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ATENAS 2004
No primeiro dia de treino em Atenas, atletas falam de questionários, reuniões e "amnésia" como motivação
"Mens sana" é vedete brasileira na Grécia
Flávio Florido/Folha Imagem
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Danielle Zangrando e Vânia Ishii, que foram acompanhadas pela psicóloga Adriana Lacerda na aclimatação em Portugal, realizam o primeiro treino em Atenas
ADALBERTO LEISTER FILHO
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS
Emanuel quer acabar com a fama de "amarelão" que o persegue
em Olimpíadas. Por isso, o maior
vencedor do Circuito Mundial de
vôlei de praia, com seis títulos, fez
um trabalho específico de preparação mental para a disputa dos
Jogos de Atenas.
Apontado como o melhor jogador da década de 90 pela federação internacional e como medalhista de ouro em previsão da revista americana "Sports Illustrated", Emanuel, ao lado de Ricardo, não quer viver nova decepção.
"Contratamos uma pessoa para
trabalhar conosco. Após cada jogo, eu e o Ricardo respondíamos a
um questionário de 30 perguntas.
A partir dele, descobrimos que
precisávamos lidar melhor com
as provocações dos adversários",
conta Emanuel, 31, que trabalha
com Joice Stefanello, doutora em
ciências do esporte pela Universidade de Coimbra.
Ele não está sozinho. Para esquecer o fracasso dos Jogos de
Sydney, quando o Brasil acumulou seis pratas e seis bronzes, vários atletas se convenceram de
que a mente pode ser tão importante quanto o corpo para atingir
o lugar mais alto do pódio.
"Você, primeiro, precisa se
conscientizar de que pode atingir
seu objetivo. Vim aqui para ser
campeão olímpico", afirma o judoca Carlos Honorato, 29, vice-campeão em Sydney-2000. "Gostaria de enfrentar o holandês
[Mark Huizinga] novamente e
devolver o ippon que tomei há
quatro anos."
A atitude do judoca, que começou a treinar aos oito anos e viu
amigos e parentes venderem rifas
para custear suas passagens, é elogiada por Dietmar Samulski, psicólogo contratado pelo Comitê
Olímpico Brasileiro para trabalhar com os brasileiros na Vila
Olímpica. "É importante ter confiança em um bom resultado",
afirma o especialista.
Não é só na hora da disputa que
um bom preparo psicológico pode ajudar. Para o time de natação,
por exemplo, o crucial é evitar que
os atletas percam o foco do torneio já na Vila Olímpica. Uma espécie de "amnésia" consciente.
"Eles podem ficar deslumbrados com o desfile de grandes astros do esporte por todo o lado.
Por isso, fizemos várias reuniões
com o pessoal. Falei para eles esquecerem o que está em volta.
Ninguém veio aqui para passear",
afirma Ricardo Moura, chefe da
equipe, que fez ontem o primeiro
treino em Atenas.
Logo no primeiro dia de alojamento olímpico, os brasileiros esbarraram com o australiano Ian
Thorpe e com o holandês Pieter
van den Hoogenband, ambos recordistas mundiais na piscina.
"Ninguém ficou fazendo badalação, pedindo autógrafo. Colocamos na cabeça deles que ninguém
está aqui no papel de turista",
conta Moura.
Controle de nervos
A preocupação com a mente
não é exclusiva de esportes individuais, nos quais a cobrança por
resultados é grande.
A seleção feminina de basquete,
que conquistou medalhas nas
duas últimas Olimpíadas e também desembarcou ontem em
Atenas, já deu o sinal de alerta.
Após o primeiro amistoso contra a Grécia, quando a ala-armadora Iziane chutou uma adversária, o time, que estréia no sábado,
reuniu-se com a jogadora e exigiu
uma atitude mais profissional nos
Jogos de Olímpicos.
"Falamos para ela que, se fosse
em uma Olimpíada, isso teria nos
prejudicado bastante", afirmou a
armadora Helen.
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