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FUTEBOL
Alto-astral do Arsenal
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Como ocorre todo mês, a
passagem da Lua por Escorpião promete levantar poeira.
Lua, Júpiter e Urano aumentam
emoções e imaginação.
Fazia uns 500 anos que eu não
lia horóscopo, mas, na coluna que
antecede a final da Copa dos
Campeões, fui tomado por certo
misticismo, uma onda positiva
que torcedores do Arsenal têm experimentado nos últimos dias. Algo no ar aponta para um triunfo
do menos cotado na decisão de
quarta na França. Começando
pelo local do jogo, casa acolhedora para Henry, Pires e Arsène
Wenger, entre outros "Gunners",
e onde Ronaldinho não explodiu
a ponto de ser o melhor jogador
do mundo (lembra dele no PSG?).
Mesmo quem não tem simpatia
pelo Arsenal ficou emocionado
com a despedida do charmoso estádio Highbury no último domingo. Poucas vezes se viu uma festa
futebolística tão bonita como a
dos 4 a 2 no Wigan. Teve hat-trick
do Henry (o maior artilheiro do
clube londrino fez o último gol do
estádio e, depois, beijou o gramado), celebração pela classificação
para a próxima Copa dos Campeões (devido também à derrota
do arqui-rival Tottenham, que
viu dez de seus atletas estranhamente passarem mal), adeus do
talentoso Berkgamp em jogos oficiais na Inglaterra, recuperação
física de Campbell e Cole (dois ingleses titulares do time que chegou à final da Champions League
com formação 100% estrangeira)
e alegria porque pela primeira vez
o Arsenal é finalista no mais importante interclubes da Europa.
No Brasil, pelo efeito Ronaldinho, pelo Barcelona possuir mais
uma série de brasileiros e pelo estilo vistoso de jogo do time, há
torcida meio inconsciente pelo
clube catalão, como fica claro nas
transmissões da Bandeirantes. O
Arsenal deve pintar na TV aberta
como "patinho feio". Henry, o número 2 do mundo, sem dúvida
nenhuma, pode ser mais lembrado por não ter a mesma simpatia
do número um. E por aí vai.
A equipe inglesa não dá show
na temporada. Chegou pela defesa, invicta no mata-mata e que
foi vazada só duas vezes na fase
de grupos. Mas essa é a tônica da
atual Copa dos Campeões. O Barça, com toda a badalação que merece, tem média de um por jogo
no mata-mata do torneio.
Voltando ao lado místico, Lehman ganhou a vaga de Kahn,
dois titulares do Arsenal são da
Costa do Marfim, país africano
mais em alta no futebol, há um
brasileiro no time (algo cada vez
mais comum nos títulos na Europa), os últimos campeões europeus foram "zebras"... O clima está tão favorável ao Arsenal que o
garoto Walcott, aposta meio maluca do clube, foi convocado para
a Copa e tem tudo para quebrar o
recorde de Pelé como o mais jovem a fazer gol em Copa (17 anos
e 239 dias) e, quem sabe, bater o
recorde de mais jovem a vencer o
Mundial (17 anos e 249 dias).
Walcott completará 17 anos e três
meses em meio à Copa e pode lucrar com as lesões de Rooney e
Owen para fazer de vez seu nome.
Não precisa guardar a coluna
para jogá-la na minha cara se o
favorito Barcelona vencer. Minha
desculpa será a de que os astros e
o horóscopo mudam a cada dia.
Alto-astral da Argentina
Na Libertadores, só se falava em final nacional. Corinthians, Goiás,
Paulista e Palmeiras já rodaram, Inter e São Paulo perderam nas
quartas. O Estudiantes tem camisa, o River só ganha em anos 6, e o
Vélez é o time mais regular. A chance de final argentina é maior.
Alto-astral da Itália
Escândalo de manipulação de resultados, atletas sob suspeita, clima
ruim com a imprensa, seleção possivelmente em silencioso retiro... E
o Brasil favorito na fase posterior à primeira. Há cheiro de 1982 no ar!
Baixo-astral do Brasil
Sempre que venceu a Copa o time tinha pelo menos um palmeirense
e um são-paulino. Marcos ou Rogério?
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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