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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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Na reestréia de Parreira, equipe pentacampeã fica no 0 a 0 com a modesta China, 64ª do mundo

Brasil leva Fome Zero ao placar

Bobby Yip/Reuters
O tetracampeão Parreira orienta a seleção brasileira em sua reestréia no comando da equipe


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GUANGZHOU

A terceira gestão de Carlos Alberto Parreira, 59, na seleção brasileira começou com fartura de boas intenções sociais e absoluta penúria na qualidade do futebol.
No dia em que entrou em campo com camisetas e faixa de apoio ao projeto Fome Zero, o Brasil não passou de um aborrecido empate, em Guangzhou, com a China, que ocupa o modesto 64º lugar no ranking da Fifa, por 0 a 0.
Mesmo com a base do pentacampeonato mundial e os quatro maiores astros daquela conquista -Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho-, o Brasil teve atuação ofensiva que frustrou seu novo comandante.
"Só tivemos duas chances reais, o que é muito pouco para uma seleção brasileira", lamentou Parreira, que passou a maior parte do jogo na beira do gramado pedindo velocidade nas trocas de bola para sua equipe.
Nos 25 minutos iniciais, o Brasil simplesmente não conseguiu chegar com perigo ao gol defendido pela China, que, com um time renovado em relação ao que foi goleada pelos brasileiros na Copa Coréia/Japão por 4 a 0, levava perigo nas bolas cruzadas para a área do goleiro Dida.
No segundo tempo, depois da saída de Ronaldo, maior entusiasta do apoio da seleção brasileira ao programa contra a fome do governo Lula, e a entrada de Amoroso, o time de Parreira melhorou um pouco, mais ainda assim não foi capaz de balançar as redes de tão frágil adversário.
"Não foi o resultado que gostaríamos, já que nós temos sempre a obrigação de ganhar da China. Contudo, dentro de um certo contexto, o resultado foi aceitável", declarou Parreira.
Nas duas vezes anteriores em que trabalhou na seleção, o treinador começou com vitória. Ele completou 62 jogos à frente da seleção e é agora, sozinho, o segundo treinador que mais vezes dirigiu a equipe -deixou para trás Aimoré Moreira e só perde em número de jogos para Zagallo.
O contexto a que se refere Parreira foi a dificuldade em jogar num lugar tão longe com tão pouco tempo livre.
Quatro dos titulares no amistoso de ontem -Luisão, Anderson Polga, Kleberson e Gilberto Silva- só chegaram a Guangzhou no meio da tarde chinesa de terça-feira. Para a partida, o treinador fez apenas um treinamento de uma hora -pela programação original da seleção, estavam previstos dois treinos.
"Nossa equipe não teve o vigor da rival por ter feito uma viagem muito longa.É complicado jogar assim. A China foi bem porque teve aplicação tática, e você só consegue isso treinando três meses", afirmou Parreira, que, no entanto, evitou reclamar da marcação de partidas desse tipo.
"Viemos aqui para cumprir um calendário que já estava programado, sem nenhum objetivo financeiro", assegurou.
Pela partida de ontem, a CBF recebeu, além das despesas pagas, uma cota de US$ 1 milhão, uma das maiores da história da bola por um confronto amistoso.
Os jogadores também apontaram a maratona da viagem e o fuso horário para justificar o empate. "Fica difícil fazer melhor dessa forma", analisou Rivaldo.
Agora, a seleção só volta a campo em 29 de março, quando vai encontrar Luiz Felipe Scolari, seu ex-treinador e que hoje comanda a seleção portuguesa.
"Portugal não vai ficar só atrás. Jogando em casa, eles vão sair. E o jogo não vai ser tão veloz como contra a China", disse Parreira, prevendo uma atuação melhor.


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