São Paulo, domingo, 11 de março de 2001

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AUTOMOBILISMO

Categoria recorre à Nascar para ganhar com merchandising

F-1 busca nos EUA receita para faturar com imagem

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

A F-1 está atrás de uma receita norte-americana para tentar aumentar seus lucros em um terreno ainda pantanoso para a categoria: o merchandising esportivo.
A idéia é usar a experiência da Nascar (campeonato de stock-car dos EUA) e aproveitar melhor a audiência acumulada de 56 bilhões de pessoas por temporada, transformando parte dela em consumidora de suas marcas.
Atualmente, a oferta de produtos relacionados à F-1 raramente escapa do trio camiseta-jaqueta-boné. A exceção é o merchandising pessoal do alemão Michael Schumacher. O ferrarista assina uma variada linha de produtos, que vai de aspirador de pó a suco de maçã (leio texto abaixo).
E, para comprar qualquer artigo, o torcedor tem apenas três opções: viajar para Londres (onde a Harrod's mantém uma seção fixa), ir para uma corrida (de preferência na Europa) ou vasculhar os sites das equipes na Internet.
"Precisávamos de alguém com mais experiência na área do automobilismo", admitiu o executivo inglês Andy Murray, que comanda a Goodsports, em entrevista à revista "Eurobusiness".
Sua empresa hoje é a líder no licenciamento de produtos ligados à F-1. O que não quer dizer muita coisa: o rendimento das equipes com merchandising, de tão ínfimo, não chega nem a ser computado em seus orçamentos para as temporadas seguintes.
A solução de Murray foi recorrer à Nascar. Nos EUA, a categoria movimenta cerca de US$ 1,5 bilhão por ano apenas com seus produtos licenciados. Alguns dos times de ponta chegam a receber US$ 20 milhões por temporada pela cessão de suas marcas.
Detalhe: "ilhada" nos EUA, a audiência acumulada da Nascar em uma temporada inteira não chega a 125 milhões de pessoas.
Sem contato com o stock-car norte-americano, Murray recorreu até a programas de busca na Internet para conhecer melhor o mercado. Acabou assinando contrato com a Action Performance.
Fundada e dirigida por John Bickford, padrasto do piloto Jeff Gordon, tricampeão e uma das maiores estrelas da Nascar, a empresa tem uma fórmula pronta.
"A F-1 está indo para o caminho errado. Não adianta as equipes quererem fazer merchandising de suas marcas. O público não tem conexão emocional com os logotipos da Williams ou da McLaren", afirma Bickford.
Segundo ele, a Nascar só vende tanto porque partiu para a produção de produtos com a estampa dos pilotos. "Se um fã é alto, quarentão e usa bigode, ele compraria uma camiseta do Dale Earnhardt, para mostrar que é durão. Se é jovem, agitado, compra um chaveiro do Jeff Gordon, que passa essa imagem", completa.
A outra parte do plano é centralizar os produtos dos 11 times que disputam o Mundial de F-1. "Você não pode abrir uma seção de futebol em uma loja de departamentos se não tiver, por exemplo, a camisa do Manchester United. Temos que fechar com todas as equipes", declara Murray.
A dupla, porém, já encara dificuldades nessas duas frentes.
Na F-1, os contratos dos pilotos com as equipes são mais complexos do que na Nascar, restringindo muito o uso de suas imagens -boa parte, inclusive, abdica da própria imagem em favor dos times para garantir um cockpit.
Por fim, Ferrari e McLaren têm departamentos próprios de merchandising e resistem, por enquanto, à idéia de uma fusão.
Se vencerem essas barreiras, Murray e Bickford planejam invadir os autódromos da F-1 com caminhões cheios de produtos.
"Venderemos os produtos em caminhões pintados como os carros. Vai fazer sucesso. Será melhor do que as tendas usadas pelas equipes hoje", diz Bickford.


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