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FUTEBOL
Oswaldo de Oliveira, do Corinthians, e Humberto Ramos, do Atlético-MG, são técnicos debutantes
Final tem "show de calouros" no banco
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
da Reportagem Local
RODRIGO BERTOLOTTO
enviado especial a Belo Horizonte
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Se experiência de técnico ganhasse jogo, o título do Brasileiro-99 ficaria vago.
Oswaldo de Oliveira, do Corinthians, e Humberto Ramos, do
Atlético-MG, ambos com 49 anos,
são novatos na profissão. Cumprem, cada um em seu clube, o
seu primeiro contrato profissional como técnico.
Mais: comandam pela primeira
vez uma equipe na principal competição nacional.
Portanto, apresentam, como
treinadores, um repertório em
Brasileiros menor do que os de
seus próprios comandados -todos os 22 jogadores que estarão
em campo hoje já participaram
pelo menos uma vez do torneio.
Têm ainda em comum o fato de
ter herdado o cargo dentro da
própria comissão técnica.
Na campanha vitoriosa do Corinthians no Brasileiro-98, o carioca Oliveira era auxiliar de
Wanderley Luxemburgo.
Até chegar ao clube, no início do
ano passado, convidado pelo titular, havia ocupado diversos cargos em comissões técnicas no futebol árabe -nunca o de técnico.
Após a conquista do Brasileiro,
Luxemburgo (que acumulara os
cargos durante quase seis meses)
assumiu a seleção, e Oliveira ficou
como interino no Corinthians por
menos de dois meses.
Uma sequência de resultados
negativos no Torneio Rio-São
Paulo o fez ser substituído, em fevereiro, por Evaristo de Macedo
-e ele voltou a ser auxiliar.
Após a eliminação do time na
Copa do Brasil, em maio, Macedo
caiu. Oliveira condicionou a permanência no time à sua efetivação. Ficou, foi campeão paulista,
fez uma boa campanha na Libertadores e desde o início do Brasileiro seu time é apontado como
favorito ao título.
Recebe cerca de R$ 60 mil mensais, valor abaixo da média dos
técnicos de ponta.
Gradativamente, Oliveira vem
conseguindo sair da sombra de
seu criador, com quem, cada vez
mais, evita comparações.
"Depois que acontecer eu falo
alguma coisa", diz, quando questionado sobre que participação
Luxemburgo teria no eventual bicampeonato.
A presença do treinador do
Atlético-MG na final é ainda mais
surpreendente.
Ainda interino e recendo R$
6.000 mensais, Humberto Ramos
pode ser campeão brasileiro com
apenas oito jogos como técnico.
Até agora, ele comandou o Atlético-MG em seis partidas (cinco vitórias e uma derrota).
Assumiu o time após a dispensa
de Dario Pereyra, há um mês.
Além da eficiência em campo,
Ramos está mostrando dedicação
total ao time para tentar se efetivar no cargo -Zagallo e Leão foram sondados para o posto após a
demissão de Dario.
O treinador interino afirmou só
ligar a televisão para assistir futebol. Ele próprio se encarrega de
editar os lances de partidas dos rivais para depois exibir aos atletas.
Nos treinamentos, segue as
orientações que aprendeu com
Telê Santana, que foi seu técnico
na campanha vitoriosa no Brasileiro-71, o único título nacional do
Atlético-MG.
"Foi com o Telê que aprendi
que uma equipe deve sempre ter a
mesma filosofia, para adquirir um
padrão de jogo", diz Ramos.
Quando assumiu o cargo, ele fez
poucas mudanças em relação ao
time que Dario Pereyra dirigia.
Promoveu Belletti, que voltava
de contusão, a titular no lugar de
Lincoln. Mas mudou também o
espírito do time. "As vitórias fizeram o ânimo crescer." Para os
olhos da torcida, trocou de disposição em campo, deixando de lado a tática mais defensiva do antecessor uruguaio.
"Agora, nós buscamos um objetivo maior, que é ser campeão. Fui
campeão em 71 e sei o que acontece com a torcida atleticana. Quero
isso de novo", disse Ramos, que
fez o cruzamento para o gol de
Dario, o "Dadá Maravilha", na vitória por 1 a 0 sobre Botafogo-RJ
que deu o título ao time mineiro
na primeira edição do Brasileiro.
Caso vença de novo, atingirá
um feito só conseguido até o momento por Paulo César Carpegiani no país: ser campeão nacional
como jogador e técnico.
Ramos diz que seu segredo é dar
"amizade e carinho" aos seu atletas. "Eu só tentei montar um futebol simples. Eles são os artistas, e
só é preciso lhes dar confiança e,
sobretudo, o direito de errar."
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