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KUERTEN 3 X 1 NORMAN
Série tem 11 match points e disputa definida em 8 a 6 no tie-break
Set final dá ao jogo status de decisão de Grand Slam
DE PARIS
Gustavo Kuerten e Magnus
Norman fizeram apenas um set
-o quarto e último- digno de
uma final de Grand Slam: foi decidido no tie-break e teve onze
match points.
Melhor no início do jogo, Kuerten fez valer seu maior trunfo no
torneio, o saque, para se impor.
Atacando melhor, o brasileiro
confirmou seu serviço e quebrou
o do adversário, abrindo 2/0 na
primeira parcial.
Norman, embora seja conhecido como um tenista frio, parecia
nervoso. Cometia duplas-faltas e
erros não-forçados, facilitando o
trabalho de Kuerten, que chegou
a 4/0 em apenas 15 minutos.
No quinto game, o sueco teve
dificuldade para confirmar seu
serviço e ganhar o primeiro game.
Mas não conseguiu reagir.
Kuerten se manteve à frente no
placar e fechou a parcial em 6/2,
depois de 43 minutos.
No segundo set, Norman trocou
de camisa -tirou a branca e colocou uma preta-, mas o panorama da partida não mudou.
Kuerten, porém, começou quebrando o serviço do adversário.
Desequilibrado, Norman se irritava com tudo: barulho da torcida,
juiz e até o vento.
A torcida era majoritariamente
favorável ao brasileiro, mas Norman teve uma aliada de peso na
platéia: a tenista número um do
mundo, Martina Hingis. Embora
o namoro entre os dois não tenha
sido admitido, Hingis sorria a cada ponto do sueco.
Vestindo uma calça de oncinha,
a tenista assistiu ao jogo ao lado
do empresário de Kuerten, Jorge
Salkeld. Ao lado dele estava a avó
do brasileiro, Olga Schlosser.
Decepção
Na quadra, o namorado de Hingis continuava decepcionando.
Kuerten quebrou o saque do sueco no quinto game e abriu 4/1 no
placar. Com boa -e precisa-
variação de golpes, o brasileiro fechou o set em 6/3, ao final de 45
minutos.
Na terceira parcial, Kuerten não
conseguiu bom aproveitamento
no serviço, e Norman subiu de
produção. O sueco quebrou o saque do brasileiro no terceiro game
e liderou pela primeira vez o placar em uma parcial.
Com Kuerten irregular, Norman não teve trabalho para ganhar o set, marcando 6/2 em 38
minutos.
No quarta série, Kuerten e Norman fizeram um jogo extremamente equilibrado e de alta qualidade técnica.
O brasileiro, que recebeu massagem nas costas antes do início
do set, teve seu serviço quebrado
logo no primeiro game, mas devolveu a quebra no seguinte.
Norman voltaria a quebrar o
serviço de Kuerten no quinto game e manteve seu saque, abrindo
4/2 no placar. Mas o brasileiro
igualou a quebra e passou à frente, fazendo 5/4.
Polêmica
No décimo game, ocorreu o lance mais polêmico da partida.
Kuerten tinha dois match points,
e Norman estava sacando. Após
troca de bola, o sueco mandou
uma bola rente à linha.
Kuerten protestou, alegando
que a bola tinha saído. O brasileiro chegou até a esboçar uma caminhada até a rede, como se o jogo estivesse encerrado. O juiz, porém, deu ponto para o rival.
O lance irritou Kuerten, que
voltou a protestar no ponto seguinte, em que o juiz não marcou
uma bola fora de Norman.
O game terminou com outra
discussão. O juiz de linha não
marcou uma bola fora de Kuerten, e Norman mandou a bola na
rede. Após verificação, o juiz principal deu o ponto para o sueco.
Após confirmar seu serviço,
Kuerten disputou o game mais
emocionante e longo -durou 11
minutos- do jogo, em que Norman teve muito trabalho para
confirmar o serviço e levar a decisão para o tie-break (desempate).
O brasileiro abriu 3/0 no tie-break e deu a impressão de que
venceria facilmente. Mas Norman
reagiu, empatou e teve a chance
de passar à frente. Mas perdeu seu
serviço ao errar um voleio.
Kuerten aproveitou e abriu 6/3,
mas Norman reagiu novamente e
salvou mais três match points.
O brasileiro confirmou seu serviço e passou novamente à frente.
Norman, depois de outra longa
troca de bola, mandou a bola fora,
rente à linha.
A primeira reação de Kuerten
foi se virar para o público, na direção em que estava seu treinador,
Larri Passos, e se curvar em reverência, como um maestro.
Depois de cumprimentar Norman, o brasileiro invadiu a tribuna para abraçar o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, o
Braguinha, que é seu amigo, e
Passos. Para ir e voltar, teve de caminhar se apoiando na cabeça das
pessoas.
No discurso da cerimônia de
premiação, Kuerten lembrava o
campeão de 1997. "Oi, todo mundo. Estou aqui de novo", disse, fazendo a platéia rir.
"Eu estava muito nervoso para
terminar o jogo e também agora,
para falar. Foi aqui que apareci
para o mundo, vim do nada e comecei a jogar, a me divertir. Agora, meu sonho se realizou de novo", disse.
(RONALDO SOARES)
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