São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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Ronaldo dentro, Romário fora (ou na reserva)

Scolari convoca atacante da Inter e insinua que vascaíno não vai à Copa

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Sem ter jogado nenhuma vez neste ano, o atacante Ronaldo, da Inter de Milão, foi convocado ontem pelo técnico Luiz Felipe Scolari para participar do amistoso da seleção brasileira contra a Iugoslávia, dia 27, em Fortaleza.
Já o atacante Romário, do Vasco, artilheiro do último Brasileiro, dificilmente será chamado.
No dia 21, próxima quinta, o treinador completará a lista com os atletas que atuam no país. Segundo Scolari, os 22 relacionados representarão cerca de 90% dos atletas que vão à Copa.
""O Ronaldo está totalmente em condições física e técnica de participar dos treinamentos e, depois, do jogo", disse Scolari ao justificar a convocação do atacante, que não joga desde 23 de dezembro, quando sofreu contusão muscular. Depois de ficar cerca de um mês se recuperando no Rio, o jogador iniciou ontem os treinamentos no clube italiano.
A boa vontade de Scolari com Ronaldo é grande. O atacante poderá até ficar de fora das próximas partidas do clube italiano, mas está praticamente garantido como titular contra a Iugoslávia. ""Pelo doutor [José Luiz" Runco [médico da seleção", o Ronaldo tem todas condições de jogar os 90 minutos", disse o treinador.
""Se o Ronaldo jogar ou não na Inter, ele vem ao Brasil para fazer parte do grupo. Nós não temos um tempo longo para esperar a Inter decidir pela escalação do jogador", acrescentou Scolari.
Desde que se contundiu, Ronaldo só participou de uma partida de futevôlei no último domingo na praia do Leme, no Rio.
Mesmo com dificuldades para voltar a ter uma sequência de boas partidas depois da segunda operação no joelho direito, o jogador já havia sido convocado por Scolari no ano passado para o jogo contra o Chile. Ronaldo chegou a se apresentar em Curitiba, mas foi cortado por contusão.
A insistência de Scolari pode ser explicada pelo fraco desempenho do ataque da seleção em sua gestão. Dos 33 gols marcados desde que ele assumiu, só 12 (36%) foram marcados por atacantes.
Além disso, o setor ofensivo, que não tem titulares certos desde a final de 98, é o único que está totalmente em aberto para a Copa.
Ronaldo, que tem como um dos seus patrocinadores o mesmo parceiro da seleção, a Nike, não escondeu ontem a alegria por voltar à seleção. "Eu já esperava a convocação, mas mesmo assim estava muito ansioso. Só depois que escutei o meu nome é que pude relaxar", informou em seu site -não fez declarações à mídia italiana em represália a críticas por ter passado o Carnaval no Rio.
""Estou muito feliz de voltar à seleção, mas não para ser uma estrela e sim mais um jogador para completar o grupo, que é muito unido e só vai conquistar o pentacampeonato para o Brasil se continuar juntando as forças dentro e fora de campo", afirmou.
Scolari prefere tratar Romário de forma diferente. Caso o convoque na próxima semana, o técnico vai deixá-lo na reserva. Ele disse que o estilo do atacante poderá não se encaixar na seleção. ""Em campo, ele faz o que o Evaristo [de Macedo" lhe pede. No Vasco, todos jogam em função dele. É importante saber se é interessante uma seleção fazer o mesmo."
Embora não tenha pronunciado o nome de Romário, o treinador deu a entender que o jogador está cada vez mais longe da seleção. ""Numa competição como o Mundial, nós muitas vezes precisamos mais de um grupo do que de uma estrela somente. Será que vale investir apenas numa estrela?", questionou o treinador.
Romário treinou à tarde e não falou com os jornalistas sobre as declarações de Scolari.


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