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Cabide de emprego ronda Rio-16
A seis anos da Olimpíada, governo cita lei de calamidade pública para contratar à vontade
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
O governo federal usou a
lei de calamidade pública para abrir uma brecha que pode
tornar a Rio-2016 um cabide
de emprego olímpico, sem
concurso público ou quantidade de cargos definida.
A seis anos dos Jogos, o governo já usa o expediente de
evitar atrasos para nomear
quantas pessoas quiser, com
o critério que julgar mais
apropriado, pelo tempo que
achar necessário e com o salário que considerar justo.
A possibilidade de contratação temporária foi inserida
em projeto de lei enviado à
Câmara dos Deputados. A
proposta cria a APO (Autoridade Pública Olímpica), órgão responsável pelo acompanhamento dos Jogos.
Pelo texto, a contratação
será baseada na lei de calamidade pública, de 1993, que
permite fazer nomeações
temporárias em casos como
crises no sistema de saúde e
outras situações de emergência - o governo agora quer
enquadrar atrasos nas obras.
Apesar de provisórios, os
contratados poderão trabalhar por até três anos "excepcionalmente". E mais: os
contratos podem ter "sucessivas prorrogações".
Os salários serão baseados
em valores da administração
pública ou de mercado.
O projeto de lei afirma que
o custo com pessoal não pode passar do limite orçamentário da APO. A contratação
deve ser feita por "processo
seletivo simplificado", com
critérios a serem definidos.
Os deputados da Comissão
de Administração Pública tiveram quase um mês para
enviar emendas à proposta
do governo. Só uma alteração foi sugerida, mas sem relação com os temporários.
A emenda, elaborada pelo
deputado Walter Feldman
(PSDB-SP), pede um integrante da Câmara e outro do
Senado no conselho que comandará a APO.
COMISSIONADOS
A APO servirá ainda para
criar 484 cargos comissionados, sendo 84 exclusivos do
órgão, e outras 300 pessoas
do serviço público serão convocadas, com remuneração
extra de até R$ 5.000.
Os cargos poderão custar
R$ 369 milhões até 2018,
quando a APO será extinta.
A média salarial dos comissionados contratados pela APO é de R$ 16 mil. O chefe
do órgão será nomeado pelo
presidente da República e
ganhará R$ 22 mil por mês. O
mandato é de quatro anos,
permitida a recondução.
Só para a APO começar a
funcionar, o governo prevê
gastar R$ 94 milhões.
Os 484 servidores terão como função fiscalizar obras e
selecionar projetos.
A APO é um consórcio formado pelos governos federal, do Rio e prefeitura carioca. O projeto deve ser aprovado no Legislativo dos três governos. A criação do órgão foi
uma garantia dada pelo Brasil ao Comitê Olímpico Internacional para a candidatura
do Rio. A sede será na cidade.
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