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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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Marcado pelo baixo público e pela queda dos índices técnicos, Brasileiro com fórmula inédita ganha a preferência da maioria

Ex-tabu, pontos corridos viram modelo para clubes

FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Inaugurada neste ano sob a desconfiança da cartolagem nacional e ferida pela derrocada de público e índices técnicos do Brasileiro-2003, a fórmula de pontos corridos recebe, transcorridos dois terços da competição, um respaldo inusitado: o da maioria dos clubes que integram a primeira divisão.
Levantamento da Folha com 22 dos 24 times da Série A revela que os principais protagonistas do mais longo e inovador Nacional da história gostaram do modelo importado da Europa e defendem a sua manutenção em 2004.
Enquanto sete agremiações se declararam favoráveis à volta de mata-matas no ano que vem, 13 uniram-se em torno dos pontos corridos. Somente dois clubes, São Paulo e Paraná, ficaram em cima do muro -disseram precisar de mais tempo para avaliar.
Os partidários da preservação argumentam que a nova fórmula permite que os clubes se planejem, garante mais justiça e traz mais receitas com televisionamento. E nem se queixam da duração de nove meses, considerada longa pelos críticos do modelo.
"O Brasileiro poderia ter 11 meses. Tenho pavor de Estadual. Vou defender os pontos corridos nem que tenha de fazê-lo sozinho", disse o presidente do Cruzeiro, Alvimar Perrela.
Seu colega do Coritiba, Giovani Gionédis, avalia que "nenhuma fórmula pode ser testada uma vez e já se dizer que deu errado". Destaca ainda o mérito de quem se planeja: "Formamos um plantel desde o início porque sabíamos da necessidade. O Brasileiro premia quem se estruturou".
Para Mário Celso Petráglia, presidente do Atlético-PR, é tudo questão de costume. "Precisamos criar a motivação. Com o tempo, acaba ficando bom", disse ele, que defende a redução para 20 times.
Também favorável aos pontos corridos, o líder do Clube dos 13, Fábio Koff, considera que "qualquer fórmula com 24 clubes é exagerada, é muito jogo".
O resultado surpreende não somente pela assimilação quase imediata da inovação por um setor historicamente apegado ao conservadorismo. A defesa dos pontos corridos resiste até mesmo a evidências estatísticas.
Ao final do primeiro turno, a média de público foi de 9.966 pagantes por jogo, uma queda de 12% em relação à primeira fase do Brasileiro do ano passado. Dos dez principais fundamentos técnicos, nove apresentaram números piores do que os de 2002.
Nas seis primeiras rodadas do returno, a situação piorou: a média de gols, que já era fraca (2,90 por jogo), caiu 16%.
Os dois únicos clubes fora da enquete foram Fluminense, cujo presidente não respondeu aos recados deixados por três dias, e Criciúma -a diretoria não foi localizada pela reportagem.



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