São Paulo, Segunda-feira, 13 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Atleticanos adotam prática de praias cariocas para obter dinheiro e comprar ingresso de cambistas
Torcedores recorrem a arrastão em BH

RODRIGO BERTOLOTTO
enviado especial a Belo Horizonte

RANIER BRAGON
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O arrastão, método de assalto criado nas praias cariocas, foi adotado por parte da torcida atleticana para garantir sua presença no Mineirão em dia de decisão do Campeonato Brasileiro-99.
Vários arrastões foram registrados ontem nas proximidades do estádio, com 12 suspeitos detidos.
Anteontem, os casos se acumularam no centro de Belo Horizonte, depois que os ingressos para a primeira partida das finais se esgotaram nos postos de venda.
Nos casos ocorridos na área central, os assaltantes se aproveitaram do grande movimento de pessoas fazendo compras de Natal nas lojas e shoppings.
Com o dinheiro obtido, os torcedores-assaltantes compraram ingressos de cambistas.
Os arrastões que vêm acontecendo em Belo Horizonte não são exclusividade dos jogos do Atlético-MG. Nos últimos jogos que o Cruzeiro fez no Mineirão, a polícia também registrou um alto número de ocorrências.
Os pontos de ônibus próximos ao estádio são os locais preferidos para a prática dos arrastões. No final e início das partidas, eles ficam lotados, o que facilita o trabalho dos assaltantes.
Segundo o comando da PM mineira, geralmente o arrastão é praticado por pessoas da periferia da cidade, principalmente dos bairros pobres da região norte de Belo Horizonte (área próxima ao estádio do Mineirão).
A maioria dos torcedores, de acordo com a PM, faz uso de bebidas alcoólicas ou de drogas antes de partir para os assaltos.
Algumas dessas pessoas vão ao Mineirão apenas com o intuito de furtar, e nem entram nos estádios para assistir aos jogos, afirma a Polícia Militar.
A polícia mineira anunciou que realizou algumas mudanças para tentar coibir a prática do arrastão nos estádios.
"Entre outras coisas, o número de policiais que faz a ronda nas imediações do estádio e nos pontos de ônibus próximos ao Mineirão foi reforçado", afirmou o major Adenílson, responsável pelo policiamento nos estádios de Belo Horizonte.
Para a partida de ontem, foram destacados 1.156 policiais, cerca de três vezes mais que o contigente utilizado normalmente para o policiamento de jogos.
Dentro do estádio, a Polícia Militar monitorava com quatro câmeras de vídeo o movimento desses torcedores.

Torcida apedrejada
Pelo menos 9 dos 11 ônibus que trouxeram a torcida corintiana a Minas Gerais foram apedrejados na chegada à capital mineira.
Na maioria dos casos, as pedras só causaram danos nos veículos. Mas quatro torcedores corintianos foram parar no centro médico do estádio do Mineirão após levar pedradas.
Na chegada ao estádio, a torcida paulista que chegou de ônibus não teve maiores dificuldades.
Já os 320 corintianos que chegaram em um avião fretado à capital mineira foram obrigados a passar no meio de torcedores atleticanos. Nenhum deles foi agredido.


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