São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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FUTEBOL

O que é preciso mudar

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Vai chegando ao fim o primeiro turno desse Campeonato Brasileiro que tem se mostrado, até aqui, bem mais equilibrado do que o do ano passado. Nenhuma equipe conseguiu disparar na primeira colocação e temos um animado revezamento de posições.
Dez clubes se acotovelam num intervalo de seis pontos -de Santos, Ponte Preta e São Paulo, com 38, a Criciúma e São Caetano, com 32. A competitividade que a tabela espelha é invejável. Se as coisas se mantiverem dessa forma no segundo turno teremos um final de campeonato cheio de emoções, tanto na disputa pelo título quanto na briga para fugir do rebaixamento.
Infelizmente, a qualidade técnica exibida em campo tem deixado a desejar, mas isso nada tem a ver com a fórmula adotada, como pretendem alguns que já estão piando para voltar o sistema de mata-mata.
Como bem observou José Geraldo Couto na sua coluna de ontem, a Copa do Brasil, toda em mata-mata, também padeceu do mesmo problema.
A questão do padrão técnico está associada à capacidade dos clubes de contar com recursos para contratar ou manter bons jogadores. E isso não será resolvido com essa ou aquela fórmula de disputa.
O sistema de pontos corridos em turno e returno é o esportivamente mais justo e o mais adequado para manter os clubes em atividade. Deve ser preservado, ainda que com menos participantes, ficando o mata-mata para outras competições.
 
Em relação ao problema central, que é a crise financeira dos clubes, é preciso avançar no caminho do saneamento, que deve estar associado a uma reformulação completa da gestão, tarefa que se imaginava talhada a uma administração petista.
O PT, no entanto, que se notabilizou no combate à imoralidade e à corrupção, e criou fama pelo destemor com que reunia denúncias e cobrava transparência das mais diversas esferas, parece agora mais inclinado a fazer média.
Os clubes devem ao poder público algo em torno de R$ 400 milhões, mas nada é feito para que se chegue a um desenlace. A dívida nem é cobrada nem refinanciada. Contrariando o interesse público, o governo vai fingindo que está tudo bem e deixa o barco -que só faz água- andar. Falta coragem e falta pragmatismo.
Essas dívidas, tais como estão, jamais serão pagas. É preciso olhar para a frente. Elas terão de ser reestruturadas. E a contrapartida para isso deve ser a mudança da gestão no sentido empresarial, com dirigentes profissionais e responsabilidade estabelecida.
Preservar a atual estrutura clubística, que já cumpriu seu papel histórico, só vai retardar o processo de falência e afastar do horizonte a oportunidade de uma mudança organizada.
Enquanto isso, continuaremos assistindo à ampliação do êxodo de jogadores e à queda da qualidade do futebol praticado no país.

Enfim, a vitória!
O Flamengo ganhou -e bem- de um São Paulo que não demonstra ter o elã necessário aos campeões. Já a equipe carioca mostrou que com aplicação e um pouco mais de sorte tem todas as condições de sair do buraco. Dimba pode não ser essa coisa toda, mas pelo menos sabe botar o pé na bola para ela entrar no gol e deve fazer uma boa dupla com o Jean no ataque rubro-negro. Com a recuperação de Athirson e Zinho e o retorno de Felipe no meio-campo, o time carioca, que conta com um ótimo goleiro e alguns bons jogadores, nada vai ficar devendo a alguns outros que estão na metade superior da tabela do Nacional. Abandonar a zona de rebaixamento será somente uma questão de tempo. E já estou aceitando apostas!

E-mail mag@folhasp.com.br

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