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FUTEBOL
TV e vices eleitos da CBF iniciam lobby para extinguir pontos corridos
Globo e aliados de Teixeira querem mata-mata em 04
DO PAINEL FC
Ironia do destino, a maior
ameaça ao sistema de pontos corridos nasce justamente nos corredores das duas instituições que
impuseram aos clubes o fim dos
mata-matas no Brasileiro.
Tanto na Globo Esportes como
na CBF é crescente a insatisfação
com o Nacional de turno, returno,
pontos corridos e com mais de oito meses de duração.
A posição da TV, não assumida
oficialmente, é mais radical. Marcelo Campos Pinto, diretor-executivo da Globo Esportes, trabalha fortemente nos bastidores para convencer os clubes a derrubar
a fórmula no Conselho Técnico
do próximo Brasileiro.
A tese da TV, externada vez por
outra pelo narrador Galvão Bueno, é de que o torcedor brasileiro
está acostumado às finais. Apesar
de a Globo não ver nos números
do Ibope uma diminuição significativa da audiência, causam irritação na emissora as fracas campanhas -e a consequente queda
de interesse dos torcedores- de
Corinthians e Flamengo, seus
dois carros-chefes.
Com os clubes mais populares
do país fazendo apenas papel figurativo no Nacional, a Globo
tem recorrido aos badalados Santos e São Paulo para não perder
audiência. No Rio, a maior atração tem sido a luta do Fluminense
para não ser rebaixado.
Se Campos Pinto prefere não falar sobre o assunto - "Isso os
clubes têm que decidir"-, a posição da CBF é escancarada.
Ricardo Teixeira, que forçou a
implantação dos pontos corridos
para tentar mostrar que a entidade havia mudado após as duas
CPIs no Congresso, publicamente
diz que o campeonato agrada e
que a fórmula deve ser mantida.
Mas, a cada dia, cresce o movimento na confederação pela volta
imediata do mata-mata -em tese, proibida pelo Estatuto do Torcedor, promulgado em maio.
O lobby mais duro vem dos novos aliados de Teixeira, que possibilitaram ao cartola mais quatro
anos de mandato à frente do futebol nacional. A começar por seus
vices eleitos em Assembléia.
"Do jeito que está não tem como continuar. Ouço de torcedores, dirigentes, atletas e federações
que os pontos corridos são um
fracasso. A segunda divisão [que
tem três fases] é mais atraente que
a primeira. A cultura do brasileiro
é diferente", esbraveja Weber Magalhães, presidente da federação
do DF e cada vez mais poderoso
na CBF pelo trânsito no Ministério do Esporte, comandado por
seu amigo Agnelo Queiroz.
Outro aliado importante é Fernando Sarney, filho do presidente
do Senado, José Sarney.
"Precisamos mudar o modelo.
Se ficar como está, estamos perdidos", diz o vice eleito da CBF para
a região Norte e principal articulador político da entidade em Brasília. "O torneio se mostra inviável. Tem que voltar o mata-mata."
Apesar de menos incisivo, o vice
eleito da região Sul vai na mesma
linha. "Até que o Brasileiro ficaria
melhor com uma semifinalzinha,
uma finalzinha", opina Emídio
Perondi, aliado de primeira hora
de Teixeira.
Amanhã, quando o presidente
da CBF receberá em seu gabinete
um grupo de presidentes de federações para discutir o calendário
de 2004, a fórmula de pontos sofrerá mais um ataque.
Mais novo homem de confiança
de Teixeira, o paulista Marco Polo
del Nero será o porta-voz do grupo de cartolas que pedirá a volta
do modelo anterior, que vigorou,
com variações, em todas as edições do Nacional de 1971 a 2002.
"Vejo os clubes sofrendo, sei
que o Corinthians reclamou, que
os torcedores estão desmotivados. É preciso dar uma nova injeção no futebol brasileiro. Os pontos corridos não estão aprovando,
essa é a verdade", afirma o sucessor de Eduardo José Farah na
mais poderosa federação do país.
Além da mudança de fórmula, o
grupo de presidentes pedirá mais
espaço a seus Estaduais no ano
que vem. O número de 12 datas é
considerado inadequado por todos os mais poderosos aliados de
Teixeira -a quem o dirigente deve sua nova reeleição na CBF.
(FÁBIO VICTOR e FERNANDO MELLO)
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