São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Festa

Cerimônias custam 72% dos recursos da Lei Piva

Festividades dos Jogos cariocas consumirão quase R$ 50 milhões

TCU contesta a contratação da empresa responsável pela organização do evento de abertura, hoje, que foi feita sem licitação pública


RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Com início marcado para hoje no Maracanã, as festividades do Pan-2007 vão custar R$ 49,8 milhões. Esse valor representa 72% dos recursos gerados pela Lei Piva -principal verba do esporte brasileiro- para as confederações e o COB no ano passado. O investimento nas comemorações foi do governo federal. Governo do Estado e Prefeitura do Rio só ajudaram com alguns apoios à ação.
As cerimônias de abertura e encerramento, cerca de 80% dos gastos, serão organizadas pela empresa Mondo Entretenimento, contratada sem licitação. A falta de concorrência ocorreu por culpa de atrasos do Co-Rio (o comitê organizador do Pan), segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).
Procurados há um mês pela Folha, as assessorias do Co-Rio e do Ministério do Esporte não responderam às perguntas sobre as festas do Pan-2007. A previsão orçamentária era a de que só a abertura e o encerramento consumiriam R$ 40 milhões. Outros itens atendidos são as cerimônias de boas-vindas de atletas, shows nos jogos e entrega de medalhas.
Para efeito de comparação, as confederações de esportes olímpicos costumam contar com cerca de R$ 30 milhões por ano da Lei Piva. No ano passado, esse valor foi maior para a preparação para o Pan.
Em outro exemplo, o dinheiro total das festas do Pan bancaria os desfiles de 11 escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro -ou seja, quase o Carnaval inteiro. Estimativa da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) diz que um desfile custa em média R$ 4,5 milhões.
O Carnaval tem cerca de 50 mil fantasias e dois dias de eventos, com até oito horas de duração. A abertura e encerramento terão 5.365 fantasias, com 2h40min na festa inicial. Pela organização, a Mondo Entretenimento ganhará R$ 2,1 milhões. Além disso, o relatório do TCU de maio apontava que a empresa receberia R$ 20 milhões para gastar na execução dos seus serviços.
Segundo o tribunal, a contratação da empresa "não tem apoio na Lei de Licitações". Alega que sabe-se a data do Pan deste ano desde 2002. E dois relatórios do órgão mostram que atrasos do Co-Rio são os principais responsáveis pela contratação emergencial. O governo havia pedido à entidade proposta para as cerimônias de abertura e fechamento em maio de 2006. Só em dezembro o comitê entregou esse documento, diz o tribunal.


Colaboraram RICARDO PERRONE, do Painel FC, e MARIANA LAJOLO, enviada ao Rio


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