LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O caminho até a Série A passa por campos esburacados, estádios em que a torcida fica bem próxima do gramado e, agora, pela capacidade de os atletas competirem sob condições climáticas que beiram a insalubridade.
A segunda rodada do quadrangular final da competição que define os promovidos para a primeira divisão de 2005 acontece hoje ameaçada pela desidratação dos jogadores. Como os jogos são no Nordeste, onde não há o horário de verão, as partidas estão marcadas para as 15h locais.
O Bahia recebe o Avaí, na Fonte Nova. A outra partida opõe o Fortaleza ao Brasiliense, no sertão cearense, em Sobral.
Segundo a previsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Salvador estará exposta na tarde de hoje a uma temperatura de 30C, com 70% de umidade relativa do ar. Em Sobral (a 235 km de Fortaleza), a previsão é de 36C, com 50% de umidade relativa.
De acordo com os fisiologistas ouvidos pela Folha, a prática desportiva sob 30C, com 60% de umidade, é contra-indicada.
Em sua coluna semanal no sítio da CBF na Internet, Virgílio Elísio, diretor-técnico da entidade, diz que o horário foi marcado atendendo à grade da TV Globo.
Por meio de sua assessoria, a emissora disse que os horários atendem a acordos comerciais previamente assumidos, com os quais os clubes concordaram.
As equipes vêem de forma distinta a "rodada quente" de hoje. Segundo o presidente do Avaí, João Nilson Zunino -que é médico-, sua comissão técnica "trabalhou muito" para que os atletas suportem o choque térmico. "Apesar de termos atletas de todo o país, habituados ao calor, ainda faz frio em Florianópolis nesta época. A maior dificuldade não é exatamente jogar sob 30C em Salvador, mas fazê-lo após sair daqui, onde a temperatura chegou a 10C nesta semana."
Zetti, técnico do Fortaleza -que perdeu o mando de campo no STJD-, treinou sua equipe desde a última quarta-feira no horário da partida. "Além disso, orientei a nutricionista e o fisiologista do clube a montarem programas para combater o efeito do calor. Mas, espero uma partida com mais faltas, mais toques de bola e com o ritmo mais lento."
O treinador adversário, Edinho, adotou posição oposta. "Em Brasília também faz muito calor. Jogar às 16h, com horário de verão, ou às 15h, sem, é a mesma coisa."
O Bahia vê da mesma forma. "Não mudei a rotina. Em Salvador, o vento alivia o calor", disse o técnico Oswaldo Alvarez.