São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Pivô de "calote" em torcedores brasileiros no Mundial da França comercializa ingressos para a Copa América
Agência da CBF volta a vender pacotes

SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

Principal pivô do ""calote" imposto à parte dos brasileiros na venda de ingressos para a Copa do Mundo da França, no ano passado, a SBTR Passagens e Turismo Ltda. está comercializando pacotes turísticos para quem estiver interessado em ver a Copa América, que começa em junho, no Paraguai.
A SBTR continua credenciada como agência oficial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A informação foi confirmada por funcionários da SBTR. Donos de agências de turismo que participaram de uma feira do setor na semana passada, em São Paulo, também confirmaram.
Em 1998, a SBTR teria se comprometido a vender ingressos dos jogos da seleção brasileira na Copa a pelo menos três empresas turísticas brasileiras -Oremar Brasil, Cetemar Turismo e Passagens, ambas de São Paulo, e Imperial Operadora de Turismo, do Rio-, mas, depois, não teria cumprido à risca o acordo até o final da competição. Segundo os donos das três agências, a SBTR venderia a elas parte dos ingressos a que a CBF tinha direito nos jogos da seleção brasileira. A cota da CBF era de 8% da capacidade de cada estádio em que o Brasil jogasse, segundo os donos das agências.
Na ocasião, a SBTR entregou apenas 2.750 dos 3.600 ingressos comprados pelas três empresas para os jogos da primeira fase da Copa do Mundo.
Nas outras fases da competição, a agência oficial da CBF não repassou os ingressos a que as outras empresas tinham direito.
A Folha tentou falar com o proprietário da SBTR, Wagner Abrahão, na sede da empresa, no Rio, na quinta e na sexta-feira, mas a informação era que ele não estava.
A falha na distribuição dos ingressos feita pela SBTR lesou centenas de brasileiros que foram assistir à Copa. Sem ingressos, os torcedores prejudicados tiveram que comprar ingressos com cambistas no mercado paralelo.
No total, cerca de 2.000 brasileiros ficaram de fora da final da competição, contra a França, apesar de terem pago antecipadamente pelos ingressos.
Os torcedores lesados haviam pago até R$ 15 mil por pacotes que incluíam passagem de avião, hospedagem e as entradas para todos os jogos do Brasil na Copa.
Os donos das três empresas de turismo que não receberam os ingressos estão processando na Justiça a SBTR e a CBF.
Uma parte dos turistas lesados, por sua vez, está processando no Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor) as três empresas.

Stella Barros
Além da Oremar, Cetemar e Imperial, que não eram agências oficiais da Copa-98, a Stella Barros, a única no Brasil considerada oficial pelo Comitê Organizador, também chegou a deixar torcedores sem ingressos. Mas apenas na final do Mundial.
Como o sistema de distribuição de ingressos para a competição foi considerado falho pela própria organização da Copa, já que as agências oficiais -12 nos cinco continentes- recebiam quantidade insuficiente de entradas, a Stella Barros recorreu às entradas da SBTR a partir das oitavas-de-final para atender seus clientes.
Priorizando a Stella Barros, que tinha um diretor irmão do dono da SBTR, a agência oficial da CBF teria ficado sem ingressos disponíveis para as outras três agências.
Mas a própria Stella Barros, mesmo com os ingressos da SBTR, não conseguiu colocar todos os que haviam comprado pacotes com ela no final da Copa, deixando 173 pessoas de fora.


Colaborou a Reportagem Local



Texto Anterior: Saque ganha importância extra
Próximo Texto: Empresa foi multada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.