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TÊNIS
Imagine só!
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Feche os olhos e faça de conta
que nunca existiu um tenista
brasileiro chamado Gustavo
Kuerten.
Imagine que esse garoto catarinense, sorriso cativante e jeito de
surfista, jamais seguiu carreira
profissional no tênis. Imagine que
ele optou pela faculdade de administração de empresas quando tinha 17 anos e, agora, já com algum tempo no mercado, conseguiu ser promovido a diretor em
uma empresa de exportação baseada em Florianópolis.
Difícil? Não pare.
Imagine que, de segunda a sexta, das 9h às 18h, o senhor Gustavo Kuerten veste roupa social para trabalhar em um escritório no
centro da capital catarinense.
Que a primeira coisa que faz todos os dias é ler os jornais, começando pelos cadernos de economia. Que, em seguida, ele responde e-mails, basicamente de clientes querendo saber dos prazos de
entrega dos produtos.
Continue.
Imagine que, como qualquer cidadão comum, o senhor Gustavo
Kuerten saiu do escritório mais
cedo na quinta passada, foi para
casa, juntou suas coisas, vestiu
uma bermuda, colocou uma
prancha de surfe no carro e, com
amigos, saiu para pegar a estrada
e aproveitar o feriado de Páscoa.
Que foi com os amigos para
uma casa em uma praia ali mesmo perto de Floripa. E que se divertiu muito, bebeu bastante cerveja e voltou para a casa da mãe
só no domingo à noite, a tempo
apenas de ver os gols da rodada.
Imaginou?
Agora imagine como seria o tênis nacional sem Gustavo Kuerten. Pense em uma participação
na Copa Davis sem Kuerten.
Para começar, dificilmente o
Brasil estaria no Grupo Mundial.
Disputaria provavelmente a segunda divisão. E, na segunda, jamais teria pela frente Austrália,
França, Suécia. Provavelmente
pegaria um... Paraguai!
Você consegue imaginar, sem
Gustavo Kuerten e contra um Paraguai, torcedores enchendo um
estádio e gritando freneticamente
o nome dos tenistas? Não? Por
acaso você só consegue imaginar
um punhado de torcedores aqui e
ali, mal cobrindo uma ínfima
parte das arquibancadas?
E a equipe brasileira, você consegue imaginar? Teria muitos tenistas famosos ou seria basicamente formada por jogadores de
quem você nunca ouvira falar?
Contra paraguaios e sem Gustavo Kuerten, como você acha
que a equipe se portaria? Os brasileiros passariam por cima dos
adversários ou que sentiriam a
pressão de jogar uma competição
tão nobre como a Copa Davis?
Você estaria confiante na vitória ou teria medo do principal jogador adversário, que não passa
de número 191 do ranking mundial? Apostaria nos tenistas brasileiros com fé e vontade ou diria
que eles só teriam chance se conseguissem cansar o tal paraguaio?
Por fim, imagina o Brasil ganhando ou perdendo do Paraguai? Brigando para ir ao Grupo
Mundial ou lutando para não
cair para a terceira divisão?
Um pesadelo, né? Imagine se
não existisse um tenista brasileiro
chamado Gustavo Kuerten. Acho
que não existiria tênis no Brasil.
Palmas
Esforço e vontade não faltaram a Marcos Daniel, Alexandre Simoni,
Julio Silva e Josh Goffi. Apesar da derrota, deve-se registrar o empenho deles, bravamente liderados por Carlos Chabalgoity, o Chapecó.
Pedras
Vai sair ainda muita faísca da briga pelo poder na CBT. Sonha quem
imagina consenso. Nem o clima tropical e o conforto da Costa do
Sauípe acalmaram os cartolas. Muita gente já se arma de pau e pedra.
Dúvidas
Existe a possibilidade de a eleição na CBT não ser no dia 15 de maio?
Pouca, mas existe. Quem são os candidatos? Estão escondidos.
Quem jogará no confronto contra o Venezuela, em julho? Vai saber...
E-mail randaku@uol.com.br
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