São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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FUTEBOL

Alto-astral do Arsenal

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Como ocorre todo mês, a passagem da Lua por Escorpião promete levantar poeira. Lua, Júpiter e Urano aumentam emoções e imaginação.
Fazia uns 500 anos que eu não lia horóscopo, mas, na coluna que antecede a final da Copa dos Campeões, fui tomado por certo misticismo, uma onda positiva que torcedores do Arsenal têm experimentado nos últimos dias. Algo no ar aponta para um triunfo do menos cotado na decisão de quarta na França. Começando pelo local do jogo, casa acolhedora para Henry, Pires e Arsène Wenger, entre outros "Gunners", e onde Ronaldinho não explodiu a ponto de ser o melhor jogador do mundo (lembra dele no PSG?).
Mesmo quem não tem simpatia pelo Arsenal ficou emocionado com a despedida do charmoso estádio Highbury no último domingo. Poucas vezes se viu uma festa futebolística tão bonita como a dos 4 a 2 no Wigan. Teve hat-trick do Henry (o maior artilheiro do clube londrino fez o último gol do estádio e, depois, beijou o gramado), celebração pela classificação para a próxima Copa dos Campeões (devido também à derrota do arqui-rival Tottenham, que viu dez de seus atletas estranhamente passarem mal), adeus do talentoso Berkgamp em jogos oficiais na Inglaterra, recuperação física de Campbell e Cole (dois ingleses titulares do time que chegou à final da Champions League com formação 100% estrangeira) e alegria porque pela primeira vez o Arsenal é finalista no mais importante interclubes da Europa.
No Brasil, pelo efeito Ronaldinho, pelo Barcelona possuir mais uma série de brasileiros e pelo estilo vistoso de jogo do time, há torcida meio inconsciente pelo clube catalão, como fica claro nas transmissões da Bandeirantes. O Arsenal deve pintar na TV aberta como "patinho feio". Henry, o número 2 do mundo, sem dúvida nenhuma, pode ser mais lembrado por não ter a mesma simpatia do número um. E por aí vai.
A equipe inglesa não dá show na temporada. Chegou pela defesa, invicta no mata-mata e que foi vazada só duas vezes na fase de grupos. Mas essa é a tônica da atual Copa dos Campeões. O Barça, com toda a badalação que merece, tem média de um por jogo no mata-mata do torneio.
Voltando ao lado místico, Lehman ganhou a vaga de Kahn, dois titulares do Arsenal são da Costa do Marfim, país africano mais em alta no futebol, há um brasileiro no time (algo cada vez mais comum nos títulos na Europa), os últimos campeões europeus foram "zebras"... O clima está tão favorável ao Arsenal que o garoto Walcott, aposta meio maluca do clube, foi convocado para a Copa e tem tudo para quebrar o recorde de Pelé como o mais jovem a fazer gol em Copa (17 anos e 239 dias) e, quem sabe, bater o recorde de mais jovem a vencer o Mundial (17 anos e 249 dias). Walcott completará 17 anos e três meses em meio à Copa e pode lucrar com as lesões de Rooney e Owen para fazer de vez seu nome.
Não precisa guardar a coluna para jogá-la na minha cara se o favorito Barcelona vencer. Minha desculpa será a de que os astros e o horóscopo mudam a cada dia.

Alto-astral da Argentina
Na Libertadores, só se falava em final nacional. Corinthians, Goiás, Paulista e Palmeiras já rodaram, Inter e São Paulo perderam nas quartas. O Estudiantes tem camisa, o River só ganha em anos 6, e o Vélez é o time mais regular. A chance de final argentina é maior.

Alto-astral da Itália
Escândalo de manipulação de resultados, atletas sob suspeita, clima ruim com a imprensa, seleção possivelmente em silencioso retiro... E o Brasil favorito na fase posterior à primeira. Há cheiro de 1982 no ar!

Baixo-astral do Brasil
Sempre que venceu a Copa o time tinha pelo menos um palmeirense e um são-paulino. Marcos ou Rogério?

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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