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FUTEBOL
Com receita inflada por negociações em 2005, Santos quita débito com família de seu presidente e outros passivos
Robinho zera dívida santista com cartola
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O dinheiro das negociações de
jogadores, entre elas a de Robinho, foi usado para quitar a dívida
do Santos com a família de seu
presidente, Marcelo Teixeira. Em
2005, o clube pagou R$ 23,6 milhões às entidades de propriedade
dele e dos seus parentes.
Só pôde quitar o valor porque
obteve superávit de R$ 63,1 milhões em 2005. Isso foi possível
graças aos R$ 70,7 milhões recebidos do Real Madrid por Robinho.
No momento, o clube tem um
elenco de poucas estrelas, pois a
diretoria hesita em investir. Mas,
na gestão de Teixeira, foram conquistados dois títulos Brasileiros e
um Paulista, depois de anos de jejum. Agora, sua prioridade é quitar outros débitos do clube.
"Minha intenção não era vender jogadores. Por mim, ficariam
20 anos no clube", afirmou Teixeira. "Mas, para não perder patrimônio, negociamos e quitamos
passivos, como esta dívida, e outros débitos fiscais."
Segundo Teixeira, o clube pagou mais de R$ 20 milhões no ano
em impostos atrasados.
A dívida com a família Teixeira
começou em 2000, quando o atual
presidente assumiu o clube. Ao
receber, ele abriu mão de pagamento de juros de 12% ao ano
prefixados em contratos, renegociados a cada ano.
Segundo a oposição Resgate
Santista, em 2003, o Conselho Deliberativo do Santos decidiu que
débito com o dirigente e os parentes deveria ser quitado na negociação de atletas. O órgão é dominado pelo presidente. Seria descontado 40% por transferência.
Mas, até o final de 2004, a dívida
era de R$ 23 milhões. Havia pouco abate em relação ao valor de R$
26 milhões, de 2002, apesar de o
clube já ter negociado atletas.
No ano passado, no entanto, o
clube ganhou R$ 93,2 milhões
com a transferência de jogadores.
Além de Robinho, houve a saída
de Elano para o Shaktar Donesk,
da Ucrânia, que deu R$ 18,3 milhões ao Santos.
No balanço, havia registrado R$
12,5 milhões de dívida com a Associação Educacional Santa Cecília, que controla a Universidade
dos Teixeiras. E ainda havia outros R$ 11 milhões de dívida com
"administradores", outro valor
do qual o dirigente era credor.
Mas seu pagamento poderia ser
feito em mais de um ano, pois era
débito "exigível a longo prazo".
No final de 2004, o débito total
do clube chegava a R$ 105,3 milhões. Esse valor caiu para R$ 82,7
milhões ao final de 2005.
A curto prazo-que tem de ser
pago até um ano-os débitos
com direitos de imagem, por sua
vez, saltaram de R$ 2,7 milhões
para R$ 6,5 milhões.
As obrigações trabalhistas passaram de R$ 5,8 milhões para R$ 8
milhões. Os débitos fiscais foram
de R$ 3,8 milhões para R$ 6,8 milhões. Teixeira explicou que surgiram dívidas desconhecidas.
"Vamos tentar equacionar esses
débitos em até cinco anos", contou o dirigentes.
Apesar de o débito a curto prazo
ter aumentado, o clube tem boas
condições para pagá-lo, pois acumulou dinheiro em caixa. No balanço, está registrado cerca de R$
36 milhões em aplicações financeiras e caixa de banco.
O Santos tem boa liquidez. Para
cada R$ 1 de dívida de curto prazo, tem R$ 0,93 pagá-la.
Para a oposição santista, a quitação do débito com a família Teixeira não era a melhor solução.
"O discurso do Marcelo sempre
foi de que não estava preocupado
com a dívida. Estava ou não estava?", questiona Pedro Luis Nunes,
do movimento Resgate Santista.
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