São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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Atacante diz que não teve intenção de fazer propaganda de concorrente

Romário usa Nike e gera saia justa no Flu

Fernando Maia/Agência 'O Globo'
Romário com seus filhos, antes da entrevista coletiva, na casa de seus pais, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Mal estreou no Fluminense e Romário já começou a provocar polêmica. A camisa branca que exibiu após marcar o primeiro de seus dois gols contra o Cruzeiro ostentava o símbolo da Nike.
Ontem, um dia após o jogo, a direção do Flu, cuja fornecedora de material esportivo é a Adidas, pediu ao atleta que o episódio não se repita. O presidente David Fischel não gostou da repercussão que a comemoração gerou e da publicidade gratuita feita para a Nike.
Mas, segundo Romário, o fato de a camisa que vestia embaixo do uniforme ostentar o logo da Nike, empresa que patrocina a seleção e fornece material esportivo para o Flamengo, foi mera coincidência.
O atacante explicou que quis fazer uma homenagem ao roupeiro Ximbica, que trabalhou no próprio Flu e na seleção brasileira e morreu há cerca de dois meses.
"Coloquei a camisa branca porque ela simboliza a paz", justificou Romário, que não tem contrato com a Nike. Ele diz que não se prendeu ao detalhe do logo e que só percebeu a promoção que havia feito após a partida.
"Até iria colocar alguma coisa na camisa, mas acabou não dando tempo. Tem muita gente pensando e escrevendo que estou fazendo propaganda, mas isso não é o meu objetivo. Todos sabem o que o branco significa, que é a paz. Não quis fazer propaganda nenhuma, só pedir a paz", frisou.
"Ele já foi atleta Nike, na Copa de 1994, nos EUA, com certeza era um dos nossos, mas, agora, nem negociando com o Romário nós estamos", disse Ingo Ostrovsky, porta-voz da Nike no Brasil.
A camisa exibida na comemoração do gol seria uma das que o jogador usava em treinos quando defendia a seleção brasileira, mas ele negou que sua ação faça parte de um lobby para que volte o mais rapidamente possível à seleção.
Mesmo assim, não esconde que, aos 36 anos, vestir a camisa do Brasil ainda faz parte de seus planos. "Com a saída dele [Luiz Felipe Scolari], isso facilita, mas vai depender do novo treinador."
Ontem, chegou a citar vários técnicos que podem substituir Scolari, entre os quais Oswaldo de Oliveira e Lula Pereira, mas lembrou que o que ele sugere não vale muito. "A CBF sempre escolhe outro que não o meu [técnico]."
Procurada pela Folha, a Adidas não quis comentar o caso, enquanto a Unimed-Rio, que patrocina o time carioca, relevou o episódio. "Isso não é problema. O Romário está tendo muito carinho com a gente e com a torcida tricolor", comentou Celso Corrêa Barros, presidente da empresa e torcedor fanático do Fluminense.
"Pelos estudos que fizemos, teríamos que investir quatro vezes mais para obter o retorno de mídia espontânea dos últimos dias. Só no dia da apresentação [do atleta", o Flu teve 18 minutos de exposição na TV. Antes, a média diária era de cinco minutos."
A Unimed-Rio, empresa do ramo de seguro saúde, que pagará R$ 200 mil mensais ao Flu até janeiro de 2004, ajudou a viabilizar a vinda do atleta. A parceria começou em 98, quando o time nem estava na elite do Nacional.



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