São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2000

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Das marcas à política, elas ganham espaço

DO ENVIADO A SYDNEY


Reticente à idéia da participação feminina, por respeito à tradição grega ou por misoginia, o barão Pierre de Coubertin, fundador do COI (Comitê Olímpico Internacional), ficaria aturdido se soubesse que, em algumas modalidades, como o salto com vara, as chances de as mulheres quebrarem recordes em Sydney são maiores que as dos homens.
Na Olimpíada australiana, com a introdução do salto com vara e do martelo, elas estarão competindo nas mesmas provas de campo do atletismo que os homens.
Desde 1991, o recorde mundial do salto com vara feminino foi quebrado 30 vezes por seis mulheres. A atual recordista e favorita à medalha de ouro, a norte-americana Stacy Dragila, 29, bateu a marca três vezes -uma delas no Mundial de Sevilha, ano passado, e a mais recente durante a seletiva olímpica. Sua atual marca é de 4,62 m.
No mesmo período, um só homem, o ucraniano Sergei Bubka, bateu o recorde mundial sete vezes. Atrelado a contratos publicitários e aos bônus que recebia a cada marca, Bubka as estabelecia em conta-gotas: entre 1991 e 1994, ano da última quebra, o recorde passou de 6,07 m para 6,14 m.
Pelo recorde mundial de Sevilha, Dragila recebeu a metade dos US$ 80 mil disponíveis para os saltadores homens. ""Espero que não recebamos em Sydney metade da medalha", disse ela.
A própria evolução da participação das mulheres nas modalidades dos saltos ocorreu com longos espasmos. O salto em altura era um dos dois eventos femininos introduzidos em 1928.
O salto em distância feminino não chegou aos Jogos antes de 1948, em Amsterdã, e o salto triplo estrearia somente em Atlanta-96.
Também um longo período de espera ocorreu desde que a primeira mulher, a polonesa Halina Konopacka, conquistou uma medalha de ouro no disco, em 1928, até a estréia no martelo.
A lentidão se repetiu quando as mulheres tentaram ascender a postos dentro do Movimento Olímpico. Em 1981, o espanhol Juan Antonio Samaranch nomeava a primeira mulher membro do COI. Hoje, dos 113 membros do comitê (a nova eleição é hoje), 13 são do sexo feminino. (JAD)


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