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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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Lucélia de Carvalho suporta dor no joelho e faz história em Santo Domingo

Carateca vence contusão e é a 1ª brasileira bicampeã

Antônio Gaudério/Folha Imagem
A carateca Lucélia festeja o bicampeonato pan-americano após bater a peruana Molly Sanchez


DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

A carateca Lucélia de Carvalho, 25, tornou-se ontem a primeira brasileira a ser campeã em uma modalidade individual em duas edições consecutivas do Pan.
Para isso, como ela própria definiu, sua maior adversária foi ""ela mesma", ou, mais especificamente, uma de suas pernas.
Por conta de uma lesão em sua perna esquerda, por duas vezes -na semifinal e na decisão-, Lucélia quase perdeu a chance de ser campeã. A atleta só disputou a final depois de ter tomado uma injeção para combater a dor.
Antes, contra a canadense Nassim Varasteh, Lucélia teve de superar a limitação física imposta pelas fortes dores, mas conseguiu vencer o combate por 4 a 3.
Na decisão do ouro, sem muita mobilidade, precisou encarar uma prorrogação. Sua adversária, a peruana Molly Sanchez, optou por uma estratégia defensiva e fugiu do confronto direto.
A prorrogação também terminou em empate e, por causa disso, a luta da brasileira foi a única final decidida por meio da votação dos juízes. Por unanimidade, eles deram o ouro para Lucélia.
"Não lutei pensando nisso [na marca de dois ouros consecutivos]. Aliás, fiquei sabendo apenas no domingo [retrasado], ainda em São Paulo, que poderia ser a primeira bicampeã, assistindo a um programa de TV", comentou a brasileira, pouco após conquistar a segunda medalha de ouro em Pans de sua carreira.
Também poderiam ter sido bicampeãs individuais na República Dominicana a atleta Elisângela Adriano e a judoca Vânia Ishii -ambas acabaram obtendo a medalha de prata.
Não foi a única façanha de Lucélia: no ano passado, a brasiliense foi a única brasileira a subir ao pódio no Campeonato Mundial, disputado em Madri, na Espanha. Ela ganhou o bronze no kumitê, categoria acima de 60kg.
A carateca colocou em perspectiva sua conquista de ontem. "Fico feliz que essa marca tenha vindo para o meu esporte, que quase não recebe atenção e está lutando para virar modalidade olímpica. Sem dúvida, [a conquista] vai dar visibilidade ao caratê."
Ontem, a modalidade rendeu ao Brasil mais três medalhas: uma prata, com Nelson Bittencourt, e dois bronzes, com Sidirley Souza e Emmanuel Santana. No dia anterior, o esporte já havia rendido dois bronzes, com os katas (demonstração individual). No total, foram seis insígnias. Em Winnipeg-99, foram oito: um ouro, quatro pratas e três bronzes.

Drama e dor
Uma torção no joelho esquerdo de Lucélia, produto de uma lesão antiga, foi a responsável por seu drama em Santo Domingo.
Na semifinal contra Nassin Varasteh, quando dominava por 2 a 0, a brasileira voltou a sentir o joelho a 1min14s do final, o que forçou a interrupção da luta para que fosse examinada.
Quando a ação foi retomada, a rival canadense alcançou o empate. O duelo chegou a 3 a 3, e, quando faltava só um segundo para o fim do tempo regulamentar, Lucélia acertou o guiaku-zuki (soco invertido) que definiu sua vitória por 4 a 3.
No intervalo, foi necessário que o médico aplicasse uma injeção para diminuir a dor. "A todo momento pensava que era possível suportar a dor por dois minutos [tempo regular dos combates]", disse a lutadora após a vitória. "Há quatro meses venho treinando com dores, aplicando gelo várias vezes ao dia."
Já na decisão, Lucélia, que vencia por 1 a 0, foi punida com um ponto por caminhar para trás, o que levou a luta para a prorrogação, prolongando seu sofrimento.
Ela explicou que, com medo de nova torção, evitou realizar movimentos laterais e que, ao ir para trás, o juiz interpretara que estava fugindo e aplicou a punição que lhe negou a vitória no tempo normal. (EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)

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