São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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FUTEBOL

Com receita inflada por negociações em 2005, Santos quita débito com família de seu presidente e outros passivos

Robinho zera dívida santista com cartola

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O dinheiro das negociações de jogadores, entre elas a de Robinho, foi usado para quitar a dívida do Santos com a família de seu presidente, Marcelo Teixeira. Em 2005, o clube pagou R$ 23,6 milhões às entidades de propriedade dele e dos seus parentes.
Só pôde quitar o valor porque obteve superávit de R$ 63,1 milhões em 2005. Isso foi possível graças aos R$ 70,7 milhões recebidos do Real Madrid por Robinho.
No momento, o clube tem um elenco de poucas estrelas, pois a diretoria hesita em investir. Mas, na gestão de Teixeira, foram conquistados dois títulos Brasileiros e um Paulista, depois de anos de jejum. Agora, sua prioridade é quitar outros débitos do clube.
"Minha intenção não era vender jogadores. Por mim, ficariam 20 anos no clube", afirmou Teixeira. "Mas, para não perder patrimônio, negociamos e quitamos passivos, como esta dívida, e outros débitos fiscais."
Segundo Teixeira, o clube pagou mais de R$ 20 milhões no ano em impostos atrasados.
A dívida com a família Teixeira começou em 2000, quando o atual presidente assumiu o clube. Ao receber, ele abriu mão de pagamento de juros de 12% ao ano prefixados em contratos, renegociados a cada ano.
Segundo a oposição Resgate Santista, em 2003, o Conselho Deliberativo do Santos decidiu que débito com o dirigente e os parentes deveria ser quitado na negociação de atletas. O órgão é dominado pelo presidente. Seria descontado 40% por transferência.
Mas, até o final de 2004, a dívida era de R$ 23 milhões. Havia pouco abate em relação ao valor de R$ 26 milhões, de 2002, apesar de o clube já ter negociado atletas.
No ano passado, no entanto, o clube ganhou R$ 93,2 milhões com a transferência de jogadores. Além de Robinho, houve a saída de Elano para o Shaktar Donesk, da Ucrânia, que deu R$ 18,3 milhões ao Santos.
No balanço, havia registrado R$ 12,5 milhões de dívida com a Associação Educacional Santa Cecília, que controla a Universidade dos Teixeiras. E ainda havia outros R$ 11 milhões de dívida com "administradores", outro valor do qual o dirigente era credor.
Mas seu pagamento poderia ser feito em mais de um ano, pois era débito "exigível a longo prazo".
No final de 2004, o débito total do clube chegava a R$ 105,3 milhões. Esse valor caiu para R$ 82,7 milhões ao final de 2005.
A curto prazo-que tem de ser pago até um ano-os débitos com direitos de imagem, por sua vez, saltaram de R$ 2,7 milhões para R$ 6,5 milhões.
As obrigações trabalhistas passaram de R$ 5,8 milhões para R$ 8 milhões. Os débitos fiscais foram de R$ 3,8 milhões para R$ 6,8 milhões. Teixeira explicou que surgiram dívidas desconhecidas.
"Vamos tentar equacionar esses débitos em até cinco anos", contou o dirigentes.
Apesar de o débito a curto prazo ter aumentado, o clube tem boas condições para pagá-lo, pois acumulou dinheiro em caixa. No balanço, está registrado cerca de R$ 36 milhões em aplicações financeiras e caixa de banco.
O Santos tem boa liquidez. Para cada R$ 1 de dívida de curto prazo, tem R$ 0,93 pagá-la.
Para a oposição santista, a quitação do débito com a família Teixeira não era a melhor solução.
"O discurso do Marcelo sempre foi de que não estava preocupado com a dívida. Estava ou não estava?", questiona Pedro Luis Nunes, do movimento Resgate Santista.


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