São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000

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Sessão vira homenagem a dirigente

DO ENVIADO A BRASÍLIA

O presidente de honra e ex-presidente da Fifa, João Havelange, 84, conseguiu ontem transformar o que seria um depoimento inquisitório à CPI da CBF/Nike, na Câmara, em uma espécie de homenagem à sua gestão à frente da entidade que comanda o futebol no mundo.
Para isso, contou com a ajuda dos deputados ligados a clubes de futebol, a federações e à CBF na Câmara. Por outro lado, Havelange também foi favorecido pela pouca informação dos demais parlamentares sobre a Fifa e sobre a história de seu presidente de honra, que ocupou o cargo de presidente de 1974 a 1998.
"O depoimento de Havelange realmente deixou a desejar. Esperávamos que ele pudesse ter contribuído mais", disse Aldo Rebelo (PC do B-SP), presidente da CPI.
À vontade, Havelange aproveitou para criticar a CPI. "De forma contundente como sendo feito no Brasil, nunca vi. É o que me preocupa. A Alemanha nunca fez isso, a França nunca fez isso. Nós só vemos isso no Brasil, é triste", disse.
Darcísio Perondi (PMDB-RS), Eurico Miranda (PPB-RJ) e Nelo Rodolfo (PMDB-SP) foram os mais enfáticos na defesa e nos elogios ao dirigente da Fifa.
Eurico Miranda, homem-forte do Vasco, e Perondi, irmão do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, chegaram a se desculpar com Havelange pela convocação dele. "Vossa Excelência não podia ser brasileiro. Se não fosse brasileiro, seria reconhecido", disse Eurico Miranda. "É uma honra muito grande recebê-lo aqui", completou Perondi.
Os dois também se desentenderam com os petistas Pedro Celso (PT-DF) e Dr. Rosinha (PT-PR), que questionaram Havelange sobre acusações que ele classificou como "fantasiosas". Pedro Celso, com base em uma reportagem, perguntou a Havelange o que ele tinha a dizer sobre acusações que o ligam ao tráfico internacional de armas e ao narcotráfico. "Isso é uma maldade contra mim, uma excrescência", disse o dirigente.
Ele negou que tenha pedido apoio ao ex-jogador Pelé, quando seu ex-genro Ricardo Teixeira disputava a presidência da CBF. "Nunca pedi nada a ele."
Segundo Eurico Miranda, a informação de que ele teria procurado Pelé foi dada à CPI pelo jornalista Juca Kfouri, do "Lance". (JOSÉ ALBERTO BOMBIG)

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