São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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AUTOMOBILISMO
Show em Interlagos do grupo norte-americano Kiss, no próximo sábado, usa parte da estrutura da F-1
Banda de rock pega carona no GP Brasil

RODRIGO BERTOLOTTO
da Reportagem Local

A F-1 abandona o autódromo de Interlagos na noite de domingo, mas parte de sua estrutura permanecerá por lá para o show da banda norte-americana Kiss, que se apresenta no local no próximo sábado.
Para baratear custos, a empresa Mercury, que organiza o espetáculo de rock, utilizará os mesmos banheiros químicos, tendas, camarins e tubulares (canos que formam arquibancadas e palcos).
""Pelo menos 5% do que vamos precisar já estará lá para o GP Brasil. Vamos negociar com as empresas fornecedoras para reduzirem os preços, afinal, esse material não precisará de transporte", disse José Muniz, diretor da Mercury.
Após a corrida, tudo será transferido para a área próxima à curva da Laranja, local do show.
O resto da estrutura, segundo acordo com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), só entrará no autódromo paulistano na quinta-feira, quando todo o material da F-1 já tiver saído.
A FIA tem, por contrato, até 15 dias após o GP para retirar seus equipamentos. Por isso, a organização do show teve de negociar com a entidade esportiva.
""O show vai ser em uma área que não será usada na corrida. Por isso, uma coisa não vai atrapalhar a outra", afirmou o diretor do autódromo municipal, Carlos Adhemar de Figueiredo Ferraz.
Por primeira vez abrigando um espetáculo de rock, Interlagos tem pretensões de se tornar também um ""pólo de cultura".
O show do Kiss será um ensaio para que isso se torne realidade -os festivais ""Monsters of Rock" e ""Ruffus Reggae" podem ser transferidos para lá.
""O esporte tem de dividir com a cultura um calendário comum. Isso acontece nos EUA e na Europa. E deve acontecer no Brasil também", diz Muniz.
Na Inglaterra, o circuito de Donington Park é cenário tradicional de um festival anual de heavy metal desde 1980.
Como no autódromo inglês, o público de Interlagos ficará em uma colina gramada, usada como área de escape das provas, e assistirá ao show acima do nível do palco.
Mas a ida do Kiss a Interlagos só aconteceu após tentativas frustradas de levar o show a outros locais.
O Pacaembu foi vetado pela prefeitura; o Morumbi, pelo São Paulo; o Ibirapuera, pelos vizinhos do parque; o Anhembi, pela UD (Feira de Utilidades Domésticas); e o Parque Antarctica, pelo preço do aluguel que o Palmeiras exigiu.

Roqueiros nada esportivos
No Brasil, a única experiência de megashow em autódromo aconteceu no ano passado com o U2 tocando em Jacarepaguá, no Rio.
Mas agora é a vez do supermaquiado Kiss, cuja ligação com automobilismo ou esporte é a mínima possível, mas ela existe.
Na vida pessoal, o vocalista Gene Simmons é adepto do boliche, enquanto o guitarrista Paul Stanley faz ginástica todos os dias com ajuda de um personal trainer.
Na vida artística, a única conexão do Kiss com carros foi o lançamento em 1998 do Kissmovile, modelo feito pela indústria Chrysler em homenagem ao grupo.
Com tiragem limitada, o carro, que vale US$ 75 mil no mercado dos EUA, tem amplificadores acoplados na carroceria para os passageiros ligarem seus instrumentos.
Há também entre os produtos licenciados com a marca Kiss modelos de carrinhos de ferro, bolas de beisebol e de golfe.
Mas há bandas de heavy metal com ligação com esporte. O Iron Maiden, Deff Lepard e Deep Purple são fãs e praticantes de futebol.
A ligação mais próxima, porém, é a do vocalista do Motley Crue, Vince Neil. Na temporada 1992, ele disputou a Indy Lights pela equipe Exposed 69 Racing Team. Na época, cogitou-se até o abandono de Neil da banda para seguir a carreira de piloto.


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