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AUTOMOBILISMO
Categoria recorre à Nascar para ganhar com merchandising
F-1 busca nos EUA receita
para faturar com imagem
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE
A F-1 está atrás de uma receita
norte-americana para tentar aumentar seus lucros em um terreno ainda pantanoso para a categoria: o merchandising esportivo.
A idéia é usar a experiência da
Nascar (campeonato de stock-car
dos EUA) e aproveitar melhor a
audiência acumulada de 56 bilhões de pessoas por temporada,
transformando parte dela em
consumidora de suas marcas.
Atualmente, a oferta de produtos relacionados à F-1 raramente
escapa do trio camiseta-jaqueta-boné. A exceção é o merchandising pessoal do alemão Michael
Schumacher. O ferrarista assina
uma variada linha de produtos,
que vai de aspirador de pó a suco
de maçã (leio texto abaixo).
E, para comprar qualquer artigo, o torcedor tem apenas três opções: viajar para Londres (onde a
Harrod's mantém uma seção fixa), ir para uma corrida (de preferência na Europa) ou vasculhar os
sites das equipes na Internet.
"Precisávamos de alguém com
mais experiência na área do automobilismo", admitiu o executivo
inglês Andy Murray, que comanda a Goodsports, em entrevista à
revista "Eurobusiness".
Sua empresa hoje é a líder no licenciamento de produtos ligados
à F-1. O que não quer dizer muita
coisa: o rendimento das equipes
com merchandising, de tão ínfimo, não chega nem a ser computado em seus orçamentos para as
temporadas seguintes.
A solução de Murray foi recorrer à Nascar. Nos EUA, a categoria
movimenta cerca de US$ 1,5 bilhão por ano apenas com seus
produtos licenciados. Alguns dos
times de ponta chegam a receber
US$ 20 milhões por temporada
pela cessão de suas marcas.
Detalhe: "ilhada" nos EUA, a
audiência acumulada da Nascar
em uma temporada inteira não
chega a 125 milhões de pessoas.
Sem contato com o stock-car
norte-americano, Murray recorreu até a programas de busca na
Internet para conhecer melhor o
mercado. Acabou assinando contrato com a Action Performance.
Fundada e dirigida por John
Bickford, padrasto do piloto Jeff
Gordon, tricampeão e uma das
maiores estrelas da Nascar, a empresa tem uma fórmula pronta.
"A F-1 está indo para o caminho
errado. Não adianta as equipes
quererem fazer merchandising de
suas marcas. O público não tem
conexão emocional com os logotipos da Williams ou da McLaren", afirma Bickford.
Segundo ele, a Nascar só vende
tanto porque partiu para a produção de produtos com a estampa
dos pilotos. "Se um fã é alto, quarentão e usa bigode, ele compraria
uma camiseta do Dale Earnhardt,
para mostrar que é durão. Se é jovem, agitado, compra um chaveiro do Jeff Gordon, que passa essa
imagem", completa.
A outra parte do plano é centralizar os produtos dos 11 times que
disputam o Mundial de F-1. "Você não pode abrir uma seção de
futebol em uma loja de departamentos se não tiver, por exemplo,
a camisa do Manchester United.
Temos que fechar com todas as
equipes", declara Murray.
A dupla, porém, já encara dificuldades nessas duas frentes.
Na F-1, os contratos dos pilotos
com as equipes são mais complexos do que na Nascar, restringindo muito o uso de suas imagens
-boa parte, inclusive, abdica da
própria imagem em favor dos times para garantir um cockpit.
Por fim, Ferrari e McLaren têm
departamentos próprios de merchandising e resistem, por enquanto, à idéia de uma fusão.
Se vencerem essas barreiras,
Murray e Bickford planejam invadir os autódromos da F-1 com caminhões cheios de produtos.
"Venderemos os produtos em
caminhões pintados como os carros. Vai fazer sucesso. Será melhor do que as tendas usadas pelas
equipes hoje", diz Bickford.
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