São Paulo, Segunda-feira, 12 de Abril de 1999
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F-1
Falha no câmbio do McLaren fez piloto pensar em desistir na terceira volta, mas técnicos orientaram-no a seguir
McLaren "convence" Hakkinen a vencer

Reuters
Mika Hakkinen, vencedor do GP Brasil, cumprimenta Viviane, irmã de Ayrton Senna, após a corrida


da Reportagem Local

Se dependesse apenas de sua sensibilidade, Mika Hakkinen poderia ter abandonado o GP Brasil de F-1, ontem, em Interlagos.
Depois de largar na pole e liderar as três primeiras voltas, o atual campeão mundial não conseguiu engatar mais as marchas de seu McLaren. E comunicou o time pelo rádio: "O jogo acabou".
Após examinar os dados da telemetria e nada constatar, os técnicos da equipe inglesa convenceram Hakkinen a continuar tentando o engate. "E, de repente, começou a funcionar", contou o finlandês após a prova, sua primeira vitória no ano, a décima da carreira.
Hakkinen, a exemplo do ano passado, dominou a corrida. Foi o mais rápido nos treinos livres de sexta, marcou a pole no sábado e só não obteve uma vitória de ponta a ponta ontem por causa do susto dado pelo sistema de embreagem.
Na largada, partiu praticamente sozinho, já que o companheiro David Coulthard, ao seu lado na primeira fila, também sofreu com o câmbio e não saiu do lugar.
Atrás de Hakkinen na primeira fila, Rubens Barrichello não teve dificuldades em seguir o líder, já que Michael Schumacher, quarto do grid, foi obrigado a desviar de Coulthard, parado a sua frente.
Com a falha do câmbio na terceira volta, Hakkinen acabou sendo ultrapassado pelo piloto brasileiro e pelo ferrarista, mas recuperou-se a tempo de se manter em terceiro.
Com menos combustível no tanque e pneus mais moles, Barrichello, apesar da diferença de potência entre seu Stewart e a Ferrari do alemão, conseguiu reter a liderança com tranquilidade.
Na sexta volta, já havia construído uma vantagem de três segundos e meio sobre o adversário, diferença que manteria até o primeiro pit stop, que realizou ao completar 27 voltas -na verdade, sua estratégia era parar após 24 voltas.
De volta à pista, Barrichello, um dos poucos a optar por duas paradas na corrida, já era o quarto colocado, atrás de Schumacher, Hakkinen e Eddie Irvine, que vinha a cerca de 25 segundos dos duelistas de 1998.
A partir desse momento, aliás, a F-1 retornou à sua lógica, a que resumiu a temporada passada, e a que deve se repetir neste ano, Schumacher contra Hakkinen.
A distância entre os dois era de apenas meio segundo, e Hakkinen demonstrava que tinha desempenho sobrando em seu McLaren. Mesmo assim, Schumacher se defendia bem dos ataques do rival.
Na verdade, a disputa era melhor no segundo pelotão. Barrichello rapidamente alcançou Irvine e acabaria por ultrapassá-lo na volta 36, na entrada do S do Senna.
Duas voltas depois, Schumacher faria seu único pit stop, gastando 10s3 na operação. Hakkinen acabaria repetindo o alemão na volta 42, apesar de ter planejado parar mais tarde -encontrou Irvine pela frente, e a equipe optou por adiantar sua parada.
O trabalho da McLaren foi impecável, consumindo apenas 9s1 e devolvendo Hakkinen à pista como o novo líder. Mas o mérito também coube ao finlandês, que na voltas precedentes, conseguiu uma série de giros rápidos.
Se a corrida parecia definida à frente, ela perdeu muito do interesse na volta 43, quando os dois representantes brasileiros na prova, Barrichello e Pedro Paulo Diniz, que vinha em oitavo, abandonaram o GP.
Barrichello sofreu uma falha no motor Ford, enquanto Diniz teve o bico de seu Sauber decepado por Tora Takagi, piloto da Arrows.
Nesse momento, os seis primeiros eram Hakkinen, Schumacher, Heinz-Harad Frentzen, que ainda faria sua única parada na volta 45, Irvine, Ralf Schumacher e Olivier Panis, da Prost.
A partir de então, a corrida proporcionou algumas cenas incomuns, todas relacionadas ao segundo pelotão. Irvine, na volta 56, foi obrigado a fazer um segundo pit stop, apenas para encher de ar o sistema de válvulas pneumáticas do motor, aproveitando para trocar também os pneus.
A duas voltas do final, a Williams preparou-se para fazer um "splash and go" no carro de Ralf Schumacher, mas o alemão conseguiu terminar em quarto, apesar do assédio de Irvine.
Hakkinen cruzou a linha de chegada seguido por Schumacher. E Frentzen acabou alcançando o pódio, mesmo sem terminar a corrida -parou na última volta, com problemas de pressão do óleo. Na verdade, foi o único piloto a não ter sido ultrapassado pelos líderes e classificou-se mesmo sem receber a bandeirada.


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