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MOTOR
Lições de uma batalha
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Circula pela internet um vídeo com cenas das três últimas voltas do GP da França de
1979, em Dijon. É um tapa na cara de quem acha que disputas por
segundo lugar não têm nada de
interessante. Em 1min57s, traz as
cenas de um dos maiores duelos
da história da F-1: Gilles Villeneuve x René Arnoux.
O francês tinha atrás de si um
Renault turbo, o mesmo de Jean-Pierre Jabouille, que já havia deixado Villeneuve para trás.
Já o canadense, apesar de pilotar um carro mais lento naquele
domingo de julho, tinha a seu lado a garra que o tornou mito.
Quis a história que os dois se encontrassem em Dijon. A três voltas do final. Arnoux encostou e jogou Villeneuve para terceiro na
Villeroy, primeira curva do circuitinho de 3.800 m. Bem a seu estilo, o ferrarista partiu para tentar o troco. O francês, para vibração da torcida, decidiu resistir.
O que se seguiu, então, foi uma
série de ultrapassagens, rodas batendo, pneus fritando, freios travando, carros e pilotos no limite.
Na última volta, Villeneuve, enfim, retomou o segundo lugar.
Naquele dia, não foi o "primeiro
dos perdedores". Pois se o GP foi
histórico por ter visto a primeira
vitória de um turbo, ficou gravado na memória dos fãs pelo duelo.
(Não é difícil achar o vídeo na
rede. Uma versão bacana está em
www.iprimus.ca/~trauttf/Gilles/).
O fato é que, nos e-mails que
viajam por aí, o vídeo normalmente vem com mensagens do tipo "os bons tempos da F-1", "valia
a pena ver um GP", "corrida pra
valer" e segue a toada.
Será? O ano em questão é 79. O
Mundial de Construtores foi da
Ferrari -como tem sido desde
99. O Mundial de Pilotos teve dobradinha de Maranello, com Jody
Schecker à frente de Villeneuve
-a exemplo de Schumacher-Barrichello em 2002 e neste ano.
"Mas havia disputa na pista",
argumentarão. É verdade, mas
aquela de Dijon foi uma exceção.
As outras, acredito, não ficaram
devendo a Massa x Villeneuve (o
filho) em Suzuka, Barrichello x
Trulli em Magny-Cours ou a Sato
x Barrichello em Nurburgring.
O que acontece é que muitos
torcedores colocam tudo no mesmo saco. Se a disputa pelo primeiro lugar não tem graça, nada
presta. Essa generalização é muito radical, e o "resgate" da batalha de Dijon está aí para provar.
Então por que o sentimento de
que a F-1 está chata? Porque o
que faz diferença é a mesmice no
topo do campeonato. Se 79 tem
algo a ensinar, é que os dois ferraristas terminaram separados por
só quatro pontos. O Mundial teve
outros líderes e frenéticas trocas
de supremacia entre as equipes.
Algo bem diferente do abismo
atual. E que nove times fizeram o
favor de tornar mais gigantesco
ao renunciar a metade dos dias
de testes em 2005 para cortar custos e tentar vexar a Ferrari.
Imagine o que a "scuderia" fará
no ano que vem treinando o dobro das outras... Seria bom que as
TVs do mundo todo recebessem o
vídeo de Dijon. Para irem se acostumando a, no ano que vem,
mostrar apenas longínquas disputas por segundos lugares. Lá na
frente não restará muita coisa.
Em Campo Grande
Tempos atrás, Giuliano Losacco não tinha perspectiva e começou a
dar aulas de pilotagem para se sustentar. Domingo, venceu o principal torneio do país, a Stock Car, uma virada rápida, talvez só possível
no esporte. Por essas e outras que a gente é louco por esse troço.
No Rio
Falando em Losacco, ele larga às 13h30 de amanhã com um Audi
TTR DTM para os 500 km do Rio, em Jacarepaguá. Belo programa.
Em São Paulo
Para os paulistanos, a atração é a Granja Viana e suas 500 Milhas,
brincadeira séria com pilotos como Barrichello, Gil, Kanaan, Castro
Neves, Massa e Montoya. A largada é à meia-noite de hoje.
E-mail fseixas@folhasp.com.br
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