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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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FUTEBOL

O caminho das pedras

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A vitória do Corinthians sobre o Atlético-MG, ontem no Mineirão, foi animadora por vários motivos.
Primeiro, porque foi a segunda vitória do alvinegro fora de casa neste campeonato. Segundo, pela estatura do adversário. Terceiro, porque o time jogou com um atleta a menos quase todo o segundo tempo. Por último, e mais importante, porque jogou bem.
Talvez o lance decisivo da partida tenha sido a pixotada do zagueiro Luís Alberto que ocasionou o pênalti e o primeiro gol corintiano. A partir dali, o Galo se desequilibrou, e o Corinthians passou a dominar o meio-campo e a usar muito bem as laterais.
Mas só foi possível porque o alvinegro paulista teve time para isso. A entrada de André Luiz deu consistência e qualidade ao toque de bola na ligação da defesa com o ataque. Ao lado de Robert, ele arredondou o jogo para os bons alas e atacantes corintianos.
Claro que nem tudo foram rosas. O time de Geninho foi excessivamente faltoso (o que ocasionou as principais chances de gol do Atlético e a expulsão de Marquinhos) e errou muitos passes na saída de jogo, sobretudo com Fabrício e André (depois que este cansou).
Com a saída de Robert e André, diminuiu a qualidade do toque de bola corintiano, mas o Atlético não soube tirar proveito dessa circunstância. Pelo contrário: no afã de buscar o empate, o técnico Marcelo Oliveira acabou desmanchando o setor de criação do meio-de-campo (sacando Tucho e Alexandre) e partindo para o bumba-meu-boi. Se tivesse tido mais calma e competência, o Corinthians poderia até ter goleado.
Num único lance, Gil ilustrou muito bem a distinção que Tostão costuma fazer entre habilidade e técnica. Mostrando habilidade, driblou o goleiro Velloso e ficou com o gol aberto à sua frente. Mas, por uma deficiência técnica ("falta de pé direito"), chutou fraco de esquerda e permitiu que um zagueiro salvasse o gol.
O goleiro Rubinho, por sua vez, falhou no segundo gol atleticano -sem querer tirar o mérito da fantástica cobrança de falta de Tucho-, mas se redimiu amplamente com pelo menos duas grandes defesas.
Tudo somado, o que houve de mais animador para a Fiel foi a notável capacidade de recuperação da equipe e o esboço de padrão de jogo apresentado enquanto André Luiz e Robert tiveram fôlego. Qualidade do meio-campo: eis o caminho das pedras.
 
Finalmente o Santos e o São Paulo tiraram proveito de um revés do Cruzeiro para ameaçar a hegemonia azul no campeonato. A disputa pela liderança tende a ficar agora cada vez mais acirrada. Cada tropeço pode ser fatal.
No Morumbi, o tricolor não jogou bem, mas o placar favorável melhorou o humor da torcida, que chegou a gritar o nome de Kaká, apesar de sua atuação apagada. Talvez seja remorso pelas recentes vaias, ou saudade antecipada, já que o jovem craque parece estar de malas prontas para Milão.

Apatia do líder
Foi impressionante a apatia (reconhecida até pelo capitão Alex) do Cruzeiro diante do aguerrido São Caetano. Dá a impressão de que o time de Luxemburgo, quando vê que vai perder um jogo, resolve entregar logo os pontos e poupar energia para os próximos confrontos. Só que já não existe margem para relaxar. Todo ponto é precioso.

Sem resposta
O leitor Joanicio Pacheco, de Garopaba (SC), pergunta: "Por que a Rede Globo só transmite os jogos do Flamengo, aqui para o Sul, e não os do Corinthians?". Boa pergunta. Ontem, desconfio que até a nação rubro-negra teria preferido ver Atlético-MG x Corinthians a testemunhar a goleada do Coritiba sobre o Mengo.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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