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FUTEBOL
Atleticanos adotam prática de praias cariocas para obter dinheiro e comprar ingresso de cambistas
Torcedores recorrem a arrastão em BH
RODRIGO BERTOLOTTO
enviado especial a Belo Horizonte
RANIER BRAGON
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O arrastão, método de assalto
criado nas praias cariocas, foi
adotado por parte da torcida atleticana para garantir sua presença
no Mineirão em dia de decisão do
Campeonato Brasileiro-99.
Vários arrastões foram registrados ontem nas proximidades do
estádio, com 12 suspeitos detidos.
Anteontem, os casos se acumularam no centro de Belo Horizonte, depois que os ingressos para a
primeira partida das finais se esgotaram nos postos de venda.
Nos casos ocorridos na área
central, os assaltantes se aproveitaram do grande movimento de
pessoas fazendo compras de Natal nas lojas e shoppings.
Com o dinheiro obtido, os torcedores-assaltantes compraram
ingressos de cambistas.
Os arrastões que vêm acontecendo em Belo Horizonte não são
exclusividade dos jogos do Atlético-MG. Nos últimos jogos que o
Cruzeiro fez no Mineirão, a polícia também registrou um alto número de ocorrências.
Os pontos de ônibus próximos
ao estádio são os locais preferidos
para a prática dos arrastões. No final e início das partidas, eles ficam lotados, o que facilita o trabalho dos assaltantes.
Segundo o comando da PM mineira, geralmente o arrastão é
praticado por pessoas da periferia
da cidade, principalmente dos
bairros pobres da região norte de
Belo Horizonte (área próxima ao
estádio do Mineirão).
A maioria dos torcedores, de
acordo com a PM, faz uso de bebidas alcoólicas ou de drogas antes
de partir para os assaltos.
Algumas dessas pessoas vão ao
Mineirão apenas com o intuito de
furtar, e nem entram nos estádios
para assistir aos jogos, afirma a
Polícia Militar.
A polícia mineira anunciou que
realizou algumas mudanças para
tentar coibir a prática do arrastão
nos estádios.
"Entre outras coisas, o número
de policiais que faz a ronda nas
imediações do estádio e nos pontos de ônibus próximos ao Mineirão foi reforçado", afirmou o major Adenílson, responsável pelo
policiamento nos estádios de Belo
Horizonte.
Para a partida de ontem, foram
destacados 1.156 policiais, cerca
de três vezes mais que o contigente utilizado normalmente para o
policiamento de jogos.
Dentro do estádio, a Polícia Militar monitorava com quatro câmeras de vídeo o movimento desses torcedores.
Torcida apedrejada
Pelo menos 9 dos 11 ônibus que
trouxeram a torcida corintiana a
Minas Gerais foram apedrejados
na chegada à capital mineira.
Na maioria dos casos, as pedras
só causaram danos nos veículos.
Mas quatro torcedores corintianos foram parar no centro médico do estádio do Mineirão após levar pedradas.
Na chegada ao estádio, a torcida
paulista que chegou de ônibus
não teve maiores dificuldades.
Já os 320 corintianos que chegaram em um avião fretado à capital
mineira foram obrigados a passar
no meio de torcedores atleticanos. Nenhum deles foi agredido.
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