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A "BATALHA" QUE O MUNDO NÃO VIU
Americanos souberam do ataque ao terror quando se preparavam para pegar a Jamaica
Guerra motiva os EUA em jogo decisivo
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
Faltava pouco mais de uma
hora para o início da partida decisiva quando Bruce Arena, 50,
técnico da seleção norte-americana de futebol, reuniu seus jogadores. Naquela tarde de domingo eles teriam a missão de
derrotar a seleção da Jamaica,
em Foxboro, nas proximidades
de Boston, na disputa por uma
vaga na Copa do Mundo-02.
O que Arena, nascido no Brooklin, em Nova York, tinha a dizer
não estava diretamente ligado ao
futebol, mas era forte o suficiente para mexer com os atletas. Os
EUA haviam acabado de bombardear o Afeganistão. A guerra
começara naquele domingo, 7
de outubro de 2001.
A decisão de informar os jogadores sobre o ataque fora tomada por Arena, mesmo tendo sido
ele aconselhado de que seria melhor omitir o fato até o final da
partida, marcada para as 14h
(15h de Brasília), afinal uma derrota acabaria com o sonho americano de ir à Copa, já que o time
vinha de três reveses.
"Se nosso país pode se comprometer em torno de uma causa, nos unirmos em torno de um
jogo é muito mais fácil", disse.
Deu certo. "De início foi estranho, mas coloquei as coisas em
perspectiva: é apenas um jogo.
Aí você vê que outras pessoas
nossas estão lá, arriscando suas
vidas para defender nosso país.
Isso nos ajudou a relaxar", disse
Claudio Reyna, 28, meia.
A batalha foi talvez a melhor
partida de futebol dos EUA desde 1994. Mas apenas cerca de 35
mil norte-americanos assistiram
à vitória de sua seleção por 2 a 1,
com um gol aos 37min do segundo tempo. A rede ABC de televisão havia decidido cancelar a
transmissão.
Os EUA foram ajudados por
uma combinação de resultados
impressionante, pois Trinidad e
Tobago bateu Honduras, e o
México empatou com a Costa
Rica. "A classificação aconteceu
em um momento de luto. Mas se
ela não viesse, provavelmente
seria a pá de cal no futebol nos
EUA", disse o brasileiro Almir
Santre, ex-editor da revista "Soccer Match" e comentarista esportivo em Los Angeles.
Arena resume o sentimento da
seleção: "Se eu pudesse substituir a vitória pela vida das seis
mil pessoas que morreram em 11
de setembro, eu faria isso".
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