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FUTEBOL
Luxemburgo exige dedicação total e veta atividades extracampo do grupo que tenta vaga em Sydney
Seleção olímpica teme "efeito Ronaldo"
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Campo Grande
Política, publicidade, badalação
e quaisquer outras atividades extracampo devem ser banidas da
seleção olímpica do Brasil, que
disputa uma vaga para Sydney no
início do ano que vem.
Na chegada do time a Campo
Grande, para o amistoso de amanhã, contra o Paraguai, Wanderley Luxemburgo avisou que quer
prioridade total para a inédita
conquista do ouro olímpico.
"Quem quiser participar do
projeto tem que mostrar atitude e
priorizar a seleção, porque conquistar uma vaga para a Olimpíada é até mais difícil do que conseguir uma para a Copa do Mundo", disse o treinador.
O recado de Luxemburgo, repetido exaustivamente no Mato
Grosso do Sul, foi dado principalmente a Ronaldinho, do Grêmio,
que na semana passada anunciara
à Folha que gravaria um comercial para a Pepsi na Espanha.
Com viagem programada para
o dia 20, o atacante, que quer passar o Natal em Porto Alegre, cogitara pedir dispensa dos testes de
avaliação física que a equipe sub-23 fará no Rio, entre os dias 26 e
29, se o comercial não estivesse
encerrado até lá.
Mas Luxemburgo deixou claro
que não só não o dispensaria, como poderia até cortá-lo se ele optasse pela gravação, deixando a
seleção em segundo plano.
O temor da comissão técnica é
ver o gremista seguindo os passos
de Ronaldo, da Inter, que, segundo o próprio clube italiano, tem se
dedicado exageradamente a eventos publicitários e sociais.
Ciente da advertência do treinador, Ronaldinho prometeu não
apenas treinar com mais afinco,
como, se for o caso, deixar o comercial de lado. "O professor está
certo. Para mim, a seleção vem
em primeiro lugar", disse ele.
Mesmo assim, Luxemburgo
não se deu por satisfeito. "Uma
coisa é falar, outra coisa é agir. Vamos ver como ele se comporta daqui em diante, porque o futebol é
um mundo complicado. Os mesmos que te jogam flores hoje atiram pedras amanhã."
"O Ronaldinho teve aqueles dez
segundos na Copa América
(quando fez belo gol contra a Venezuela) e a imprensa criou um
novo fenômeno. As cobranças ficaram muito maiores, e ele tem
que aprender a lidar com elas."
Além da preocupação com os
compromissos publicitários dos
atletas, Luxemburgo também
tenta evitar o uso político dos
amistosos da equipe brasileira.
Anteontem, por exemplo, o
prefeito André Puccinelli
(PMDB) fez questão de se mostrar presente na coletiva de imprensa da seleção. Já amanhã seria a vez de representantes do
PFL, que pediram à federação local credenciais para ficar no campo durante treino do Brasil.
A assessoria de imprensa da
CBF, porém, quer evitar a entrada
de pessoas que não estejam trabalhando no amistoso. A dificuldade é grande, pois a federação distribuiu pelo menos 80 credenciais
para indivíduos que invadem o
hotel da seleção e o campo de
treino apenas para conhecer os
jogadores e obter um autógrafo.
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