São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BASQUETE
Direção da liga já admite que, mesmo que donos e atletas cheguem a acordo, a temporada não será completa
NBA perde "braço-de-ferro' com sindicato

da Reportagem Local

A NBA completa hoje 103 dias de locaute (greve de patrões) e, segundo seus próprios dirigentes já admitem, não começará sua temporada quando previsto.
Será a primeira vez em 51 anos de existência que a liga profissional norte-americana de basquete perderá jogos. Os primeiros da fase classificatória estão marcados para dia 3 de novembro próximo.
A NBA é a única entre as mais importantes ligas do esporte na América do Norte que nunca perdeu um jogo de sua temporada regular devido a algum tipo de greve.
Nesta década, a liga de hóquei (NHL) chegou a perder partidas, e a liga de beisebol (MLB) não teve uma temporada realizada (1994). No início da década passada, a liga de futebol americano (NFL) teve uma temporada reduzida.
Não é a primeira vez que uma disputa entre a liga e os jogadores atinge a NBA. Elas acontecem desde o final dos anos 70, predominantemente por causa de uso de drogas, mas sempre foram solucionadas sem maior impasse, principalmente devido a uma desunião grande entre os atletas.
Mas neste ano o sindicato dos jogadores conseguiu, pela primeira vez, realizar um trabalho de conscientização entre seus filiados, deixando claro para a liga que as vontades dos donos das equipes não seriam facilmente cumpridas.
"Está sendo pior agora, pois antes conseguíamos fazer a liderança do sindicato (dos jogadores) reconhecer os problemas", declarou o todo-poderoso da NBA, David Stern. "Mas não estamos sendo capazes de estabelecer a mesma relação com os atuais líderes."
O sindicato dos jogadores, liderado pelo pivô do New York Knicks Patrick Ewing (presidente) e por Billy Hunter (diretor executivo), tem realmente sido rígido ao defender a posição dos atletas (leia detalhes do caso ao lado).
Tanto que, após o locaute ser decretado, em 1º de julho, houve apenas duas reuniões entre as partes.
Na primeira delas, em 6 de agosto, os donos, inconformados com o que consideraram intransigência dos representantes dos atletas, simplesmente abandonaram a mesa de negociação.
Após um hiato de 64 dias sem contatos -nesse ínterim a pré-temporada (114 jogos) foi cancelada-, nova reunião aconteceu na última quinta-feira. Não houve avanços nas cinco horas de encontro, mas ao menos nenhuma das partes foi embora.
Novo encontro está agendado para depois de amanhã -derradeiro no sentido de salvar a realização da liga por completo.
"Devemos esperar até depois do encontro de terça para dar um parecer final, mas creio que será dificílimo (ocorrerem todos os jogos), mesmo com um acordo. Em nossa previsão, é preciso ao menos quatro semanas para os times se prepararem", afirmou Russ Granik, assistente de David Stern.
Em cada temporada da liga cada uma das 29 equipes, divididas em duas conferências (leste e oeste) realiza 82 jogos na fase classificatória. Oito times de cada conferência classificam-se para os playoffs. Na decisão, os melhores de cada conferência disputam o título. O atual campeão é o Chicago Bulls.
Se para a NBA é certo que partidas serão perdidas, a discussão deve tomar novo rumo, e a pergunta que ficará no ar é: existe a possibilidade real de a temporada 98/99 deixar de acontecer?
Caso as negociações continuem emperradas, como estão, sim.
Se a temporada for cancelada, custará a donos e atletas vários milhões de dólares -as entradas financeiras na NBA representam em média, a cada ano, US$ 2 bilhões. Além de custar também o descrédito junto aos fãs. (LUÍS CURRO)
²


Com agências internacionais



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.