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FUTEBOL
Ocaso do gênio da área
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
No seu retorno ao Fluminense, Romário deveria ter
pago o salário de um dos antigos
companheiros (Euller, Magno Alves, Roni) -ou de qualquer bom
atacante- para ajudá-lo a ter
um final de carreira mais prolongado e digno.
Romário ainda pode fazer muitos gols pelo Fluminense, é melhor
do que muitos jovens centroavantes, porém, ao vê-lo jogar, me lembro com nostalgia do craque que
ele foi.
Romário trocava passes e partia
com velocidade do meio-campo
ou intermediária para receber a
bola na frente e fazer gols maravilhosos. Outras vezes, em pequenos
espaços, inventava jogadas, driblava, tabelava e finalizava com
perfeição e beleza.
Com o tempo, ele diminuiu progressivamente a mobilidade até
ficar parado na grande área, esperando a bola sobrar para finalizar. É assim que jogam os artilheiros das peladas de finais de semana.
Penso que está na hora de o Romário encerrar a carreira. Não
quero ver o mais genial centroavante do mundo de todos os tempos andar em campo e pisar na
bola. Vou fechar os olhos para
não chorar de tristeza.
Jogador tático
Alguns leitores do Rio reclamam que escrevo pouco sobre o
futebol carioca e quase sempre
com críticas. É verdade. Queria
falar e elogiar mais e criticar menos, mas não posso distorcer os
fatos.
O Vasco não sai do lugar. Não
piora nem melhora. O Fluminense ainda é pior. O consolo para os
seus torcedores é que os dois times
não iludam que vão embalar, como acontece com o Flamengo.
Os dirigentes cariocas têm o hábito de contratar jogadores medianos ou que já foram brilhantes
e anunciá-los como craques. Foi o
que aconteceu com Joãozinho, a
nova "estrela" do Fluminense,
que veio do Cruzeiro. Joãozinho é
apenas um jogador habilidoso,
como dezenas espalhados pelo
Brasil. Ele está sempre fora de forma. Pior, se acha um craque.
O Vasco possui muitos jogadores medianos, algumas promessas
que não evoluem porque o time é
fraco e desorganizado e conta
com dois famosos -Edmundo e
Marcelinho- que pouco brilham
e não se entendem, dentro e fora
de campo. Um é crente, e outro,
descrente.
O Flamengo se entusiasmou
com a chegada de um bom técnico (Oswaldo de Oliveira), como tinha acontecido no início do trabalho do Nelsinho. O time melhorou, mas logo levou um baile do
Coritiba, e o torcedor voltou à
realidade.
Felipe teve uma maravilhosa
atuação contra o Bahia e outra
péssima contra o Coritiba. Assim
tem sido a sua carreira. Geralmente brilha nos jogos fáceis. Isso
é comum com todos os jogadores,
por motivos óbvios, mas é mais
evidente com alguns.
Se tivesse mais consciência de
suas virtudes e defeitos, Felipe poderia ser hoje muito melhor do
que é. Ele parece um menino carente que quer sempre a bola nos
pés e que acha que os companheiros estão no campo para servi-lo.
Raramente se sacrifica para o
conjunto.
Como acontece com muitos
treinadores. Oswaldo de Oliveira
tem alguns jogadores preferidos,
que ninguém entende por quê. No
São Paulo, insistiu com o lateral-direito Gabriel.
Fernando Diniz não tem qualidade para ser titular do Flamengo. Ele cisca, cisca, parece que vai,
mas não vai. Será que ele é um jogador tático?
Botafogo brilha no Rio
Já critiquei o futebol carioca e
agora quero elogiar. O quê? Só
pode ser a administração do Bebeto de Freitas. O Botafogo está se
organizando, saneando as finanças e se preparando para o futuro,
ao contrário dos outros clubes do
Rio de Janeiro.
O time é líder da Série B do Nacional, ao lado do Palmeiras, porém o torcedor não pode se iludir.
Se estivessem na Série A, com esses jogadores, Botafogo e Palmeiras, provavelmente, estariam lá
atrás.
Discordo, porém compreendo, o
voto útil e racional do Bebeto a
favor do continuísmo na federação carioca. Ele não quis prejudicar o clube. Pensou mais no Botafogo do que no cidadão.
Mas imaginei que ele teria uma
conduta contrária, que simbolizasse o início de mudanças no futebol carioca. Vivo idealizando as
coisas, mesmo sabendo que o
ideal está longe da realidade.
Quanto maior a distância, maior
a frustração.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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