São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Um ano amargo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Muita coisa se decide nesta rodada do Brasileiro. O Guarani pode se despedir hoje da Série A, o Atlético-PR pode ser campeão amanhã.
Mas é bem possível que tudo fique em aberto até o próximo fim de semana, só para provar de vez que o torneio por pontos corridos pode ser emocionante até o fim.
Qualquer que seja o campeão, porém, e quaisquer que sejam os rebaixados, o Brasileirão-2004 ficará marcado como aquele em que morreu o jogador Serginho.
Além disso, o campeonato deste ano sairá chamuscado por várias queixas, denúncias e desconfianças de clubes que se sentiram prejudicados dentro e fora do campo.
Se os santistas se consideram perseguidos pela arbitragem e pelas decisões da Justiça esportiva, o que dirão então os torcedores do São Caetano, que viram seu Azulão despencar do quarto para o 14º lugar mediante uma simples puxada de tapetão?
Há quem diga que a lei é clara e está aí para ser cumprida. Duas meias-verdades, aliás. Pois a lei não é nada clara e nem sempre é cumprida. Depende de quem a infringe.
No caso em questão, a situação é muito complexa, tanto na esfera da Justiça esportiva como na da Justiça comum. O médico do Incor se enrola cada vez mais, desmentindo hoje o desmentido de ontem, a direção do clube se contradiz, a viúva de Serginho contesta todo mundo. Tudo indica que o processo vai longe.
Só quem parece não ter dúvida de que o clube deve ser punido com a perda de 24 pontos é o presidente do STJD, Luiz Zveiter. Será que ele teria tanta certeza se, em vez do Azulão, quem estivesse em julgamento fosse um Botafogo, um Vasco ou um Flamengo?
São coisas delicadas, sobre as quais é difícil provar qualquer coisa, mas no futebol brasileiro é evidente que alguns são "mais iguais" que os outros.
A falta de critérios igualitários e transparentes no tratamento dos casos de arremesso de objetos ao campo por torcedores, por exemplo, faz com que esse seja um terreno fértil para as manobras políticas. Mais que isso: abre caminho para que os distúrbios sejam provocados deliberadamente, no campo do adversário, já de olho nas punições.
Mas a mais grave das desconfianças é a que diz respeito à estranha atuação do Palmeiras contra o Flamengo.
A pedido de alguns leitores, palmeirenses e não-palmeirenses, revi o teipe do jogo com atenção. Os gols perdidos pelo Palmeiras podem ficar por conta das limitações técnicas e do nervosismo de seus jogadores, mas o segundo gol flamenguista, de Athirson, foi de fato muito esquisito. Parece que abriram uma clareira na área para que ele ficasse à vontade para cabecear.
Mas o Palmeiras precisava vencer para seguir na luta pela Libertadores. A não ser, claro, que já soubesse que o São Caetano estava fora do páreo.
"Dura lex sed lex", dizem os advogados. Já a frase favorita do leigo é outra: "A corda sempre arrebenta do lado mais fraco".

Nós e o Porto
Amanhã é dia de acordar cedo para acompanhar a final do Mundial interclubes, entre o Porto e o Once Caldas. Vou torcer pelo Porto não só pela presença dos brasileiros Diego, Carlos Alberto e Luís Fabiano, mas porque o futebol do Once Caldas é muito chato de ver. Se o time colombiano for campeão, periga gerar imitadores.

Fogão e Furacão
O Botafogo, um dos ameaçados de rebaixamento, deu o baita azar de pegar na última rodada o Atlético-PR, na casa deste. Se não tiver conquistado ainda o título, o Furacão vai fazer tudo pelos pontos. Mesmo que já seja campeão, entretanto, vai querer fazer bonito diante da sua fiel torcida. Ou seja: o melhor para o Botafogo é tentar se garantir contra o Corinthians.

E-mail jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Motor - Fábio Seixas: Vale um Oscar
Próximo Texto: Ginástica: Daiane cogita cirurgia nos dois joelhos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.