São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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FUTEBOL
Vendido por R$ 41 milhões torneio vê queda de público, falência no interior, mas tenta inovações
Dualidade marca Paulista privatizado

da Reportagem Local

A primeira edição de um campeonato de futebol privatizado no país acaba com queda de público, pouca transparência na divulgação de rendas, arbitragem polêmica, clubes da capital com aparente ganho financeiro e os do interior afundados em dívidas.
O mesmo Paulista-98, que teve seus direitos de bilheteria vendidos ao Grupo VR por R$ 41 milhões, registra iniciativas inéditas para atendimento ao público, como o vale-torcedor e o serviço do torcedor vip.
Propalado como "campeonato de Primeiro Mundo", o Paulista-98 quebrou uma de suas premissas (a de não alterar a tabela) logo na terceira rodada.
A média de público retrocedeu. Nesse item houve divergência entre Federação e seu sócio.
Enquanto, Eduardo José Farah, presidente da FPF, afirmava que a média (até o final da segunda fase) fora 55% superior a de 97, o Grupo VR, que divulgava apenas o total de renda, afirma que a presença de torcida caíra 10% em relação a última temporada (que teve média de 8.116 pagantes).
A derrocada de público recebeu impulso do regulamento. Privilegiados na tabela, Santos, Palmeiras, São Paulo e Corinthians só entraram na disputa na segunda fase.
De sua parte, o Grupo VR enfrentou problemas com algumas de suas iniciativas. O vale-torcedor - no qual o funcionário recebe da empresa um cupom depois trocado por ingresso- não era encontrado em número suficiente nos pontos de troca.
O ingresso para torcedor vip (com direito a transporte e almoço) depois de estrear fazendo os compradores chegarem atrasados ao estádio, foi suspenso nas finais.
A cota mínima de renda não salvou os clubes do Interior de crise financeira. Pelo regulamento, os quatro grandes recebiam R$ 500 mil por jogo em que fossem mandantes. Lusa e Guarani, R$ 140 mil; os demais, R$ 100 mil.
De seis clubes do interior ouvidos pela Folha apenas o Ituano afirmara ter tido lucro com a nova fórmula. Com rendas penhoradas para pagamentos de dívidas, o São José acabou o torneio com o time sendo dirigido por três jogadores.

Ausência e erros
Em campo, o Paulista-98 conseguiu quebrar tradições. Eliminado das finais, o Santos, terminou o Estadual sem enfrentar o Corinthians, o que não acontecia desde 1925, e o São Paulo, fato que não se repetia desde 1936.
Maior desastre viria nas semifinais, na segunda partida entre Lusa e Corinthians.
Importado pela FPF, o juiz argentino Javier Castrilli cometeu o erro que tirou a Lusa da final.
No jogo em que os quatro gols (2 a 2) surgiram de lances duvidosos, Castrilli marcou um pênalti do zagueiro César aos 45 minutos do segundo tempo. Ele assinalou que César dominou a bola na área com a mão. Na realidade, fora no peito.



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