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FUTEBOL
Um ano amargo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Muita coisa se decide nesta
rodada do Brasileiro. O
Guarani pode se despedir hoje da
Série A, o Atlético-PR pode ser
campeão amanhã.
Mas é bem possível que tudo fique em aberto até o próximo fim
de semana, só para provar de vez
que o torneio por pontos corridos
pode ser emocionante até o fim.
Qualquer que seja o campeão,
porém, e quaisquer que sejam os
rebaixados, o Brasileirão-2004 ficará marcado como aquele em
que morreu o jogador Serginho.
Além disso, o campeonato deste
ano sairá chamuscado por várias
queixas, denúncias e desconfianças de clubes que se sentiram prejudicados dentro e fora do campo.
Se os santistas se consideram
perseguidos pela arbitragem e pelas decisões da Justiça esportiva, o
que dirão então os torcedores do
São Caetano, que viram seu Azulão despencar do quarto para o
14º lugar mediante uma simples
puxada de tapetão?
Há quem diga que a lei é clara e
está aí para ser cumprida. Duas
meias-verdades, aliás. Pois a lei
não é nada clara e nem sempre é
cumprida. Depende de quem a
infringe.
No caso em questão, a situação
é muito complexa, tanto na esfera
da Justiça esportiva como na da
Justiça comum. O médico do Incor se enrola cada vez mais, desmentindo hoje o desmentido de
ontem, a direção do clube se contradiz, a viúva de Serginho contesta todo mundo. Tudo indica
que o processo vai longe.
Só quem parece não ter dúvida
de que o clube deve ser punido
com a perda de 24 pontos é o presidente do STJD, Luiz Zveiter. Será que ele teria tanta certeza se,
em vez do Azulão, quem estivesse
em julgamento fosse um Botafogo, um Vasco ou um Flamengo?
São coisas delicadas, sobre as
quais é difícil provar qualquer
coisa, mas no futebol brasileiro é
evidente que alguns são "mais
iguais" que os outros.
A falta de critérios igualitários e
transparentes no tratamento dos
casos de arremesso de objetos ao
campo por torcedores, por exemplo, faz com que esse seja um terreno fértil para as manobras políticas. Mais que isso: abre caminho
para que os distúrbios sejam provocados deliberadamente, no
campo do adversário, já de olho
nas punições.
Mas a mais grave das desconfianças é a que diz respeito à estranha atuação do Palmeiras
contra o Flamengo.
A pedido de alguns leitores, palmeirenses e não-palmeirenses, revi o teipe do jogo com atenção. Os
gols perdidos pelo Palmeiras podem ficar por conta das limitações técnicas e do nervosismo de
seus jogadores, mas o segundo gol
flamenguista, de Athirson, foi de
fato muito esquisito. Parece que
abriram uma clareira na área para que ele ficasse à vontade para
cabecear.
Mas o Palmeiras precisava vencer para seguir na luta pela Libertadores. A não ser, claro, que já
soubesse que o São Caetano estava fora do páreo.
"Dura lex sed lex", dizem os advogados. Já a frase favorita do leigo é outra: "A corda sempre arrebenta do lado mais fraco".
Nós e o Porto
Amanhã é dia de acordar cedo
para acompanhar a final do
Mundial interclubes, entre o
Porto e o Once Caldas. Vou torcer pelo Porto não só pela presença dos brasileiros Diego,
Carlos Alberto e Luís Fabiano,
mas porque o futebol do Once
Caldas é muito chato de ver. Se
o time colombiano for campeão, periga gerar imitadores.
Fogão e Furacão
O Botafogo, um dos ameaçados
de rebaixamento, deu o baita
azar de pegar na última rodada
o Atlético-PR, na casa deste. Se
não tiver conquistado ainda o
título, o Furacão vai fazer tudo
pelos pontos. Mesmo que já seja campeão, entretanto, vai
querer fazer bonito diante da
sua fiel torcida. Ou seja: o melhor para o Botafogo é tentar se
garantir contra o Corinthians.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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