Coisa rara, raríssima. Um domingo em que o torcedor, o paulista, ao menos, não sentiu inveja do italiano.
O Morumbi não deveu nada ao estádio Delle Alpi, em Turim, onde numa partida incandescente, para usar a expressão do narrador da Rai, a alvinegra Juve ganhou seu 25º título nacional ao derrotar o Bologna por 3 a 2.
No campeonato do vale tudo, no qual só não vale cartão amarelo, vermelho, prazo para inscrição ou fazer mais pontos para ser o campeão, eis que a melhor campanha e o melhor futebol do São Paulo prevaleceram com absoluta justiça.
Pois no estádio paulista, num domingo ensolarado e colorido ao contrário do domingo passado, a decisão de escalar Raí demonstrou ter sido bestial e ele desequilibrou a partida -jogando à perfeição e fazendo gol.
Foi mesmo o avesso do primeiro jogo. O São Paulo parecia o Corinthians, e o Corinthians parecia o São Paulo.
Tão aguerrido esteve o tricolor que até violento foi. Mas não sentiu, por exemplo, a perda de Márcio Santos logo no começo do jogo.
No segundo tempo tudo estava igual até que, aos 5min, Didi fez um gol ao estilo, perdão, do velho Didi.
Em seguida, porém, o Raí que Zagallo criminosamente maltratou, deu na perfeição para outro golaço, de França.
Luxemburgo que errou ao entrar com Mirandinha, acertou com a entrada de Didi, mas não no lugar de Rodrigo, porque sacrificou a lucidez de Vampeta e se precipitou ao tirar Souza para pôr Marcelinho Souza, foi obrigado a pôr Edílson no lugar de Romeu.
Nelsinho Batista foi perfeito, assim como Capitão, Carlos Miguel e França, que fez o terceiro gol aproveitando uma linda jogada de Denílson, parecida com a de Souza no primeiro gol corintiano no jogo de abertura.
E Raí está para o título de 1998 assim como Zizinho esteve para o título de 1957, pelo mesmo 3 a 1.
Bestial!

O Caixa D'Água, o Kleber Leite, o Eurico Miranda, o Rolim e o Barcelos conseguiram: jogaram a última pá de cal sobre o outrora tão charmoso Estadual do Rio.
Lei Pelé neles, como no Código do Consumidor

E, pelo amor de Deus, onde você leu, aqui, na sexta-feira passada, "no caso de o pentacampeonato vir a ser conquistado", leia vier. E não atribua à revisão.



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