São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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Sindicato de juízes contra-ataca e vai avaliar erros de atleta e técnico

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cansados de serem objeto de críticas e de desconfianças ao fim de cada partida, os árbitros do futebol paulista resolveram contra-atacar e passarem de observados a observadores dos fatos que ocorrem dentro dos gramados.
O Sindicato dos Árbitros do Estado de São Paulo (Safesp) criou um sistema para fazer com técnicos e jogadores o que é feito com seus associados. Após cada rodada em que times paulistas tenham atuado, a entidade pretende divulgar em seu site oficial uma avaliação das partidas.
Segundo Sérgio Corrêa da Silva, presidente do Safesp, o intuito é demonstrar que, assim como os juizes, treinadores e atletas também erram durante os jogos e que os resultados dos confrontos não podem ser freqüentemente imputados a atuações da arbitragem.
"O árbitro é sempre colocado em dúvida, mas não só pelo lado técnico. Sempre falam que em todos os jogos os árbitros são mal-intencionados", diz Corrêa. "O juiz está sob pressão o tempo todo. Está no fio da navalha. Existe um exagero nas cobranças sobre a arbitragem", completa o sindicalista, que também já foi árbitro.
Para Corrêa, um dos motivos para tal aumento de pressão são os comentários feitos nas transmissões de TV por ex-juízes.
"Eles são muito ácidos. Do jeito que falam, parece que quando apitavam eram perfeitos e que os árbitros de hoje não prestam."
O problema, por enquanto, é a maneira que o sindicato encontrou para fazer as avaliações. As críticas aos outros "personagens" do futebol não serão feitas a partir de observações de membros da entidade. Serão baseadas nas opiniões e relatos da imprensa sobre a atuação dos jogadores e dos treinadores.
"Vamos fazer uma análise geral do que a imprensa destacar. As críticas também são contundentes em relação aos jogadores e aos técnicos, mas essa leitura acaba não sendo feita", analisa o presidente do Safesp.
O dirigente do sindicato diz não temer ser acusado de tentar desviar o foco com relação aos problemas ocorridos no Brasileiro do ano passado, quando o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho manipulou resultados. "A minha assessoria de imprensa me alertou para isso, mas acho que mesmo assim temos que fazer."
Para o presidente da comissão de arbitragem da Federação Paulista de Futebol, o coronel da reserva da PM Marcos Marinho, a atitude do Safesp não deverá ajudar nem atrapalhar seu trabalho.
"O que o sindicato faz é problema dele", diz, sem reprovar a idéia. "Eles estão indo em defesa dos associados. É uma forma de mostrar que todos são suscetíveis a erros. Está havendo um preconceito com árbitros."


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