São Paulo, Segunda-feira, 13 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Luxemburgo exige dedicação total e veta atividades extracampo do grupo que tenta vaga em Sydney
Seleção olímpica teme "efeito Ronaldo"

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Campo Grande

Política, publicidade, badalação e quaisquer outras atividades extracampo devem ser banidas da seleção olímpica do Brasil, que disputa uma vaga para Sydney no início do ano que vem.
Na chegada do time a Campo Grande, para o amistoso de amanhã, contra o Paraguai, Wanderley Luxemburgo avisou que quer prioridade total para a inédita conquista do ouro olímpico.
"Quem quiser participar do projeto tem que mostrar atitude e priorizar a seleção, porque conquistar uma vaga para a Olimpíada é até mais difícil do que conseguir uma para a Copa do Mundo", disse o treinador.
O recado de Luxemburgo, repetido exaustivamente no Mato Grosso do Sul, foi dado principalmente a Ronaldinho, do Grêmio, que na semana passada anunciara à Folha que gravaria um comercial para a Pepsi na Espanha.
Com viagem programada para o dia 20, o atacante, que quer passar o Natal em Porto Alegre, cogitara pedir dispensa dos testes de avaliação física que a equipe sub-23 fará no Rio, entre os dias 26 e 29, se o comercial não estivesse encerrado até lá.
Mas Luxemburgo deixou claro que não só não o dispensaria, como poderia até cortá-lo se ele optasse pela gravação, deixando a seleção em segundo plano.
O temor da comissão técnica é ver o gremista seguindo os passos de Ronaldo, da Inter, que, segundo o próprio clube italiano, tem se dedicado exageradamente a eventos publicitários e sociais.
Ciente da advertência do treinador, Ronaldinho prometeu não apenas treinar com mais afinco, como, se for o caso, deixar o comercial de lado. "O professor está certo. Para mim, a seleção vem em primeiro lugar", disse ele.
Mesmo assim, Luxemburgo não se deu por satisfeito. "Uma coisa é falar, outra coisa é agir. Vamos ver como ele se comporta daqui em diante, porque o futebol é um mundo complicado. Os mesmos que te jogam flores hoje atiram pedras amanhã."
"O Ronaldinho teve aqueles dez segundos na Copa América (quando fez belo gol contra a Venezuela) e a imprensa criou um novo fenômeno. As cobranças ficaram muito maiores, e ele tem que aprender a lidar com elas."
Além da preocupação com os compromissos publicitários dos atletas, Luxemburgo também tenta evitar o uso político dos amistosos da equipe brasileira.
Anteontem, por exemplo, o prefeito André Puccinelli (PMDB) fez questão de se mostrar presente na coletiva de imprensa da seleção. Já amanhã seria a vez de representantes do PFL, que pediram à federação local credenciais para ficar no campo durante treino do Brasil.
A assessoria de imprensa da CBF, porém, quer evitar a entrada de pessoas que não estejam trabalhando no amistoso. A dificuldade é grande, pois a federação distribuiu pelo menos 80 credenciais para indivíduos que invadem o hotel da seleção e o campo de treino apenas para conhecer os jogadores e obter um autógrafo.


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