São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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FUTEBOL

Técnico da seleção adota estilo oposto ao de seus 2 últimos antecessores

À moda antiga, Scolari vai de ponta e meia-cancha

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Luiz Felipe Scolari contrariou sua fama de encrenqueiro e surpreendeu pelo estilo "light" na sua primeira convocação de seleção brasileira, ontem, no Rio.
Em uma época em que os treinadores gostam de ser rotulados de modernos, Scolari se definiu como "antigo" e pontuou a entrevista com palavras que há tempos não são utilizadas no futebol.
Ao anunciar os atacantes convocados, ele preferiu ""ressuscitar" o ponta. ""Agora, vou falar os nomes dos pontas, como eram chamados no meu tempo. Hoje, só dizem atacantes. Gosto de falar ponta, jogador de lado do campo, de velocidade", afirmou Scolari, em tom de ironia, ao anunciar os nomes de Euller, do Vasco, de Ewerthon, do Corinthians, e de Geovanni, do Barcelona.
Durante o anúncio da lista de convocados, ele disse que chamaria os atletas da ""meia-cancha", fazendo uma referência aos atletas que atuam no meio-campo.
Na entrevista coletiva concedida ontem, o treinador não fugiu de nenhuma pergunta e respondeu sempre com educação aos jornalistas, o que não ocorria nas épocas de Luxemburgo e Leão.
Scolari prometeu conquistar a vaga para a Copa, disse que já perdoou o atacante Edílson, do Flamengo, seu antigo desafeto, e elogiou a seleção argentina, que servirá de modelo para seu trabalho.
Dizendo-se pacífico, negou já ter mandado algum atleta seu dar pontapé no adversário.
Em 1999, Scolari deu uma bronca nos jogadores do Palmeiras, seu clube na época, após uma derrota para o Corinthians. Ele reclamou que nenhum atleta cuspiu no rosto de Edílson, que então atuava no Corinthians.
Apesar do seu estilo "light", ele deu mostras de que não vai abrir mão da disciplina na seleção. Scolari anunciou uma espécie de cartilha que obrigará os jogadores a seguir na seleção.
""Vou cobrar disciplina, horários, respeito aos companheiros e ao país. Não vou abrir mão disso de maneira nenhuma", afirmou.
O técnico não poupou declarações patrióticas em outras respostas. ""Temos que mostrar para o povo que vamos defender o Brasil de forma simples e sincera. Temos que honrar a camisa da seleção. Vamos nos dedicar [contra o Uruguai" como se fosse o último jogo da nossa vida", disse.
No final da entrevista, o treinador manteve o bom humor. Pouco antes de deixar o hotel em que convocou a seleção, ele recebeu uma dúzia de flores enviadas pelo português José Moura, o folclórico Beijoqueiro, que foi barrado.
""Olha como a vida é bonita. Isso significa amor e carinho", brincou Scolari, ao receber as flores. ""Tomara que ele esteja lá embaixo, quero dar um beijo nele", acrescentou, deixando de lado o seu famoso machismo.
Ao deixar o hotel, Scolari não conseguiu fugir do beijoqueiro. Rodeado por vários fotógrafos, o novo treinador da seleção foi beijado no rosto por Moura. Para fugir do assédio do Beijoqueiro, ele voltou para a portaria do hotel, onde entregou as flores para uma menina que estava no local.
A seleção vai iniciar os treinos para a partida do próximo dia 1º na segunda-feira, em Teresópolis, região serrana do Rio.
Na ocasião, os jogadores que atuam no futebol brasileiro se apresentarão na Granja Comary.
Na quarta-feira, os ""estrangeiros", que atuam no exterior, vão se integrar ao grupo.
O preparador físico Paulo Paixão, o preparador de goleiros Carlos Pracidelli e o auxiliar técnico Flávio Teixeira, o Murtosa, vão integrar a comissão técnica de Scolari na seleção brasileira.


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