São Paulo, Domingo, 12 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Oswaldo de Oliveira, do Corinthians, e Humberto Ramos, do Atlético-MG, são técnicos debutantes
Final tem "show de calouros" no banco

FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS

da Reportagem Local

RODRIGO BERTOLOTTO
enviado especial a Belo Horizonte

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Se experiência de técnico ganhasse jogo, o título do Brasileiro-99 ficaria vago.
Oswaldo de Oliveira, do Corinthians, e Humberto Ramos, do Atlético-MG, ambos com 49 anos, são novatos na profissão. Cumprem, cada um em seu clube, o seu primeiro contrato profissional como técnico.
Mais: comandam pela primeira vez uma equipe na principal competição nacional.
Portanto, apresentam, como treinadores, um repertório em Brasileiros menor do que os de seus próprios comandados -todos os 22 jogadores que estarão em campo hoje já participaram pelo menos uma vez do torneio.
Têm ainda em comum o fato de ter herdado o cargo dentro da própria comissão técnica.
Na campanha vitoriosa do Corinthians no Brasileiro-98, o carioca Oliveira era auxiliar de Wanderley Luxemburgo.
Até chegar ao clube, no início do ano passado, convidado pelo titular, havia ocupado diversos cargos em comissões técnicas no futebol árabe -nunca o de técnico.
Após a conquista do Brasileiro, Luxemburgo (que acumulara os cargos durante quase seis meses) assumiu a seleção, e Oliveira ficou como interino no Corinthians por menos de dois meses.
Uma sequência de resultados negativos no Torneio Rio-São Paulo o fez ser substituído, em fevereiro, por Evaristo de Macedo -e ele voltou a ser auxiliar.
Após a eliminação do time na Copa do Brasil, em maio, Macedo caiu. Oliveira condicionou a permanência no time à sua efetivação. Ficou, foi campeão paulista, fez uma boa campanha na Libertadores e desde o início do Brasileiro seu time é apontado como favorito ao título.
Recebe cerca de R$ 60 mil mensais, valor abaixo da média dos técnicos de ponta.
Gradativamente, Oliveira vem conseguindo sair da sombra de seu criador, com quem, cada vez mais, evita comparações.
"Depois que acontecer eu falo alguma coisa", diz, quando questionado sobre que participação Luxemburgo teria no eventual bicampeonato.
A presença do treinador do Atlético-MG na final é ainda mais surpreendente.
Ainda interino e recendo R$ 6.000 mensais, Humberto Ramos pode ser campeão brasileiro com apenas oito jogos como técnico. Até agora, ele comandou o Atlético-MG em seis partidas (cinco vitórias e uma derrota).
Assumiu o time após a dispensa de Dario Pereyra, há um mês.
Além da eficiência em campo, Ramos está mostrando dedicação total ao time para tentar se efetivar no cargo -Zagallo e Leão foram sondados para o posto após a demissão de Dario.
O treinador interino afirmou só ligar a televisão para assistir futebol. Ele próprio se encarrega de editar os lances de partidas dos rivais para depois exibir aos atletas.
Nos treinamentos, segue as orientações que aprendeu com Telê Santana, que foi seu técnico na campanha vitoriosa no Brasileiro-71, o único título nacional do Atlético-MG.
"Foi com o Telê que aprendi que uma equipe deve sempre ter a mesma filosofia, para adquirir um padrão de jogo", diz Ramos.
Quando assumiu o cargo, ele fez poucas mudanças em relação ao time que Dario Pereyra dirigia.
Promoveu Belletti, que voltava de contusão, a titular no lugar de Lincoln. Mas mudou também o espírito do time. "As vitórias fizeram o ânimo crescer." Para os olhos da torcida, trocou de disposição em campo, deixando de lado a tática mais defensiva do antecessor uruguaio.
"Agora, nós buscamos um objetivo maior, que é ser campeão. Fui campeão em 71 e sei o que acontece com a torcida atleticana. Quero isso de novo", disse Ramos, que fez o cruzamento para o gol de Dario, o "Dadá Maravilha", na vitória por 1 a 0 sobre Botafogo-RJ que deu o título ao time mineiro na primeira edição do Brasileiro.
Caso vença de novo, atingirá um feito só conseguido até o momento por Paulo César Carpegiani no país: ser campeão nacional como jogador e técnico.
Ramos diz que seu segredo é dar "amizade e carinho" aos seu atletas. "Eu só tentei montar um futebol simples. Eles são os artistas, e só é preciso lhes dar confiança e, sobretudo, o direito de errar."


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