São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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FUTEBOL

Responsáveis por verificar contas do clube denunciam irregularidade

Conselho Fiscal corintiano vai à Justiça contra Dualib

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Membros do Conselho Fiscal do Corinthians acusam na Justiça o presidente Alberto Dualib e sua diretoria de esconderem do órgão as contas do clube, o que fere o estatuto corintiano e a Lei Pelé.
A denúncia pode levar à anulação de atos tomados pelos dirigentes, como a assinatura do contrato de parceria com a MSI, e até a destituição do presidente.
Na última quinta, dois dos três integrantes do Conselho Fiscal protocolaram no Fórum Central de São Paulo uma notificação. Pedem à diretoria informações sobre as movimentações financeiras e que ela coloque à disposição os documentos contábeis, determinando uma auditoria externa.
Caso Dualib não apresente os dados solicitados, os membros do órgão entrarão com uma ação pedindo a apreensão dos documentos financeiros do clube.
Eduardo Perez Ceccato e Fausto Di Toti Garcia explicam no requerimento que decidiram levar o caso à Justiça por estarem "apreensivos" com a "devassa" feita pelo Ministério Público de São Paulo e órgãos federais em razão da parceria com a MSI. A empresa é suspeita de lavagem de dinheiro.
Eles temem ser responsabilizados, caso sejam encontradas irregularidades, pois têm a obrigação de fiscalizar a vida financeira do Corinthians e denunciar as falhas.
Com o documento, registram oficialmente a versão de que não vistoriaram as contas corintianas.
Além de Ceccato e Garcia, Cláudio Marcelo Vélez faz parte do grupo. A Folha apurou que, apesar de não assinar o requerimento, Vélez apóia os colegas.
É a primeira vez que um órgão inteiro se rebela contra Dualib. Os três foram eleitos em 2003, por voto secreto e ficam no cargo até o fim de 2005. Por exigência do estatuto corintiano, não integram o Conselho Deliberativo. Eles não quiseram dar entrevista.
Conselheiros do clube, que pediram para não ser identificados, afirmaram que o trio teme por sua integridade física.
Carlos Roberto Mello, vice-presidente financeiro do Corinthians, disse que os documentos sempre estiveram à disposição dos três. "Eles foram convidados inúmeras vezes para ver as contas, mas jamais demonstraram interesse", afirmou o dirigente.
"Se quiserem ir segunda-feira ao clube para buscar todos os documentos, é só aparecerem", completou o vice financeiro.
Apesar de sua declaração, uma carta anexada ao requerimento mostra que o trio pediu os dados ao presidente no dia 6 de setembro do ano passado, antes do acordo com a MSI. Na ocasião, pediram que Dualib abrisse uma auditoria externa para examinar as contas do Corinthians a partir do segundo semestre de 2003. Declaram que não foram atendidos.
Afirmam ainda que, no começo do ano passado, procuraram Mello exigindo os documentos. O dirigente não satisfez a vontade.
Relatam na notificação que desde que assumiram o cargo não tiveram "acesso a qualquer documento" referente às contas.
Acusam a diretoria de informar incorretamente o Conselho de Orientação do clube que o órgão fiscalizador aprovou seus balanços, previsões orçamentárias e a polêmica parceria com a MSI.
De acordo com a Lei Pelé, as prestações de contas dos clubes devem ser votadas em assembléias mediante parecer dos Conselhos Fiscais das entidades.
Se conseguir a abertura das contas, o trio terá acesso à informação mais preciosa no clube: se há uma relação de vices remunerados, como declara a oposição -o presidente nega a afirmação.
A assessoria de imprensa de Dualib informou à Folha que ele não poderia falar sobre o assunto por se recuperar de uma cirurgia.
A oposição corintiana já se articula para explorar a nova crise interna. Deve promover uma série de ações na Justiça baseada nas informações dos três membros do Conselho Fiscal.

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