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FUTEBOL
O caminho das pedras
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A vitória do Corinthians sobre o Atlético-MG, ontem no
Mineirão, foi animadora por vários motivos.
Primeiro, porque foi a segunda
vitória do alvinegro fora de casa
neste campeonato. Segundo, pela
estatura do adversário. Terceiro,
porque o time jogou com um atleta a menos quase todo o segundo
tempo. Por último, e mais importante, porque jogou bem.
Talvez o lance decisivo da partida tenha sido a pixotada do zagueiro Luís Alberto que ocasionou o pênalti e o primeiro gol corintiano. A partir dali, o Galo se
desequilibrou, e o Corinthians
passou a dominar o meio-campo
e a usar muito bem as laterais.
Mas só foi possível porque o alvinegro paulista teve time para isso. A entrada de André Luiz deu
consistência e qualidade ao toque
de bola na ligação da defesa com
o ataque. Ao lado de Robert, ele
arredondou o jogo para os bons
alas e atacantes corintianos.
Claro que nem tudo foram rosas. O time de Geninho foi excessivamente faltoso (o que ocasionou
as principais chances de gol do
Atlético e a expulsão de Marquinhos) e errou muitos passes na
saída de jogo, sobretudo com Fabrício e André (depois que este
cansou).
Com a saída de Robert e André,
diminuiu a qualidade do toque
de bola corintiano, mas o Atlético
não soube tirar proveito dessa circunstância. Pelo contrário: no afã
de buscar o empate, o técnico
Marcelo Oliveira acabou desmanchando o setor de criação do
meio-de-campo (sacando Tucho
e Alexandre) e partindo para o
bumba-meu-boi. Se tivesse tido
mais calma e competência, o Corinthians poderia até ter goleado.
Num único lance, Gil ilustrou
muito bem a distinção que Tostão
costuma fazer entre habilidade e
técnica. Mostrando habilidade,
driblou o goleiro Velloso e ficou
com o gol aberto à sua frente.
Mas, por uma deficiência técnica
("falta de pé direito"), chutou fraco de esquerda e permitiu que um
zagueiro salvasse o gol.
O goleiro Rubinho, por sua vez,
falhou no segundo gol atleticano
-sem querer tirar o mérito da
fantástica cobrança de falta de
Tucho-, mas se redimiu amplamente com pelo menos duas
grandes defesas.
Tudo somado, o que houve de
mais animador para a Fiel foi a
notável capacidade de recuperação da equipe e o esboço de padrão de jogo apresentado enquanto André Luiz e Robert tiveram fôlego. Qualidade do meio-campo: eis o caminho das pedras.
Finalmente o Santos e o São Paulo tiraram proveito de um revés
do Cruzeiro para ameaçar a hegemonia azul no campeonato. A
disputa pela liderança tende a ficar agora cada vez mais acirrada.
Cada tropeço pode ser fatal.
No Morumbi, o tricolor não jogou bem, mas o placar favorável
melhorou o humor da torcida,
que chegou a gritar o nome de
Kaká, apesar de sua atuação apagada. Talvez seja remorso pelas
recentes vaias, ou saudade antecipada, já que o jovem craque parece estar de malas prontas para
Milão.
Apatia do líder
Foi impressionante a apatia (reconhecida até pelo capitão
Alex) do Cruzeiro diante do
aguerrido São Caetano. Dá a
impressão de que o time de Luxemburgo, quando vê que vai
perder um jogo, resolve entregar logo os pontos e poupar
energia para os próximos confrontos. Só que já não existe
margem para relaxar. Todo
ponto é precioso.
Sem resposta
O leitor Joanicio Pacheco, de
Garopaba (SC), pergunta: "Por
que a Rede Globo só transmite
os jogos do Flamengo, aqui para o Sul, e não os do Corinthians?". Boa pergunta. Ontem,
desconfio que até a nação rubro-negra teria preferido ver
Atlético-MG x Corinthians a
testemunhar a goleada do Coritiba sobre o Mengo.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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