São Paulo, Domingo, 12 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Confederações dos 2 países negociam parceria, com intermediação da patrocinadora das 2 seleções
Nike quer modernizar CBF via Holanda

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Cuiabá

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) negocia uma parceria com a Federação Holandesa para o próximo ano.
Como ambas as seleções são patrocinadas pela Nike, a empresa sugeriu o acordo, que poderia modernizar os métodos de administração da CBF.
A idéia, levada à confederação em outubro, quando a seleção disputou amistoso na Holanda, visa auxiliar a entidade na gestão de diversos setores -desde estoque e controle de material até o desenvolvimento de um departamento de recursos humanos e fomento de novos valores.
O setor de registro e transferência de jogadores, que está sendo informatizado, também receberia atenção especial, a fim de evitar situações como a do atacante Sandro Hiroshi, que defendeu a seleção sub-17 em torneio sul-americano com idade adulterada.
Segundo a CBF, a partir do caso Hiroshi, que foi seguido por outros três, aumentou a preocupação de evitar a presença de "gatos" (atletas com idade falsa).
A entidade estaria pressionando empresários e procuradores, além dos próprios clubes, e checando as certidões de nascimento dos jogadores com os cartórios que as emitiram para evitar novos episódios do gênero.
De acordo com a Nike, a partir do momento em que assinou contrato com a CBF -em 1996, com validade de dez anos-, a empresa tem atuado como parceira da confederação. Daí a sugestão do intercâmbio com a Federação Holandesa.
"No Brasil ainda não estão acostumados com o conceito de parceria", diz o técnico brasileiro Wanderley Luxemburgo, negando qualquer interferência da patrocinadora da seleção não só na escalação da equipe, mas também na escolha dos amistosos.
Segundo a CBF, é o treinador que lhe passa a lista de jogos que pretende disputar em cada semestre, e a entidade, auxiliada pela Nike, contata os possíveis adversários do Brasil. "O que ela faz é apenas nos ajudar, não interferir", afirma Luxemburgo.
Mas nem todos os jogos da seleção deverão ser marcados por razões exclusivamente técnicas. O amistoso contra a Tailândia, por exemplo, que está sendo agendado para o primeiro semestre de 2000, atende aos interesses políticos da CBF, que quer divulgar com mais ênfase na Ásia a candidatura brasileira à Copa-2006.
Além do contato com os holandeses, a CBF pretende, na próxima semana, entregar à Confederação Sul-Americana a lista de jogos das eliminatórias para a Copa-2002 que acontecem em São Paulo e a dos que serão no Rio.
Nos dois próximos anos, a seleção terá que fazer 18 partidas, das quais nove em casa, para conseguir uma das quatro vagas para a América do Sul -o quinto colocado disputa a repescagem- no Mundial do Japão e da Coréia.
Dos nove jogos como mandante, cinco devem ser no Rio, e quatro em São Paulo. A escolha da capital paulista foi de Luxemburgo, cuja carreira no Palmeiras e no Corinthians teve vários títulos.
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, acatou a sugestão do treinador, pois vê na iniciativa a possibilidade de melhorar a imagem da entidade junto aos dirigentes de futebol e ao público em geral do Estado de São Paulo.
Apesar de o torcedor carioca ser historicamente mais caloroso com a seleção do que o paulista, a confederação acredita que agora, com Luxemburgo no comando do time, a situação será diferente.


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