São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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Pior do século, Guarani joga sobrevida em Belém

Eduardo Beck/Agência Anhangüera
O goleiro Jean, do Guarani, que pode ser rebaixado caso seja derrotado no Pará pelo Paysandu


O goleiro Jean, do Guarani, que pode ser rebaixado caso seja derrotado no Pará pelo Paysandu

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Uma derrota hoje em Belém, contra o Paysandu, coloca o Guarani na segunda divisão do Brasileiro. E pelo retrospecto da elite no século 21, nada é mais justo do que a queda dos campineiros.
Salvo de dois rebaixamentos no período por virada de mesa (Paulista) ou mudança no calendário (Rio-São Paulo), o primeiro campeão nacional de uma cidade do interior de um Estado é o pior time da elite atual no século.
Considerando todas as competições nacionais de primeira divisão a partir de 2001, o Guarani, que disputou pela última vez a Série B em 1991, tem um pífio aproveitamento de 41,7% no século -quem chega mais perto disso é o Botafogo, com 44%.
Vexame foi a marca do clube no século. Nunca no período o Guarani ganhou mais de 50% dos pontos em disputa numa temporada. Também não conseguiu registrar um saldo de gols positivo. O time acumulou derrotas vergonhosas, como um 7 a 1 para o Vasco e um 6 a 1 contra o Paysandu.
E a coisa piorou em 2004. Até agora, a equipe só ganhou um terço dos pontos que disputou.
Seu ataque não consegue alcançar a modesta média de um gol por partida. No Brasileiro, a média de 0,89 é a pior desta edição e a segunda menor do século.
"Este é um momento de apoiar e ajudar. Mas é quase impossível o time se manter na primeira divisão", diz Beto Zini, ex-presidente do clube e hoje opositor de José Luiz Lourencetti, o atual mandatário e que está à frente do clube desde o início do século 21.
Se empatar diante do Paysandu, rival que não perde em casa para um time paulista desde 2002, o Guarani dependerá de uma improvável combinação de resultados para não cair já amanhã. Mesmo se vencer as duas partidas que ainda vai fazer (depois do Paysandu pega em casa o Grêmio), o clube terá que contra com a ajuda de outros placares para sobreviver.
O técnico Jair Picerni até que fez o time melhorar, mas ele mesmo admite que a reação pode ter chegado tarde. "Se não vencermos os dois próximos jogos não vai valer de nada", declarou o treinador, que foi um dos sete comandantes do clube neste Nacional.
O Guarani teve cinco técnicos efetivos e dois interinos. Demitiu nove jogadores na reta final do campeonato, entre eles o atacante Viola, artilheiro do time na competição, com dez gols.
Também há a crise financeira. Em março, a Federação Paulista de Futebol antecipou verba ao clube para pagar os salários atrasados de atletas e funcionários. O montante gira em torno de R$ 850 mil, referentes às cotas que o clube receberia no Paulista de 2005.
Ontem, os cofres do clube sofreram um novo revés financeiro. O STJD condenou a equipe por ter apresentado "denúncias consideradas infundadas" para tirar pontos de Botafogo e Flamengo. O time campineiro foi multado em R$ 10 mil.

Gozação do rival
Enquanto o Guarani afunda, a arqui-rival Ponte luta por vaga na Copa Sul-Americana. A situação faz os torcedores se esbaldarem.
A torcida ponte-pretana organizou o COF (Comitê Oficial de Funeral) do Guarani, além de preparar o "enterro", com direito a carreata com caixões pelas principais avenidas da cidade, para satirizar o possível rebaixamento do rival.
Torcedores alugaram até um avião monomotor para sobrevoar a cidade com uma faixa em "comemoração" ao terceiro rebaixamento do clube em campo nos últimos quatro anos.
"Vamos pintar três caixões de verde e branco para fazer uma carreata pela cidade. Vamos cremar os caixões e jogar as cinzas no córrego do Piçarrão", afirmou Márcio Rosa, da Torcida Jovem da Ponte Preta.


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