e seu poder.
Tais sul-americanos, já não tão
superiores, estendem agora a mão
e o chapéu para a Concacaf, que
se mudou da Guatemala para
Nova York no início dos anos 90 e
ganhou status. Entre Nike, Budweiser, Fox e tantas outras alternativas ($), a Conmebol celebra
os turbinados parceiros.
A Concacaf tem sua Copa dos
Campeões de clubes, mas em um
futuro breve não hesitaria em ligá-la à Libertadores. No próximo
dia 22, quando o clima dos Jogos
Pan-Americanos ainda estará no
ar, já poderão ser dados os primeiros passos nesse sentido.
Dirigentes sul-americanos vêm
aos poucos adequando o futebol
no continente ao futebol europeu.
A óbvia medida acompanha um
esforço da Fifa em elaborar um
calendário mundial unificado.
Nada melhor, portanto, que unificar o calendário na América.
A Copa Inter-Americana, disputa entre os clubes campeões da
Conmebol e da Concacaf, foi extinta. Mas isso também pode ser
interpretado como sinal de aproximação entre as duas entidades
e seus torneios (se todos jogarem a
Libertadores, não haverá dois
campeões na América).
Será um novo descobrimento?
Jogos Pan-Americanos
O Brasil tem o melhor time (masculino) do evento. Mas, se houvesse
medalha de ouro para o melhor atleta, seria da Argentina: Cangele.
Copa Sul-Americana
O vencedor do torneio enfrentará o Boca Jrs., campeão da Libertadores, nos EUA, em 2004, pela Recopa Sul-Americana. Mas a Conmebol ainda negocia jogo para o campeão da Sul-Americana contra o
vencedor da Copa da Uefa (Porto). Seria um Mundial interclubes B.
Mundial juvenil
Lembra do Freddy Adu, jogador nascido em Gana que os americanos acreditam ser o novo Pelé? Pois é. Com 14 anos, ele está mesmo
inscrito no torneio sub-17 pelos EUA com a camisa 11.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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