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Das marcas à política, elas ganham espaço
DO ENVIADO A SYDNEY
Reticente à idéia da participação feminina, por respeito à tradição grega ou por misoginia, o barão Pierre de Coubertin, fundador do COI (Comitê Olímpico Internacional), ficaria aturdido se
soubesse que, em algumas modalidades, como o salto com vara, as
chances de as mulheres quebrarem recordes em Sydney são
maiores que as dos homens.
Na Olimpíada australiana, com
a introdução do salto com vara e
do martelo, elas estarão competindo nas mesmas provas de campo do atletismo que os homens.
Desde 1991, o recorde mundial
do salto com vara feminino foi
quebrado 30 vezes por seis mulheres. A atual recordista e favorita à medalha de ouro, a norte-americana Stacy Dragila, 29, bateu a marca três vezes -uma delas no Mundial de Sevilha, ano
passado, e a mais recente durante
a seletiva olímpica. Sua atual marca é de 4,62 m.
No mesmo período, um só homem, o ucraniano Sergei Bubka,
bateu o recorde mundial sete vezes. Atrelado a contratos publicitários e aos bônus que recebia a
cada marca, Bubka as estabelecia
em conta-gotas: entre 1991 e 1994,
ano da última quebra, o recorde
passou de 6,07 m para 6,14 m.
Pelo recorde mundial de Sevilha, Dragila recebeu a metade dos
US$ 80 mil disponíveis para os
saltadores homens. ""Espero que
não recebamos em Sydney metade da medalha", disse ela.
A própria evolução da participação das mulheres nas modalidades dos saltos ocorreu com longos espasmos. O salto em altura
era um dos dois eventos femininos introduzidos em 1928.
O salto em distância feminino
não chegou aos Jogos antes de
1948, em Amsterdã, e o salto triplo
estrearia somente em Atlanta-96.
Também um longo período de
espera ocorreu desde que a primeira mulher, a polonesa Halina
Konopacka, conquistou uma medalha de ouro no disco, em 1928,
até a estréia no martelo.
A lentidão se repetiu quando as
mulheres tentaram ascender a
postos dentro do Movimento
Olímpico. Em 1981, o espanhol
Juan Antonio Samaranch nomeava a primeira mulher membro do
COI. Hoje, dos 113 membros do
comitê (a nova eleição é hoje), 13
são do sexo feminino.
(JAD)
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