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O PERSONAGEM
Técnico quer
liga paralela
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
O técnico Hélio Rubens,
56, é um obstinado defensor do basquete de sua cidade-natal, Franca (401 km ao
norte de São Paulo).
Para ele, Franca é a única
cidade brasileira que se interessa mesmo pelo basquete e revela talentos.
"São 40 anos respirando
basquete", diz o técnico.
Em entrevista por telefone à Folha, Rubens falou
sobre sua relação com jogadores, o sucesso do Campeonato Brasileiro -e as
mudanças necessárias para
fortalecê-lo-, sua possibilidade de voltar a dirigir a
seleção brasileira e a "ditadura" de Renato Brito Cunha no comando da CBB.
Folha - O sr. se considera
um técnico vencedor?
Hélio Rubens - Estou satisfeito com minha atuação.
Mais do que vencer, no basquete aprendo alguma coisa todo dia: conceitos técnicos, táticos, psicológicos.
Folha - O que o sr. tenta
passar de novo aos atletas?
Rubens - Gosto de fazer
um trabalho de medição do
atleta. Quero que ele esteja
sempre próximo de seu limite máximo. Num rebote,
se o jogador pega a bola 30
cm acima do aro, é um craque. Se pega abaixo da linha
do aro, é medíocre. Treinamos para ter craques.
Folha - Como criar "novas
Francas" pelo Brasil?
Rubens - É preciso criar
campeonatos brasileiros
em todas as categorias,
campeonatos adultos de seleções, torneios amistosos
de clubes em várias cidades.
E, durante esses torneios,
fazer clínicas e simpósios,
realizar um intercâmbio de
informações. Desse modo,
pode-se incrementar o esporte no país.
Folha - Qual sua opinião
sobre o último Brasileiro?
Rubens - Foi o melhor
de todos os tempos, com
equilíbrio e jogos disputados. Havia oito times em
condições de ser o campeão. Os estrangeiros reconhecem que o nível técnico
do Brasil é igual ou melhor
do que no resto do mundo.
Folha - O que se deve fazer para melhorar ainda
mais o Brasileiro?
Rubens - É preciso fazer
uma promoção do campeonato no Brasil inteiro, com
uma assessoria de imprensa
profissional.
Folha - Apenas isso?
Rubens - O mais importante de tudo é fortalecer os
clubes, que hoje quase nada
recebem da Confederação
Brasileira de Basquete e estão morrendo. Neste ano,
mesmo com um contrato
de US$ 2 milhões com a TV
(Globosat), a CBB só pagou
um terço das despesas dos
clubes. Na Argentina, cada
clube, em contratos, recebe
US$ 400 mil por ano. No
Brasil, o produto é bom,
mas está doente.
Folha - E o que fazer para
mudar essa situação?
Rubens - A alternativa é
a formação de uma liga independente, não há como
contestar isso. E a Lei Zico
dá condições para que isso
seja feito. É assim em todos
os países que têm um basquete competitivo. O Brasil
está muito atrasado.
Folha - E por que os clubes
não implantam uma liga?
Rubens - Não é fácil. Os
dirigentes da maioria dos
clubes não são profissionais, não ganham dinheiro,
então falta vontade. Porque
é trabalhoso: os clubes teriam que assumir custos de
arbitragem, transporte.
Mas é possível. Basta contratar uma empresa de marketing para administrar.
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