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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Ocaso do gênio da área

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

No seu retorno ao Fluminense, Romário deveria ter pago o salário de um dos antigos companheiros (Euller, Magno Alves, Roni) -ou de qualquer bom atacante- para ajudá-lo a ter um final de carreira mais prolongado e digno.
Romário ainda pode fazer muitos gols pelo Fluminense, é melhor do que muitos jovens centroavantes, porém, ao vê-lo jogar, me lembro com nostalgia do craque que ele foi.
Romário trocava passes e partia com velocidade do meio-campo ou intermediária para receber a bola na frente e fazer gols maravilhosos. Outras vezes, em pequenos espaços, inventava jogadas, driblava, tabelava e finalizava com perfeição e beleza.
Com o tempo, ele diminuiu progressivamente a mobilidade até ficar parado na grande área, esperando a bola sobrar para finalizar. É assim que jogam os artilheiros das peladas de finais de semana.
Penso que está na hora de o Romário encerrar a carreira. Não quero ver o mais genial centroavante do mundo de todos os tempos andar em campo e pisar na bola. Vou fechar os olhos para não chorar de tristeza.

Jogador tático
Alguns leitores do Rio reclamam que escrevo pouco sobre o futebol carioca e quase sempre com críticas. É verdade. Queria falar e elogiar mais e criticar menos, mas não posso distorcer os fatos.
O Vasco não sai do lugar. Não piora nem melhora. O Fluminense ainda é pior. O consolo para os seus torcedores é que os dois times não iludam que vão embalar, como acontece com o Flamengo.
Os dirigentes cariocas têm o hábito de contratar jogadores medianos ou que já foram brilhantes e anunciá-los como craques. Foi o que aconteceu com Joãozinho, a nova "estrela" do Fluminense, que veio do Cruzeiro. Joãozinho é apenas um jogador habilidoso, como dezenas espalhados pelo Brasil. Ele está sempre fora de forma. Pior, se acha um craque.
O Vasco possui muitos jogadores medianos, algumas promessas que não evoluem porque o time é fraco e desorganizado e conta com dois famosos -Edmundo e Marcelinho- que pouco brilham e não se entendem, dentro e fora de campo. Um é crente, e outro, descrente.
O Flamengo se entusiasmou com a chegada de um bom técnico (Oswaldo de Oliveira), como tinha acontecido no início do trabalho do Nelsinho. O time melhorou, mas logo levou um baile do Coritiba, e o torcedor voltou à realidade.
Felipe teve uma maravilhosa atuação contra o Bahia e outra péssima contra o Coritiba. Assim tem sido a sua carreira. Geralmente brilha nos jogos fáceis. Isso é comum com todos os jogadores, por motivos óbvios, mas é mais evidente com alguns.
Se tivesse mais consciência de suas virtudes e defeitos, Felipe poderia ser hoje muito melhor do que é. Ele parece um menino carente que quer sempre a bola nos pés e que acha que os companheiros estão no campo para servi-lo. Raramente se sacrifica para o conjunto.
Como acontece com muitos treinadores. Oswaldo de Oliveira tem alguns jogadores preferidos, que ninguém entende por quê. No São Paulo, insistiu com o lateral-direito Gabriel.
Fernando Diniz não tem qualidade para ser titular do Flamengo. Ele cisca, cisca, parece que vai, mas não vai. Será que ele é um jogador tático?

Botafogo brilha no Rio
Já critiquei o futebol carioca e agora quero elogiar. O quê? Só pode ser a administração do Bebeto de Freitas. O Botafogo está se organizando, saneando as finanças e se preparando para o futuro, ao contrário dos outros clubes do Rio de Janeiro.
O time é líder da Série B do Nacional, ao lado do Palmeiras, porém o torcedor não pode se iludir. Se estivessem na Série A, com esses jogadores, Botafogo e Palmeiras, provavelmente, estariam lá atrás.
Discordo, porém compreendo, o voto útil e racional do Bebeto a favor do continuísmo na federação carioca. Ele não quis prejudicar o clube. Pensou mais no Botafogo do que no cidadão.
Mas imaginei que ele teria uma conduta contrária, que simbolizasse o início de mudanças no futebol carioca. Vivo idealizando as coisas, mesmo sabendo que o ideal está longe da realidade. Quanto maior a distância, maior a frustração.

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