São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

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TAEKWONDO
Estréia da modalidade expõe o despreparo dos dirigentes
Desorganização ameaça excluir elite brasileira de Sydney-2000

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

Os atletas de elite da seleção brasileira de taekwondo, modalidade que estréia na Olimpíada de Sydney, correm o risco de não ir à competição devido à desorganização das entidades que controlam o esporte a nível nacional e mundial.
A atual seleção, por exemplo, não participa de etapa da seletiva, que acontece neste fim-de-semana, em Londrina, para formar o time olímpico porque na próxima semana apresenta-se nos Jogos Sul-Americanos e não pode correr risco de sofrer contusões.
A CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo) marcou a próxima etapa da seletiva para dezembro, data próxima a outra importante competição, uma semana após os Jogos Panamericanos.
"Em dezembro, estaremos voltando dos Jogos com o rendimento em baixa, enquanto os outros competidores (na seletiva) estarão atingindo o ápice", reclama Alyson Yamaguchi, atual campeão sul-americano da categoria até 58 kg e vice mundial em 93.
O presidente da CBTKD, Yong Min Kim, argumenta que os atletas que disputarem competições internacionais não serão prejudicados. "Elas (as competições) valerão pontos como as seletivas, dependendo de como os brasileiros se saírem", disse, sem, entretanto, explicar em detalhes quantos pontos valerão cada colocação.
Os atletas, porém, demonstram desconfiança em relação à teórica igualdade. "É mais difícil enfrentar estrangeiros dos quais nada sabemos (do que adversários em uma seletiva)", aponta Sérgio Alberto, que no Sul-Americano compete na categoria dos 78 kg. "Poderiam ter distribuído as datas das seletivas levando em conta as datas dos torneios internacionais."
Segundo Kim, "as datas foram decididas de acordo com a disponibilidade dos municípios que recepcionam as seletivas."
A FMT (Federação Mundial de Taekwondo) também adotou medida contraditória que prejudicou vários atletas. No meio deste ano, a entidade confirmou que na Olimpíada estarão valendo apenas quatro novas categorias de peso -tradicionalmente, adota-se oito categorias-, que estariam sendo adotadas já nas seletivas nacionais para formar as equipes olímpicas.
Outras competições, como é o caso do Sul-Americano e do Panamericano, por exemplo, continuam sendo disputadas no sistema original de divisão de pesos -com as oito categorias.
Vários atletas que se dispuseram a disputar competições internacionais tiveram que abdicar momentaneamente da idéia de participar dos Jogos de Sydney.
"Saí duplamente no prejuízo. Além de ter que me adaptar, terei muito pouco tempo para fazê-lo até a disputa da seletiva final (em março)", lamenta Yamaguchi.
Outros adotaram posição mais drástica, como Marcos Pereira, campeão sul-americano nos 54 kg e que desistiu de ir para Sydney.
"Não daria para subir quatro quilos (a categoria mais leve na Olimpíada será a dos 58 kg) em tão pouco tempo. O melhor é já ir pensando na Olimpíada de 2004."



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