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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Chelsky

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o sertão vai virar mar ninguém sabe, mas que o mar virou céu ninguém tem dúvida.
O Chelsea foi rebatizado informalmente de Chelsky. A brincadeira na Europa em torno do tradicional time londrino pode ficar séria. Tudo isso por causa de uma autêntica revolução russa.
O magnata Roman Abramovich assumiu o controle do clube inglês. Seu plano? Colocar a equipe imediatamente no mesmo nível do Manchester United e do Real Madrid. Só para começar.
Crespo, Verón, Makelele, Geremi, Duff, Mutu, Johnson, Bridge, Cole... São até agora 157 milhões na compra de jogadores, quase 120 milhões a mais do que o homem do petróleo na Rússia pagou recentemente para ter a maioria das ações do Chelsea.
A ambição não parou por aí. Nos últimos dias, Roman tirou o Beckham dos dirigentes ingleses do agora rival Manchester United. Peter Kenyon foi peça fundamental na ascensão dos Diabos Vermelhos no fim do século 20.
A contratação do badalado executivo mostra que mais loucuras financeiras podem vir pela frente. Kenyon tratou, por exemplo, da contratação do zagueiro Ferdinand por mais de US$ 40 milhões.
Mas quem é esse Roman? A biografia dele mostra dor (perdeu o pai com quatro anos e a mãe quando tinha só 18 meses) e dinheiro (aos 36 anos era, segundo a lista da Forbes, a 49ª pessoa mais rica do planeta). Passou pelo exército russo e concentrou seus negócios em Omsk (lembra do War?). Sua meteórica ascensão, óbvio, despertou muitas dúvidas.
A partir de 1992, Roman passou a integrar o círculo do ex-presidente Boris Yeltsin. Enquanto a Rússia sofria grave crise econômica, jorrava cada vez mais grana para o empresário e político -virou governador em sua região.
Para se divertir, comprou um time de hóquei. Quis se divertir um pouco mais e levou o Chelsea.
Seu mais novo brinquedo está na Copa dos Campeões, que começa para valer na terça-feira. E os números mostram que não entrará para brincar. O Chelsky gastou 51,6% do total investido por clubes ingleses para a temporada. O esbanjador Real Madrid ""só" ficou mesmo com Beckham por aquela pechincha ( 25 milhões agora e mais 10 milhões, talvez, nos próximos quatro anos). Enquanto o mundo todo tira o pé do acelerador, Roman pisa fundo.
Se o time anglo-russo está gastando errado não tem problema. Há muito mais para gastar, e a mídia já despertou para o novo braço do magnata (terça tem Sparta x Chelsea na ESPN Brasil).
O começo não mais que razoável no Campeonato Inglês não incomoda porque a equipe está sendo montada às pressas. Antes, as estrelas eram ""apenas" Desailly, Petit, Hasselbaink, Babayaro...
O técnico Claudio Ranieri soma quatro temporadas no Chelsea, mas de repente teve a sensação de ter trocado de clube tamanha foi a mudança recente. Alguns insucessos ou alguns caprichos de Roman podem fazer com que essa sensação se torne realidade.
Não dá para dizer ainda se Roman e o céu têm limites. Sabe-se que o céu é tão azul quanto o mar e o Chelsea. E que o céu é maior.

Campeonato Italiano de 1990
A bombástica entrevista de Corrado Ferlaino não alterou muito a imagem de Maradona, mas manchou totalmente o torneio daquele ano. Árbitro arrumado, forçada de barra no caso da moedinha, antidoping burlado... Se quiser, Berlusconi cassa o título do Napoli.

Copa de 1982
Inzaghi fez três gols pela Azzurra contra País de Gales nas eliminatórias da Euro. O último jogador que tinha feito uma ""tripleta" pela Itália em jogo não-amistoso foi um tal de Paolo Rossi contra o Brasil. Nesses 21 anos, só Bagni e Chiesa marcaram três vezes em um jogo.

Copa de 1974
Ôps. Na semana passada, nota trocou esse Mundial pelo de 1970.


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