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FUTEBOL
O que é preciso mudar
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Vai chegando ao fim o primeiro turno desse Campeonato Brasileiro que tem se mostrado, até aqui, bem mais equilibrado do que o do ano passado.
Nenhuma equipe conseguiu disparar na primeira colocação e temos um animado revezamento
de posições.
Dez clubes se acotovelam num
intervalo de seis pontos -de Santos, Ponte Preta e São Paulo, com
38, a Criciúma e São Caetano,
com 32. A competitividade que a
tabela espelha é invejável. Se as
coisas se mantiverem dessa forma
no segundo turno teremos um final de campeonato cheio de emoções, tanto na disputa pelo título
quanto na briga para fugir do rebaixamento.
Infelizmente, a qualidade técnica exibida em campo tem deixado a desejar, mas isso nada tem a
ver com a fórmula adotada, como
pretendem alguns que já estão
piando para voltar o sistema de
mata-mata.
Como bem observou José Geraldo Couto na sua coluna de ontem, a Copa do Brasil, toda em
mata-mata, também padeceu do
mesmo problema.
A questão do padrão técnico está associada à capacidade dos
clubes de contar com recursos para contratar ou manter bons jogadores. E isso não será resolvido
com essa ou aquela fórmula de
disputa.
O sistema de pontos corridos em
turno e returno é o esportivamente mais justo e o mais adequado
para manter os clubes em atividade. Deve ser preservado, ainda
que com menos participantes, ficando o mata-mata para outras
competições.
Em relação ao problema central, que é a crise financeira dos
clubes, é preciso avançar no caminho do saneamento, que deve estar associado a uma reformulação completa da gestão, tarefa
que se imaginava talhada a uma
administração petista.
O PT, no entanto, que se notabilizou no combate à imoralidade e
à corrupção, e criou fama pelo
destemor com que reunia denúncias e cobrava transparência das
mais diversas esferas, parece agora mais inclinado a fazer média.
Os clubes devem ao poder público algo em torno de R$ 400 milhões, mas nada é feito para que
se chegue a um desenlace. A dívida nem é cobrada nem refinanciada. Contrariando o interesse
público, o governo vai fingindo
que está tudo bem e deixa o barco
-que só faz água- andar. Falta
coragem e falta pragmatismo.
Essas dívidas, tais como estão,
jamais serão pagas. É preciso
olhar para a frente. Elas terão de
ser reestruturadas. E a contrapartida para isso deve ser a mudança
da gestão no sentido empresarial,
com dirigentes profissionais e responsabilidade estabelecida.
Preservar a atual estrutura clubística, que já cumpriu seu papel
histórico, só vai retardar o processo de falência e afastar do horizonte a oportunidade de uma
mudança organizada.
Enquanto isso, continuaremos
assistindo à ampliação do êxodo
de jogadores e à queda da qualidade do futebol praticado no país.
Enfim, a vitória!
O Flamengo ganhou -e
bem- de um São Paulo que
não demonstra ter o elã necessário aos campeões. Já a equipe
carioca mostrou que com aplicação e um pouco mais de sorte
tem todas as condições de sair
do buraco. Dimba pode não ser
essa coisa toda, mas pelo menos sabe botar o pé na bola para
ela entrar no gol e deve fazer
uma boa dupla com o Jean no
ataque rubro-negro. Com a recuperação de Athirson e Zinho
e o retorno de Felipe no meio-campo, o time carioca, que conta com um ótimo goleiro e alguns bons jogadores, nada vai
ficar devendo a alguns outros
que estão na metade superior
da tabela do Nacional. Abandonar a zona de rebaixamento será somente uma questão de
tempo. E já estou aceitando
apostas!
E-mail mag@folhasp.com.br
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