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AÇÃO
Com emoção, sem competição
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
O número de surfistas no
planeta já se conta aos milhões, mas, quando o mar sobe e
passa dos 20 pés, essa quantidade
se reduz para algumas centenas;
quando vai além e passa dos 30
pés, a algumas poucas dezenas; e,
quando ondas com mais de 40 pés
quebram nos raros lugares que
suportam essas condições, aí realmente poucos as desafiam.
Quando essa idéia foi originalmente concebida, o que hoje se
conta aos milhões não passava da
casa do milhar, o tamanho máximo proposto ficava nos 30 pés e se
contava nas mãos os habilitados
a tais ondas. A evolução do esporte redimensionou os dados.
Na grande abertura da temporada de ondas grandes que vai
chegando ao fim, no dia 26 de novembro, o melhor-maior-dia até
aqui, o crowd em Jaws, Maui
(Havaí), era intenso. No auge, 15
jet-skis manobravam no line up,
ou seja, 30 surfistas se revezando
na disputa de montanhas de
água que atingiam 60 pés.
A situação levou o local Darrick
Doerner a praguejar e alertar.
Segundo Doerner, a maioria
dos presentes não estaria lá não
fosse pelo reboque e que deixou de
resgatar um surfista que parecia
estar muito machucado porque
está na hora de eles perceberem
com o que estão lidando.
Nesse dia, três jet skis foram destruídos nas pedras, mas, apesar
dos diversos sustos, nenhum acidente mais sério ocorreu. O dia ficou registrado mesmo pelo desempenho muito superior de Hamilton, tubos impressionantes como o de Ross Clarke-Jones, que
convenceu Kelly Slater a participar da sessão, e por uma onda de
Makua Rothman, 18, que entrou
para a superseleta lista das maiores de todos os tempos, composta
por Ken Bradshaw em Outer
Logs, Mike Parsons em Cortes e
Carlos Burle em Mavericks.
Este início de inverno, bombado
pelo El Niño, criou grande expectativa em torno das provas de ondas grandes. Embora a modalidade seja restrita a poucos, ela foi
a que mais se desenvolveu tecnicamente nos últimos anos -especialmente com a introdução
dos jet-skis-, só os melhores são
convidados para as provas e, com
prêmios respeitáveis, o mundo do
surfe pára para assistir.
Mas quem esperou por elas ficou a ver navios. O cancelamento
do Men Who Ride Mountains,
cujo patrocinador, a Quiksilver,
preferiu priorizar o The Quiksilver in Memory of Eddie Aikau, no
Havaí, mais tradicional e que
acabava conflitando com a prova
californiana, foi o começo. O final
coincide com o término do período de espera, no último dia 28, do
Eddie e da Tow In World Cup.
Em 2002, apesar do acordo entre os organizadores, as duas provas aconteceram no mesmo dia,
dividindo os atletas convidados.
Kelly Slater venceu em Waimea, coroando sua vitoriosa carreira, mas a prova de Jaws com as
maiores ondas registradas em
uma competição roubou a cena.
O inverno segue no hemisfério
norte, mas ninguém reclama da
consistência e da qualidade das
ondas, especialmente no Havaí.
Mas a esperança depositada nas
condições climáticas e o nível de
exigência estabelecido pelos organizadores frustraram todos.
Bom começo
Para Neco Padaratz, a abertura do Mundial foi positiva. Quinto na
prova vencida por Dean Morrison na Austrália, está de volta ao Brasil para negociar patrocínio. No feminino, Jacque Silva foi terceira.
Tubarão
Como no filme, preocupados com as repercussões, as autoridades
negam, mas há indícios de que Geilson Bezerra, 13, tenha sido atacado na perna enquanto surfava em Guaratuba, Bertioga. Pescadores
afirmam terem capturado alguns, próximos da orla, recentemente.
Iatos - feira de aventura
A maior feira do gênero ocorreu em Chicago, na semana passada, e
reuniu 500 expositores de 78 países. Acontece há 13 anos.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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