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Sessão vira homenagem a dirigente
DO ENVIADO A BRASÍLIA
O presidente de honra e ex-presidente da Fifa, João Havelange,
84, conseguiu ontem transformar
o que seria um depoimento inquisitório à CPI da CBF/Nike, na Câmara, em uma espécie de homenagem à sua gestão à frente da entidade que comanda o futebol no
mundo.
Para isso, contou com a ajuda
dos deputados ligados a clubes de
futebol, a federações e à CBF na
Câmara. Por outro lado, Havelange também foi favorecido pela
pouca informação dos demais
parlamentares sobre a Fifa e sobre
a história de seu presidente de
honra, que ocupou o cargo de
presidente de 1974 a 1998.
"O depoimento de Havelange
realmente deixou a desejar. Esperávamos que ele pudesse ter contribuído mais", disse Aldo Rebelo
(PC do B-SP), presidente da CPI.
À vontade, Havelange aproveitou para criticar a CPI. "De forma
contundente como sendo feito no
Brasil, nunca vi. É o que me preocupa. A Alemanha nunca fez isso,
a França nunca fez isso. Nós só vemos isso no Brasil, é triste", disse.
Darcísio Perondi (PMDB-RS),
Eurico Miranda (PPB-RJ) e Nelo
Rodolfo (PMDB-SP) foram os
mais enfáticos na defesa e nos elogios ao dirigente da Fifa.
Eurico Miranda, homem-forte
do Vasco, e Perondi, irmão do
presidente da Federação Gaúcha
de Futebol, chegaram a se desculpar com Havelange pela convocação dele. "Vossa Excelência não
podia ser brasileiro. Se não fosse
brasileiro, seria reconhecido",
disse Eurico Miranda. "É uma
honra muito grande recebê-lo
aqui", completou Perondi.
Os dois também se desentenderam com os petistas Pedro Celso
(PT-DF) e Dr. Rosinha (PT-PR),
que questionaram Havelange sobre acusações que ele classificou
como "fantasiosas". Pedro Celso,
com base em uma reportagem,
perguntou a Havelange o que ele
tinha a dizer sobre acusações que
o ligam ao tráfico internacional de
armas e ao narcotráfico. "Isso é
uma maldade contra mim, uma
excrescência", disse o dirigente.
Ele negou que tenha pedido
apoio ao ex-jogador Pelé, quando
seu ex-genro Ricardo Teixeira
disputava a presidência da CBF.
"Nunca pedi nada a ele."
Segundo Eurico Miranda, a informação de que ele teria procurado Pelé foi dada à CPI pelo jornalista Juca Kfouri, do "Lance".
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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