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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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CBF faz maior arrastão da história e toma 57 atletas


Por mais de uma semana, times principal, sub-23 e sub-20 treinam e jogam basicamente com profissionais que são titulares em clubes brasileiros e da Europa


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A partir de hoje, e até a próxima terça-feira, a CBF é responsável por um número recorde de jogadores profissionais ao mesmo tempo. Nesse período, estarão em ação juntas as equipes principal, sub-23 e sub-20 do Brasil.
Nunca antes as três mais importantes seleções masculinas do país requisitaram ao mesmo tempo tantos atletas de ponta-são 57 convocados, sendo que 51 são titulares absolutos em seus times.
Dois dos times já se apresentaram ontem. O olímpico em São Paulo, de onde partiu para São José do Rio Preto, local dos treinos e do amistoso contra o Corinthians no sábado. A seleção sub-20 foi para Granja Comary, onde se prepara para o Mundial, que começa no final do mês. Por fim, hoje é a vez de o time principal se juntar, também no centro de treinamento de Teresópolis, para o apronto visando os jogos contra Peru, no domingo, e Uruguai, no dia 19, pelas eliminatórias da Copa-2006.
As três equipes estarão em atividade ao mesmo tempo até a próxima terça-feira, quando a seleção sub-23 se desfaz após partida amistosa com o Santos.
Com revelações cada vez mais precoces, o futebol brasileiro faz estragos nos clubes em todas as categorias. Na equipe olímpica, em que ninguém tem mais de 22 anos, 19 dos 20 convocados são titulares nos clubes que defendem, incluindo cinco jogadores que estão na Europa em clubes grandes, como o lateral Maxwell, do Ajax (HOL), e o meia-lateral Thiago Motta, do Barcelona (ESP).
Mas é na seleção sub-20 que o panorama mais mudou. Garotos que há alguns anos ainda militavam nas categorias de base hoje têm status de estrelas no Brasil e no exterior. Dos 15 nomes relacionados pelo técnico Marcos Paquetá, três jogam na Europa -o lateral-direito Daniel, do Sevilla (ESP), o zagueiro Alcides Eduardo, do Schalke 04 (ALE), e o meia Leandro, do PSV (HOL). Dos outros 12, dez são titulares no Campeonato Brasileiro-03, e um, o volante Dudu, do Vitória, já foi até chamado para a seleção principal.
"Só o futebol brasileiro pode na mesma época reunir seleções desse gabarito", comemora Carlos Alberto Parreira, o técnico da equipe principal, que tem na sua lista jogadores que poderiam, pela idade, defender a equipe sub-23, como Kaká e Elano.
Apesar desses dois desfalques, Parreira se derrete quando fala do time que vai tentar em 2004 conquistar a primeira medalha de ouro em uma Olimpíada para o país.
"Se você for olhar, o time que o Ricardo Gomes chamou é um senhor time, que faria inveja a qualquer seleção do mundo", diz Parreira, que ao contrário do que fizeram seus antecessores nas últimas duas Olimpíadas abriu mão de comandar o time sub-23.
Para a CBF, a reunião de tantos jogadores não é um problema.
"A paralisação criada dentro do calendário ajudou. Não tivemos problemas e não atrapalhamos os times", afirma o supervisor Américo Faria, falando sobre as pausas tanto nos campeonatos europeus quanto na Série A do Brasileiro para jogos de seleções nos próximos dez dias.
Mas, para não desfalcar o Palmeiras, na reta final da Série B, a CBF abriu mão de convocar alguns jogadores, como o goleiro Marcos, nome certo para a seleção principal, o meia Diego Souza e o artilheiro Vágner, titulares do time sub-20 no Pan-Americano de Santo Domingo.

Prejuízo
Se não podem impedir que os jogadores sirvam a seleção em períodos como o atual, chamados de "datas Fifa", os clubes europeus querem pelo menos uma compensação financeira.
Eles reclamam que a CBF não paga parte dos salários dos atletas pelo período em que eles estejam servindo as seleções. Se o desejo europeu vingar, o Brasil terá que gastar bem mais do que que faz hoje, quando banca as passagens.


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