São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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KUERTEN 3 X 1 NORMAN
Série tem 11 match points e disputa definida em 8 a 6 no tie-break
Set final dá ao jogo status de decisão de Grand Slam

DE PARIS

Gustavo Kuerten e Magnus Norman fizeram apenas um set -o quarto e último- digno de uma final de Grand Slam: foi decidido no tie-break e teve onze match points.
Melhor no início do jogo, Kuerten fez valer seu maior trunfo no torneio, o saque, para se impor. Atacando melhor, o brasileiro confirmou seu serviço e quebrou o do adversário, abrindo 2/0 na primeira parcial.
Norman, embora seja conhecido como um tenista frio, parecia nervoso. Cometia duplas-faltas e erros não-forçados, facilitando o trabalho de Kuerten, que chegou a 4/0 em apenas 15 minutos.
No quinto game, o sueco teve dificuldade para confirmar seu serviço e ganhar o primeiro game. Mas não conseguiu reagir.
Kuerten se manteve à frente no placar e fechou a parcial em 6/2, depois de 43 minutos.
No segundo set, Norman trocou de camisa -tirou a branca e colocou uma preta-, mas o panorama da partida não mudou.
Kuerten, porém, começou quebrando o serviço do adversário. Desequilibrado, Norman se irritava com tudo: barulho da torcida, juiz e até o vento.
A torcida era majoritariamente favorável ao brasileiro, mas Norman teve uma aliada de peso na platéia: a tenista número um do mundo, Martina Hingis. Embora o namoro entre os dois não tenha sido admitido, Hingis sorria a cada ponto do sueco.
Vestindo uma calça de oncinha, a tenista assistiu ao jogo ao lado do empresário de Kuerten, Jorge Salkeld. Ao lado dele estava a avó do brasileiro, Olga Schlosser.

Decepção
Na quadra, o namorado de Hingis continuava decepcionando. Kuerten quebrou o saque do sueco no quinto game e abriu 4/1 no placar. Com boa -e precisa- variação de golpes, o brasileiro fechou o set em 6/3, ao final de 45 minutos.
Na terceira parcial, Kuerten não conseguiu bom aproveitamento no serviço, e Norman subiu de produção. O sueco quebrou o saque do brasileiro no terceiro game e liderou pela primeira vez o placar em uma parcial.
Com Kuerten irregular, Norman não teve trabalho para ganhar o set, marcando 6/2 em 38 minutos.
No quarta série, Kuerten e Norman fizeram um jogo extremamente equilibrado e de alta qualidade técnica.
O brasileiro, que recebeu massagem nas costas antes do início do set, teve seu serviço quebrado logo no primeiro game, mas devolveu a quebra no seguinte.
Norman voltaria a quebrar o serviço de Kuerten no quinto game e manteve seu saque, abrindo 4/2 no placar. Mas o brasileiro igualou a quebra e passou à frente, fazendo 5/4.

Polêmica
No décimo game, ocorreu o lance mais polêmico da partida. Kuerten tinha dois match points, e Norman estava sacando. Após troca de bola, o sueco mandou uma bola rente à linha.
Kuerten protestou, alegando que a bola tinha saído. O brasileiro chegou até a esboçar uma caminhada até a rede, como se o jogo estivesse encerrado. O juiz, porém, deu ponto para o rival.
O lance irritou Kuerten, que voltou a protestar no ponto seguinte, em que o juiz não marcou uma bola fora de Norman.
O game terminou com outra discussão. O juiz de linha não marcou uma bola fora de Kuerten, e Norman mandou a bola na rede. Após verificação, o juiz principal deu o ponto para o sueco.
Após confirmar seu serviço, Kuerten disputou o game mais emocionante e longo -durou 11 minutos- do jogo, em que Norman teve muito trabalho para confirmar o serviço e levar a decisão para o tie-break (desempate).
O brasileiro abriu 3/0 no tie-break e deu a impressão de que venceria facilmente. Mas Norman reagiu, empatou e teve a chance de passar à frente. Mas perdeu seu serviço ao errar um voleio.
Kuerten aproveitou e abriu 6/3, mas Norman reagiu novamente e salvou mais três match points.
O brasileiro confirmou seu serviço e passou novamente à frente. Norman, depois de outra longa troca de bola, mandou a bola fora, rente à linha.
A primeira reação de Kuerten foi se virar para o público, na direção em que estava seu treinador, Larri Passos, e se curvar em reverência, como um maestro.
Depois de cumprimentar Norman, o brasileiro invadiu a tribuna para abraçar o empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, que é seu amigo, e Passos. Para ir e voltar, teve de caminhar se apoiando na cabeça das pessoas.
No discurso da cerimônia de premiação, Kuerten lembrava o campeão de 1997. "Oi, todo mundo. Estou aqui de novo", disse, fazendo a platéia rir.
"Eu estava muito nervoso para terminar o jogo e também agora, para falar. Foi aqui que apareci para o mundo, vim do nada e comecei a jogar, a me divertir. Agora, meu sonho se realizou de novo", disse. (RONALDO SOARES)

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