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BASQUETE
Direção da liga já admite que, mesmo que donos e atletas cheguem a acordo, a temporada não será completa
NBA perde "braço-de-ferro' com sindicato
da Reportagem Local
A NBA completa hoje 103 dias de
locaute (greve de patrões) e, segundo seus próprios dirigentes já
admitem, não começará sua temporada quando previsto.
Será a primeira vez em 51 anos de
existência que a liga profissional
norte-americana de basquete perderá jogos. Os primeiros da fase
classificatória estão marcados para
dia 3 de novembro próximo.
A NBA é a única entre as mais
importantes ligas do esporte na
América do Norte que nunca perdeu um jogo de sua temporada regular devido a algum tipo de greve.
Nesta década, a liga de hóquei
(NHL) chegou a perder partidas, e
a liga de beisebol (MLB) não teve
uma temporada realizada (1994).
No início da década passada, a liga
de futebol americano (NFL) teve
uma temporada reduzida.
Não é a primeira vez que uma
disputa entre a liga e os jogadores
atinge a NBA. Elas acontecem desde o final dos anos 70, predominantemente por causa de uso de
drogas, mas sempre foram solucionadas sem maior impasse, principalmente devido a uma desunião
grande entre os atletas.
Mas neste ano o sindicato dos jogadores conseguiu, pela primeira
vez, realizar um trabalho de conscientização entre seus filiados, deixando claro para a liga que as vontades dos donos das equipes não
seriam facilmente cumpridas.
"Está sendo pior agora, pois antes conseguíamos fazer a liderança
do sindicato (dos jogadores) reconhecer os problemas", declarou o
todo-poderoso da NBA, David
Stern. "Mas não estamos sendo capazes de estabelecer a mesma relação com os atuais líderes."
O sindicato dos jogadores, liderado pelo pivô do New York
Knicks Patrick Ewing (presidente)
e por Billy Hunter (diretor executivo), tem realmente sido rígido ao
defender a posição dos atletas (leia
detalhes do caso ao lado).
Tanto que, após o locaute ser decretado, em 1º de julho, houve apenas duas reuniões entre as partes.
Na primeira delas, em 6 de agosto, os donos, inconformados com
o que consideraram intransigência
dos representantes dos atletas,
simplesmente abandonaram a mesa de negociação.
Após um hiato de 64 dias sem
contatos -nesse ínterim a pré-temporada (114 jogos) foi cancelada-, nova reunião aconteceu na
última quinta-feira. Não houve
avanços nas cinco horas de encontro, mas ao menos nenhuma das
partes foi embora.
Novo encontro está agendado
para depois de amanhã -derradeiro no sentido de salvar a realização da liga por completo.
"Devemos esperar até depois do
encontro de terça para dar um parecer final, mas creio que será dificílimo (ocorrerem todos os jogos),
mesmo com um acordo. Em nossa
previsão, é preciso ao menos quatro semanas para os times se prepararem", afirmou Russ Granik,
assistente de David Stern.
Em cada temporada da liga cada
uma das 29 equipes, divididas em
duas conferências (leste e oeste)
realiza 82 jogos na fase classificatória. Oito times de cada conferência
classificam-se para os playoffs. Na
decisão, os melhores de cada conferência disputam o título. O atual
campeão é o Chicago Bulls.
Se para a NBA é certo que partidas serão perdidas, a discussão deve tomar novo rumo, e a pergunta
que ficará no ar é: existe a possibilidade real de a temporada 98/99
deixar de acontecer?
Caso as negociações continuem
emperradas, como estão, sim.
Se a temporada for cancelada,
custará a donos e atletas vários milhões de dólares -as entradas financeiras na NBA representam em
média, a cada ano, US$ 2 bilhões.
Além de custar também o descrédito junto aos fãs.
(LUÍS CURRO)
²
Com agências internacionais
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